Nesta vila medieval, as roupas são proibidas
Aninhada nas montanhas catalãs, esta pequena comunidade naturista foi criada, numa vila abandonada, por um casal empreendedor. Apesar das regras rígidas, atrai pessoas do mundo todo.
Resorts de luxo em destinos à beira-mar, casas rurais em aldeias mais recatadas. Quando se trata de escolher o local de férias, há opções para todos — e algumas são algo curiosas.
Sabia que há uma vila medieval em Espanha onde é proibido usar roupa? Sim, é isso mesmo. El Fonoll, na província de Tarragona, na região nordeste da Catalunha, é totalmente dedicada ao naturismo.
“Seja em família, em casal ou sozinho, usar roupas é proibido aqui”, escreve o jornal ‘El País’.
Localizado no meio de montanhas, numa área rural, e cercado por uma natureza exuberante, o lugar oferece um refúgio tranquilo para quem quer reconectar-se com a terra e com o próprio corpo, de forma livre e descomplicada.
Um local para todos
Aqui há 120 camas turísticas, divididas entre hotéis e casas rurais. Além disso, existe um parque de campismo para autocaravanas, que pode ser utilizado para estadias mais longas.
Em El Fonoll vai encontrar também restaurantes e muitas atividades disponíveis, como caminhadas, cinema, e ioga. Tudo organizado por voluntários. Mas não pense que tudo é regido pelas normas “paz e amor”.
Aliás, há regras bem rígidas. Tirar fotos, por exemplo, é algo proibido (exceto se tiver consentimento da gerência e das pessoas envolvidas). A nudez completa é necessária (se o tempo permitir) e devem ser respeitadas todas as ideologias. A lista de regras continua, em cartazes espalhados por toda a parte.
A origem deste destino, no mínimo, inusitado
Depois de ter sido deixado ao abandono, este local tornou-se novamente habitável em 1998. “Os empreendedores Emili Vives e Núria Espinal, um casal, construíram a vila naturista a partir das ruínas da vila abandonada — o último morador foi embora na década de 1950”, explica o ‘El País’.
“O que me traz mais satisfação é que, quando comprei isto, não havia um único ladrilho em pé. Não havia para onde ir. Estava completamente arrasado e abandonado”, explica Vives ao jornal espanhol.
Numa entrevista, o empresário deu detalhes sobre o processo de restauração e o estilo de vida desta comunidade pacífica. “Levámos oito anos para terminar todo o exterior. Ficou muito bonito.” Ainda assim, Emili confessa: “Não queremos mais turistas. Estamos bem da forma que estamos agora.” É que nem tudo é fácil para o casal.
Apesar de as fundações da comunidade terem sido construídas com poucas dificuldades, Vives revela ter problemas judiciais há mais de uma década.
Além das mais de 30 regras a seguir, o único requisito importante neste canto do mundo é ser naturista. “O naturismo é uma filosofia que procura viver em harmonia com a natureza. É como uma árvore com muitos galhos. Poderia ser definido como um budismo do ambientalismo. É um modo de ser. Não se trata de ficar sem roupa, o que também faz parte deste tipo de turismo.”
É isso mesmo: o naturismo aqui não é só sobre ficar sem roupa. Trata-se de liberdade, aceitação e de um estilo de vida simples.
E para quem pensa que este é um destino só para hippies, está bastante enganado. El Fonoll atrai um público diverso — de famílias aventureiras a viajantes a solo —, todos unidos pelo desejo de sentir a brisa fresca da região em todas as partes do corpo. Ou melhor, pela ambição de se desconectar do stress da vida moderna.
Holandeses, belgas, franceses, ingleses e alemães. As pessoas chegam de todo o mundo. “É muito interessante. Muitas pessoas vêm da Islândia, embora nunca anunciemos. Temos apenas um site.”
Para garantir o acesso à aldeia, é necessário adquirir o voucher de acesso de 7,50€, ao qual é necessário acrescentar o preço do alojamento. Para os visitantes mais frequentes, a região oferece uma tarifa anual de 51€.