Nos próximos 5 anos é provável que a temperatura média global exceda os 1,5 °C, pelo menos num dos anos
De acordo com o último relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), é provável que pelo menos um dos próximos cinco anos seja o mais quente de que há registo, superando 2023.
O último relatório divulgado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), no passado dia 5 de junho, refere-se à atualização climática global anual para os próximos 5 anos.
Relatório da OMM – previsão do clima global para os próximos 5 anos
O último relatório da OMM, “WMO Global Annual to Decadal Climate Update (2024-2028)” fornece uma síntese das previsões climáticas globais produzidas pelos Centros Globais de Produção designados pela OMM e por outros Centros para o período de 2024-2028.
Estes relatórios anuais a decenais produzidos pela OMM e as suas permanentes atualizações têm como principal objetivo informar os decisores políticos. O último relatório foi um dos suportes para o recente discurso do Secretário Geral das Nações Unidas, que apelou a uma ação climática muito mais ambiciosa antes da cimeira do G-7 em Itália, de 13 a 15 de junho.
De acordo com o relatório da OMM, prevê-se que a temperatura média global próxima da superfície para cada ano entre 2024 e 2028 seja entre 1,1°C e 1,9°C mais elevada do que a temperatura de referência de 1850-1900.
Com uma probabilidade de 86%, também se prevê que pelo menos um destes anos estabeleça um novo recorde de temperatura, superando 2023, que é atualmente o ano mais quente, desde que há registo.
Para todo o período de 5 anos, entre 2024 e 2028, o relatório prevê, com uma probabilidade de 47%, de que a temperatura global média exceda 1,5 °C em relação à era pré-industrial. No entanto, o relatório do ano passado, para o período de 2023-2027, apontava para uma probabilidade de 32%.
Esta probabilidade de 80% de pelo menos um dos próximos cinco anos exceder 1,5°C, tem aumentado constantemente desde 2015, quando essa probabilidade era próxima de zero. Para os anos entre 2017 e 2021, havia 20% de hipóteses de exceder esse valor, enquanto que para o período de 2023-2027 a probabilidade aumentou para 66%.
De acordo com o Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas, “Copernicus”, financiado pela União Europeia e implementado pelo Centro Europeu de Previsão do Tempo a Médio Prazo (ECMWF), cada um dos últimos 12 meses, junho de 2023 a maio de 2024, estabeleceu um novo recorde de temperatura global para a época do ano.
A temperatura média global destes últimos 12 meses é também a mais elevada de que há registo, com 1,63 °C acima da média pré-industrial de 1850-1900.
Em 2023, a temperatura média global próxima da superfície foi 1,45 °C (com uma margem de incerteza de ± 0,12 °C) acima da linha de base pré-industrial, segundo a OMM.
O ano 2023 foi, de longe, o ano mais quente de que há registo, alimentado por um aquecimento climático a longo prazo que se combinou com outros fatores, nomeadamente o fenómeno natural El Niño, que está atualmente a diminuir.
Esperança no futuro
A temperatura global do ano passado foi impulsionada por um forte El Niño. Porém, prevê-se o desenvolvimento de um La Niña e o regresso a condições mais frias no Pacífico tropical a curto prazo, mas as temperaturas globais mais elevadas nos próximos cinco anos refletem a continuação do aquecimento provocado pelos gases com efeito de estufa.
Secretário-Geral Adjunto da OMM, Ko Barrett.
No âmbito do Acordo de Paris, os países concordaram em manter a temperatura da superfície média global a longo prazo bem abaixo dos 2°C acima dos níveis pré-industriais e prosseguir os esforços para a limitar a 1,5°C até ao final deste século. A comunidade científica tem avisado repetidamente que um aquecimento superior a 1,5°C corre o risco de desencadear impactos muito mais graves dos já existentes e que cada fração de grau de aquecimento é importante.
Secretário-Geral Adjunto da OMM, Ko Barrett.
O Secretário-Geral Adjunto da OMM, acredita que, mesmo que já tenhamos batido ou ultrapassado a meta dos 1,5 ºC de aquecimento, ainda poderá ser possível reverter e limitar o mesmo.