Novo estudo ajuda a compreender o desaparecimento dos neandertais

Um grupo de cientistas debruçou-se sobre trabalhos mais antigos e, utilizando novas técnicas, conseguiram compreender melhor o desaparecimento dos neandertais. Fique a saber mais sobre este assunto, connosco!

Neandertais
Reconstituição de uma família de neandertais, presente no Museu do Homem de Neandertal, em Krapina na Croácia.

Desde 2010 que a comunidade científica aceita que os neandertais se cruzaram com os primeiros espécimes de homo sapiens, tendo desenvolvido um legado genético conjunto que ainda hoje é relevante na vida dos seres humanos. Contudo, fazer o caminho oposto, do ponto de vista genético, não era assim tão fácil, até ao desenvolvimento deste novo estudo.

Aquando das primeiras migrações de sapiens, os neandertais tinham uma população que era suficiente para absorver as dispersões de genes na sua população.

Publicado no mês passado, este novo estudo indica que os homo sapiens e os neandertais misturaram o seu ADN nos últimos 250 000 anos, já que os primeiros saíram de África e foram progressivamente ocupando áreas onde os segundos estavam instalados, nomeadamente partes da Europa e a área que hoje é conhecida como o Médio Oriente.

Cruzamento e assimilação

Os humanos modernos desenvolveram-se em África, onde se mantiveram por cerca de 200 000 anos, sendo que há perto de 50 000 anos decidiram sair deste continente para povoar outras áreas. O novo estudo permitiu identificar 3 vagas distintas de migração de sapiens e consequente cruzamento com neandertais.

O homem de Neandertal surgiu durante o Pleistoceno Médio na Europa e no Médio Oriente há cerca de 400 000 anos.

A primeira aconteceu entre os 200 000 e 250 000 anos atrás, a segunda há cerca de 100 000 anos e a última entre 50 000 e 60 000 anos atrás. Esta terceira vaga é provavelmente a mais conhecida já que foi alvo de um estudo, em 2010, que levou à atribuição de um Prémio Nobel, em 2022. Esta vaga terá sido, porventura, a mais expressiva, já que foi a que levou mais unidades de sapiens a sair de África e a povoar múltiplas geografias do planeta.

Este novo trabalho também aponta para uma percentagem significativa de ADN do homo sapiens no genoma do neandertal, há cerca de 200 000 anos (cerca de 10%). O valor foi diminuindo progressivamente, situando-se em média entre os 2% e os 4%.

Esqueleto
Reconstrução de um esqueleto de um neandertal, com algumas características de homo sapiens, encontrado na Alemanha.

O fim dos Neandertais

Aquando das primeiras migrações de sapiens, os neandertais tinham uma população que era suficiente para absorver as dispersões de genes na sua população. Há inclusive fósseis descobertos nos territórios de Israel e da Grécia que mostram um cruzamento claro entre características dos neandertais dos homens modernos.

Este novo estudo aponta para extinção desta espécie de homo há cerca de 40 000 anos, com os dados a apontarem para uma população 20% menor do que é apontado por outros estudos académicos. A diferença substancial entre o crescente número da população de sapiens e a cada vez mais diminuta população de neandertais, levou ao desaparecimento da mesma.

O ADN do neandertal foi progressivamente incorporado no genoma do homo sapiens, algo que ainda influencia a nossa vida. Contudo, a falta de diversidade genética levou a que a última geração de neandertais já apresentasse bastantes características do homo sapiens. Esta poderá não ser a única explicação, mas é a que mais faz sentido para os cientistas que desenvolveram o estudo à luz da análise que fizeram do código genético de 3 neandertais em comparação com mais de 2000 homo sapiens.