"No Mow May" no Reino Unido: saiba porque não cortar a relva este mês
O projeto "No Mow May", no Reino Unido, pretende incentivar os jardineiros a deixar os jardins crescer neste mês de maio. Desta forma, o desenvolvimento das plantas selvagens poderá fornecer néctar aos insetos. Saiba tudo aqui!
Este ano os jardineiros estão a ser incentivados, de novo pela Plantlife, a manter o corta-relvas guardado durante este mês de maio, para permitir que as plantas prosperem e forneçam néctar para os insetos. Milhares de pessoas participaram na investigação anual de ciência cidadã Every Flower Counts da Plantlife, o maior estudo já realizado no Reino Unido.
As pessoas que optaram por não cortar os seus jardins foram recompensadas com plantas raras. Mais de 250 espécies de plantas silvestres foram registadas por jardineiros no ano passado, tais como morango silvestre, alho silvestre, bem como plantas muito raras, incluindo a samambaia, saxifraga, Fritillaria meleagris (cabeça de cobra) e Euphrasia.
Muitas orquídeas também foram vistas, incluindo a orquídea-homem-nu, a orquídea de asas verdes, a orquídea de pântano do sul e do norte e a orquídea erva-abelha.
Ian Dunn, chefe executivo da Plantlife, afirma que "estes resultados demonstram que o apelo feito ao No Mow May lançou sementes e criou raízes profundas. Os resultados sublinham como abraçar um pouco mais de vida selvagem nos nossos jardins pode ser um benefício para as plantas, borboletas e abelhas".
Plantas consideradas ervas daninhas devem ser bem-vindas nos relvados no verão, acrescentou a instituição, especialmente aquelas como dentes-de-leão, que fornecem néctar importante para os polinizadores.
Deixar crescer
Segundo a Plantlife, apenas oito flores de dente-de-leão podem produzir açúcar de néctar suficiente para atender às necessidades básicas de energia de uma abelha adulta.
De acordo com o estudo que se debruçou sobre esta planta , uma área de 100 metros quadrados de relva não aparada, produziria pólen suficiente para dar vida a seis crias de abelhas mineiras e açúcar de néctar suficiente para atender às necessidades de seis abelhões por dia.
Depois de maio, as pessoas com jardins e relvados devem cortar menos durante o verão e, de preferência, deixar pelo menos parte do jardim intocado.
Numa entrevista à BBC, um jardineiro que tem desfrutado de uma abordagem mais relaxada, Tom Jennings, 45 anos, de Buckinghamshire, diz que é uma oportunidade de se reconectar com o mundo natural. Segundo Tom, há uma obsessão por jardins bem cuidados e além dos tipos de corte obsessivos, existe também o uso de produtos químicos que não são compatíveis com a natureza.
Depois de deixar o seu quintal crescer, Tom testemunhou uma explosão de dentes-de-leão, importante para polinizadores como as abelhas. Tom diz que ficou surpreendido com a rapidez com que os insetos regressaram ao seu quintal, um sinal encorajador, tendo em conta o declínio global das populações de insetos.
Sarah Shuttleworth, 39, uma botânica que trabalha para a Plantlife, também reparou que o canto dos grilos ficou muito mais percetível após ter permitido que o seu relvado em Somerset crescesse selvagem.
Oli Wilson, modelador no National Plant Monitoring Scheme, aponta "maio como um mês crucial para as plantas com flor que precisam de uma base sólida".
Segundo Wilson, "a orientação da vida vegetal ao longo do ano recomenda uma abordagem em camadas para o corte do jardim, onde a relva mais curta é complementada por áreas de relva mais longa. Esta abordagem de dois tons aumenta a diversidade floral e a produção de néctar e pólen ao longo do ano".