Mürren: a vila sem carros nos Alpes que se liga agora ao mundo com o teleférico mais íngreme do planeta
Escondida nos Alpes suíços, a vila medieval de Mürren preservou durante séculos a sua ligação exclusiva com a natureza. Agora, uma nova ligação por teleférico (a mais íngreme do mundo) transforma a forma como se chega à pequena localidade alpina.
No ano de 2024, em dezembro, a pequena vila alpina de Mürren, na região de Bernese Oberland, viu inaugurar-se um feito de engenharia que a projeta para o mundo sem perder a sua essência: o Schilthornbahn, o teleférico mais íngreme do planeta. Em apenas quatro minutos, os visitantes são transportados a 775 metros de altitude, atravessando uma paisagem de cortar a respiração, com montanhas escarpadas e pinheiros cobertos de neve, até chegarem a esta pitoresca vila medieval sem carros, suspensa a 1.638 metros sobre o vale de Lauterbrunnen.
O novo teleférico que transforma a acessibilidade sem alterar o charme isolado de Mürren
Com apenas 430 habitantes, Mürren foi durante séculos um local isolado. Os primeiros acessos chegaram com a construção de um caminho de ferro de via estreita em 1891, ligando a vila a Grütschalp e, por extensão, à vila de Lauterbrunnen. Em 1965, foi inaugurado um teleférico rudimentar entre Mürren e Gimmelwald, igualmente sem acesso rodoviário. No entanto, foi apenas com o novo Schilthornbahn que a ligação com o exterior se tornou verdadeiramente célere e direta.
A viagem começa em Stechelberg, onde um moderno teleférico com paredes de vidro sobe suavemente a escarpa rochosa de Mürrenfluh, com uma inclinação de 159,4% — superando o recorde anterior do Loen Skylift, na Noruega. Durante a ascensão, os visitantes podem observar a vila de conto de fadas que se vai revelando em miniatura sob os seus pés.
Mürren é uma povoação de origem medieval que conserva casas tradicionais em pedra e madeira, distribuídas por pequenas ruas onde não circulam automóveis. O isolamento geográfico preservou a autenticidade do lugar, que continua inacessível por estrada.
A ausência de tráfego e a forte ligação comunitária fazem de Mürren um refúgio raro nos Alpes.
Aventuras na neve, trilhos floridos e a simplicidade da vida alpina
No inverno, Mürren é um paraíso para os amantes da neve. Foi aqui que, em 1922, Arnold Lunn criou a primeira prova de slalom do mundo, inaugurando uma tradição que perdura até hoje. Em 1931, a vila acolheu os primeiros Campeonatos do Mundo de Ski Alpino. Atualmente, os desportistas podem explorar 54 km de pistas de neve, com ligações entre teleféricos e funiculares. A descida do Schilthorn até Lauterbrunnen soma 16 km de pura adrenalina. A vila acolhe ainda anualmente a Inferno Race, a maior competição amadora de ski do mundo.
Mas a vida em Mürren não se esgota no inverno. De junho a setembro, os trilhos floridos e os céus límpidos fazem da região um destino procurado para caminhadas e parapente. As vistas panorâmicas incluem lagos de cor turquesa e mais de 70 cascatas. Aliás, para os visitantes fora da época alta, Bühler recomenda calçar as botas e sair para explorar os trilhos.
Antes de partir, visitem uma das áreas onde é possível vivenciar experiências mais emblemáticas da vila: o aluguer de um trenó em Intersport e a subida ao Allmendhubel, ponto de partida de uma das mais célebres descidas de trenó, com 3 km de percurso pela paisagem nevada do vale de Blumental. Entre pinheiros e casas de férias ao estilo de chalé, Mürren é, de facto, um lugar único no mundo — agora um pouco mais próximo, mas ainda intocado.