Não se distraia: neste país, os resorts têm os seus próprios horários
Não se deixe enganar. Aqui, terá de equilibrar dois horários na mesma realidade, para que não perca nenhum voo ou transfer.
Nove horas e 30 minutos à frente de Nova Iorque. Cinco horas e 30 minutos à frente de Lisboa. Três horas e 30 minutos atrás de Tóquio.
Há mais de um século que quem visita a Índia fica chocado ao perceber que os relógios estão oficialmente atrasados uma hora no cálculo de qualquer diferença horária face à maioria dos países.
Sim, sabemos que esta não é uma situação estranha. Nos países de grande extensão territorial é bem comum. Afinal, acabam por abranger várias longitudes, o que resulta em diferenças significativas no horário solar. Porém, não é o que acontece neste destino específico.
Aliás, este fenómeno acontece aqui mais por capricho, do que por outra coisa. Curioso?
É verdade. Muitos resorts adiantam os relógios pelo menos uma hora em relação ao fuso horário oficial do país (que é de mais quatro horas do que em Portugal). É a chamada “hora da ilha”.
“Este ajustamento deliberado da hora é mais do que uma mera peculiaridade da viagem; é um melhoramento ponderado da experiência do hóspede, satisfazendo as diversas necessidades dos nossos visitantes internacionais”, explicou Mohit Dembla, diretor-geral do JW Marriott Maldives Resort & Spa à ‘CNN Travel’.
Depois de justificado, até conseguimos entender o motivo. Afinal, embora esta mudança possa não parecer grande coisa para quem vive em locais onde os dias são longos, faz uma grande diferença quando se está de férias num destino onde há poucas horas de luz para fazer tudo aquilo que se quer.
“Uma vez que a maioria das estâncias nas Maldivas se situa em ilhas privadas, funcionam frequentemente de acordo com as suas próprias regras, nomeadamente a ‘hora da ilha’, para que os viajantes possam tirar partido de uma hora extra de luz todos os dias para se divertirem ao máximo na estância", acrescenta Zhilah Vego, diretora de vendas e marketing do St. Regis Maldives Vommuli Resort, à mesma rede de notícias.
Este ajuste significa que o sol nasce às 7 horas nos resorts, em vez das 6h, e que se coloca às 19h15, momento perfeito, diríamos, para aproveitar um jantar com o melhor pôr do sol.
Visto desta forma, até faz sentido. É caso para dizer que, primeiro estranha-se, depois entranha-se. Pelo menos, assim terá de fazer. Caso contrário, pode correr o risco de perder algum voo.
Funcionários do St. Regis dizem à 'CNN' que compreendem que os hóspedes possam ficar confusos com a conversão. "Para remediar esta situação, os colaboradores informam os hóspedes sobre a hora da ilha antes da sua estadia e ajudam a coordenar os transferes, especialmente do aeroporto para a estância.”
Nem todas as estâncias insulares seguem a hora da ilha
Por entenderem que o conceito de “hora da ilha” pode confundir os hóspedes, há várias estâncias que não alteram o seu horário.
“Muitos dos membros da nossa equipa deslocam-se de e para Malé [capital das Maldivas], pelo que gostamos de respeitar o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. A nossa experiência diz-nos, também, que os hóspedes acham mais conveniente e menos confuso estar num só fuso horário”, disse Ali Farooq, diretor da estância no Kurumba, à ‘CNN’.
Uma nação especial
As Maldivas são um pequeno país insular localizado no Oceano Índico, ao sudoeste do Sri Lanka e da Índia. Com uma área total de aproximadamente 298 quilómetros quadrados, é um dos menores países do mundo em termos de área terrestre.
Ainda assim, é composto por mais de 1000 ilhas de coral, agrupadas em 26 atóis, dos quais cerca de 200 são habitadas e 100 são desenvolvidas como resorts turísticos.
O país é conhecido pelas praias, pelas lagoas azuis e pelos extensos recifes. A capital, Malé, tem um movimentado mercado de peixes, restaurantes e lojas na rua principal, Majeedhee Magu, além da Hukuru Miskiy (também conhecida como Mesquita da Sexta-Feira), do século XVII, feita de coral branco esculpido.