Não é ficção: arqueólogos encontram túmulo secreto em cenário de ‘Indiana Jones’

No interior da câmara, estava um cálice com 2.000 anos semelhante ao “Santo Graal”, do icónico filme, e 12 esqueletos. “É uma descoberta extremamente rara”, dizem exploradores sobre a revelação de Petra, na Jordânia.

Petra, Jordânia
Uma descoberta impressionante. Foto: sander traa/Unsplash

Quantas vezes se imaginou a explorar as ruínas de Petra, na Jordânia? Apostamos que, ao ver o filme “Indiana Jones e a Grande Cruzada” (1989) essa ideia passou-lhe pela cabeça uma série de vezes. O mesmo terá acontecido com “Mortal Kombat: Annihilation" (1997), ou com "Transformers: A Vingança dos Derrotados" (2009).

A verdade é que Petra, com todas as ruínas esculpidas nas montanhas, valor histórico e até muito misticismo, é um local popular para filmagens — e não só. Aliás, este é um dos destinos turísticos do mundo — e conseguimos perceber o motivo. Desde alguns dias para cá, contudo, tornou-se ainda mais fascinante pensar numa viagem até lá. Porquê?

Recentemente, arqueólogos fizeram uma importante descoberta neste que é um dos sítios arqueológicos mais impressionantes do mundo.

"Uma descoberta extremamente rara"

Sob o famoso monumento Al-Khazneh, conhecido como "O Tesouro", foi encontrado um túmulo secreto com, pelo menos, 12 esqueletos humanos e artefactos que se acredita terem mais de dois mil anos.

Esta descoberta oferece novas pistas sobre os antigos nabateus, que construíram Petra, e reforça a importância histórica e cultural deste local.

Não, não pense que foi o famoso Indiana Jones a descobrir esta relíquia. Apesar de um dos artefactos até ter semelhanças com um cálice que apareceu no filme, o Santo Graal, a façanha é bem real — e ultrapassa qualquer cenário ficcional.

“Uma equipa de arqueólogos liderada por Pearce Paul Creasman, diretor-executivo do Centro de Investigação Americano, desenterrou o antigo túmulo durante uma expedição para descobrir mais sobre o emblemático monumento, considerado uma das sete maravilhas do mundo e classificado Património da Humanidade pela UNESCO”, escreve a revista ‘NiT’.

“A escavação teve início em agosto de 2023. A equipa recorreu a um radar que usa impulsos eletromagnéticos para detetar objetos abaixo do solo. O instrumento revelou a existência de duas novas câmaras subterrâneas no local”, explica o jornal ‘Observador’.

Estas câmaras continham objetos de bronze, ferro e cerâmica, além do já referido cálice que chamou a atenção pela semelhança com o "Santo Graal", o lendário cálice usado por Jesus Cristo na Última Ceia antes da sua morte.

Tudo se mantinha em bom estado de conservação, exceto as ossadas de 12 pessoas, cujos ossos, apesar de inteiros, encontravam-se mais “delicados do que o esperado”, possivelmente devido à humidade e inundações sazonais em Petra. Alguns dos esqueletos, inclusive, foram encontrados com bolor.

O próximo passo, nota o ‘El Confidencial’, é datar com precisão todos os ossos e objetos encontrados e utilizar o ADN que conseguirem extrair para determinar se os esqueletos se relacionam entre si.

É que, apesar dos vários estudos, as práticas funerárias dos nabateus continuam também envoltas em mistério. Segundo Creasman, a sociedade nabateia é frequentemente descrita na literatura como sendo mais igualitária. Isto significa que havia maior proximidade do rei às classes mais baixas do que os líderes de outras civilizações antigas.

Até agora, dos túmulos encontrados, não parece existir uma grande diferença entre os enterros, pelo que é difícil perceber se os mesmos foram concebidos para a realeza ou não. O detalhe, neste caso, que parece distinguir é o local onde estão enterrados.

“Deviam ser pessoas extremamente importantes, porque estão enterrados num lugar de destaque. É a entrada principal da cidade”, explica Josh Gates, apresentador do “Rumo ao Desconhecido” do Discovery Channel. Este acredita mesmo que descobrir a sua identidade irá desvendar parte da história d’“O Tesouro”.

As análises aos corpos também podem ajudar a avaliar as dietas e outras características importantes.

Richard Bates, professor na Universidade de St. Andrews, acredita que a descoberta é a mais significativa feita em Petra. Em declarações ao ‘The Times’, o especialista diz que a forma como a passagem para o local do enterro está bloqueada sugere que alguém tinha estado na câmara desde que esta tinha sido escavada pelos nabateus. “Alguém esteve lá, mas não perturbou nada. Isso é bastante curioso em si mesmo.”

Uma missão de longa duração

A expedição por este mundo subterrâneo não é recente. Aliás, surgiu após anos de especulação de que os dois túmulos encontrados do lado esquerdo do monumento, em 2003, não eram as únicas câmaras subterrâneas secretas. “A teoria ainda não tinha sido confirmada — até agora.”

“Com uma técnica remota que utiliza impulsos de radar para detetar objetos escondidos no subsolo, a equipa começou a investigar, no início deste ano, se as características físicas do solo situado à esquerda, onde foram encontrados os túmulos originais, correspondiam às da direita. A investigação revelou que, de facto, existiam fortes semelhanças entre os dois lados. Era tudo o que precisavam de saber para receber permissão do governo para escavar sob o maior edifício da cidade, construído no século I a.C.”, lê-se na ‘NiT.

“Acho que temos aqui alguma coisa.” Uma frase foi suficiente para despertar o interesse de Josh Gates, apresentador do “Rumo ao Desconhecido”, do Discovery Channel. Sim, porque foi nesta altura que a equipa de arqueólogos decidiu contactar o explorador — e não precisaram de mais para fazê-lo apanhar um avião.

Petra, Jordânia
Ainda há muito para descobrir. Foto: Moxing Wang/Unsplash

Em agosto, chegaram ao túmulo secreto, mas, em vez de encontrá-lo vazio, como acontece na maioria das descobertas em Petra, a câmara estava repleta de esqueletos completos. "Uma visão rara da vida dos nabateus, antigos nómadas árabes que construíram, há mais de dois mil anos, a cidade de que hoje só conhecemos ruínas."

“Esta é uma descoberta extremamente rara. Nos dois séculos em que Petra tem sido investigada por arqueólogos, não foi encontrada nada semelhante antes. Mesmo em frente a um dos edifícios mais famosos do mundo ainda há grandes descobertas a fazer”, confirma Gates, citado pela ‘CNN’.

Esta será a maior coleção de restos mortais encontrados num só lugar. Segundo o próprio arqueólogo, esta revelação “aproxima-nos ainda mais do que nunca de respostas” sobre quando e o porquê do Al Khazneh ter sido construído.

Está ainda com mais vontade de explorar este destino? O preço do bilhete para visitar Petra durante o dia ronda os 66€. Os ingressos podem ser comprados online.