Nomes de ciclones tropicais atribuídos em 2024 retirados da lista de nomes de ciclones. Teresa Abrantes explica porquê
É a primeira vez desde 2020 que três nomes atribuídos a ciclones tropicais são retirados da temporada anterior da Bacia do Atlântico.

Todos os anos, os ciclones tropicais (o termo genérico que inclui os furacões) causam muitas vítimas, mortes e danos significativos em bens e infra-estruturas, e nos últimos 50 anos representaram 17% das catástrofes relacionadas com o tempo, o clima e a água.
Decisões do Comité de Furacões da OMM
O Comité de Furacões da Organização Meteorológica Mundial (OMM), além de outras atribuições, é responsável pelas listas de nomes de ciclones tropicais a utilizar para cada ano, e por decidir quais os nomes da época anterior a eliminar devido à sua ação devastadora.
Este ano, na reunião anual do comité, o grupo decidiu que os nomes da temporada de furacões de 2024 que deixarão de ser utilizados para futuras tempestades tropicais e furacões são: Beryl, Helen, Milton e John.
Os ciclones tropicais Beryl, Helene e Milton ocorreram em 2024 na bacia do Atlântico e o ciclone tropical John ocorreu na bacia do Pacífico Oriental.
As listas de nomes, ajudam na comunicação de avisos de tempestades e a alertar as pessoas para riscos potencialmente fatais. Os nomes são repetidos de seis em seis anos, a menos que uma tempestade seja tão mortífera que o seu nome seja retirado.

Beryl, Helene e Milton serão substituídos na época de furacões do Atlântico de 2030 por Brianna, Holly e Miguel. John será substituído por Jake na temporada de furacões do Pacífico Oriental de 2030.
Desde 1978, o Comité de Furacões da OMM tem servido como uma plataforma vital para a colaboração e parceria operacional.
Temporada dos ciclones tropicais de 2024
A temporada de furacões do Atlântico de 2024 foi a nona temporada consecutiva com atividade acima da média, enquanto a temporada do Pacífico Oriental foi abaixo da média.
A bacia do Atlântico registou 18 tempestades designadas em 2024. Onze delas eram furacões (ventos de 119 km/h ou superiores) e cinco intensificaram-se para grandes furacões de categoria 3, 4 ou 5 na escala Saffir Simpson, com ventos de 178 km/h ou superiores, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA).
A 2 de julho, o furacão Beryl tornou-se o mais precoce furacão de categoria 5 registado na bacia atlântica e afetou significativamente várias ilhas das Caraíbas à medida que avançava para oeste como um grande furacão. A tempestade também afetou a Jamaica, a Península de Yucatán, no México, e atingiu finalmente a costa do Golfo do Texas, a 8 de julho, mas já como furacão de categoria 1.
O Helene tornou-se o furacão continental mais mortífero dos EUA desde o Katrina em 2005, matando mais de 200 pessoas depois de atingir a região de Big Bend, na Florida, a 26 de setembro, como o furacão mais forte de que há registo. A NOAA estima que o Helene tenha causado cerca de 79 mil milhões de dólares de prejuízos nos EUA.

O furacão Milton atingiu o oeste da Flórida como uma tempestade de categoria 3 a 9 de outubro, afetando muitas das mesmas áreas atingidas pelo Helene duas semanas antes. Milton causou várias mortes relacionadas com a tempestade e prejuízos estimados em 34,3 mil milhões de dólares nos EUA.
John é apenas o 22º nome de furacão do Pacífico Oriental a ser retirado desde 1965. Isto deve-se, em grande parte, ao facto de mais tempestades e furacões do Pacífico Oriental se deslocarem para oeste, para o oceano aberto, e acabarem por não atingir terra firme e regiões habitáveis como furacões intensos.
Os alertas precoces da comunidade da OMM e a melhoria da gestão do risco de catástrofes reduziram drasticamente as mortes, mas as perdas económicas estão a aumentar. É por esta razão que os ciclones tropicais são uma das principais prioridades da iniciativa internacional “Early Warnings For All”.