NASA revela o som do primeiro sismo registado em Marte
A agência espacial norte-americana deu a conhecer o som de um sismo marciano, detetado pela Insight, a sonda que tinha como principal missão obter dados sobre o interior do planeta vermelho.
A NASA divulgou na passada quarta-feira aquilo que acredita ser a primeira gravação de um sismo em Marte. A sonda da agência espacial norte-americana InSight mediu e registou um evento sísmico ao qual os cientistas chamaram de “marsquake”, a junção das palavras Marte (Mars, em inglês) e earthquake (terramoto, em português).
O sinal sísmico detectado pelo instrumento SEIS (Sísmico de Experimentação para Estruturas Interiores) foi gravado e registado a 6 de Abril, o 128º dia da sonda no planeta. De acordo com a NASA, este é o primeiro sismo captado que parece ter vindo do interior do planeta, em oposição aos eventos sísmicos que são causados por forças como vento. Os cientistas ainda estão a analisar os dados recolhidos para perceber a origem e causa exata do sinal detetado.
Este novo acontecimento sísmico foi demasiado débil e pequeno para providenciar dados suficientes sobre o interior marciano, o que se tratava de um dos principais objetivos da viagem da sonda InSight para Marte. A superfície marciana é extremamente silenciosa, o que permitiu ao SEIS, concebido especialmente para esta missão, captar os sinais mais débeis. Em contraste, a superfície terrestre treme constantemente devido ao ruído sísmico provocado pelos oceanos e pelo clima. Como referiu o comunicado de imprensa da NASA, um “evento deste tamanho no sul da Califórnia não seria notado entre dezenas de crepitações minúsculas que acontecem todos os dias”.
Além disso, o “evento Martian Sol 128 é emocionante porque o seu tamanho e duração encaixam-se no perfil de terramotos detetados na superfície lunar durante as missões Apollo”, afirmou Lori Glaze, diretora da Divisão de Ciências Planetárias da NASA.
Um novo campo científico: sismologia marciana
Todavia, eventos desta natureza funcionam de uma forma relativamente distinta no planeta vermelho. No nosso planeta, os terramotos ocorrem ao longo de falhas, como resultado do desprendimento e deslocação de placas tectónicas. Ao invés, Marte carece em grande medida de placas, mas continua a sofrer de terramotos. Os ciclos de arrefecimento e contração criam tensões internas que são suficientemente fortes para romper a crosta, gerando estes terramotos. Ao detetar e estudar estes tremores, os cientistas esperam aprender mais sobre o interior de Marte e sobre como se formam os planetas rochosos.
“Temos vindo a captar ruído de fundo até agora”, disse o investigador principal da InSight, Bruce Banerdt. “Mas este primeiro evento dá início oficialmente a um novo campo: sismologia marciana!”
O instrumento SEIS também detetou sinais anómalos a 14 de março, a 10 de abril e a 11 de abril, mas foram muito mais fracos. Detetar estes pequenos sons exigiu grandes esforços em termos de engenharia por parte da agência espacial norte-americana, uma vez que os sismómetros usados para medir a atividade sísmica no nosso planeta costumam ser selados em cofres subterrâneos, processo que os isola das mudanças de temperatura e do clima.
Por sua vez, a InSight possui várias barreiras de isolamento que a protegem das mudanças extremas de temperatura e dos ventos fortes do planeta. A NASA já revelou que está a planear enviar mais astronautas até à Lua até 2024, missão que poderá estabelecer as bases para a eventual exploração humana de Marte.