No final de agosto 97% do Continente estava em seca meteorológica, dos quais 46% em seca severa e extrema

O mês de agosto de 2023, em Portugal continental, classificou-se, do ponto de vista climatológico, como um mês extremamente quente em relação à temperatura do ar e seco em relação à precipitação.

Seca; Portugal Continental
Agosto de 2023 foi um mês extremamente quente e seco.

Em Portugal continental o estado do tempo foi condicionado predominantemente pelo anticiclone dos Açores, que estendeu-se em crista à Península Ibérica ou ao Golfo da Biscaia. No entanto, ainda tivemos a passagem de algumas perturbações frontais, em geral de fraca atividade ou em fase de dissipação, que deram origem à ocorrência de alguma precipitação.

Temperatura

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, IPMA, em Portugal continental, no mês de agosto, o valor médio da temperatura média do ar, 24.27 °C, foi 2.12 °C superior em relação ao valor normal 1971-2000 e foi o 5º mais alto desde 1931. Valores superiores ocorreram em 2003, 2018, 1949 e 2010. De referir que nos últimos 9 anos o mês de agosto registou sempre valores acima do valor médio.

O valor médio da temperatura máxima do ar, 31.74 °C, 5º valor mais alto desde 1931, teve uma anomalia de +2.94 °C em relação ao valor médio 1971-2000. O valor médio da temperatura mínima do ar, 16.80 °C, 9º valor mais alto desde 1931, foi 1.31°C acima do valor médio.

Anomalias da temperatura
Anomalias da temperatura média do ar no mês de agosto, em Portugal continental, em relação aos valores médios no período 1971-2000. Fonte: IPMA

O maior valor da temperatura máxima do ar foi 46.4 °C, registou-se em Santarém no dia 7 e o menor valor da temperatura mínima, 5.8 °C em Penhas Douradas no dia 27.

De referir que no dia 22, foram ultrapassados os máximos de agosto da temperatura máxima do ar em 20 estações, tendo sido ultrapassados os máximos históricos em 7 estações.

Durante o mês ocorreram 2 ondas de calor. A 1ª onda verificou-se no período de 5 a 11 de agosto em apenas alguns locais do interior e vale do Tejo e teve uma duração de 7 dias. A 2ª onda de calor ocorreu entre 18 a 25 de agosto com uma duração máxima de 7 dias, mas com maior extensão espacial abrangendo as regiões do vale do Tejo, interior Centro e região Sul.

Precipitação

Ainda de acordo com o IPMA, no mês de agosto o total de precipitação mensal foi 3.7 mm, 10,0 mm inferior ao valor médio e corresponde a 27% do valor normal.

Anomalias da precipitação
Anomalias da quantidade de precipitação, no mês de agosto, em Portugal continental, em relação aos valores médios no período 1971-2000. Fonte: IPMA

Durante o mês não ocorreu precipitação significativa em grande parte do território, exceto na região do Minho, especialmente nos dias 18 e 19. O maior valor da quantidade de precipitação em 24h foi 74.3 mm, em Ponte de Lima no dia 19.

Monitorização da Seca – Índice PDSI

Verificou-se uma diminuição dos valores de percentagem de água no solo em todo o território, sendo mais significativa nas regiões do vale do Tejo, Alentejo e Algarve.

De acordo com o Índice Meteorológico de Seca, PDSI, índice meteorológico de seca calculado pelo IPMA para a monitorização da situação de seca, no final de agosto verificou-se um aumento da intensidade da seca meteorológica em quase todo o território do continente, com um aumento da área em seca extrema nos distritos de Setúbal, Évora, Beja e Faro.

Em termos de distribuição percentual por classes do índice PDSI no território Continental no final de agosto verificava-se: 3% na classe normal, 11.9% em seca fraca, 38.8% em seca moderada, 19.2% em seca severa e 27.1% em seca extrema.

A 31 de agosto, 97% do território estava em seca meteorológica, dos quais 46% nas classes de seca severa e extrema.