Mulheres na agricultura. Programa TalentA oferece 5000 euros ao melhor projeto feminino

Em Portugal, apenas 33% das mulheres lideram projetos agrícolas. O programa TalentA, organizado pela Corteva Agriscience e pela CAP, dá apoio financeiro, formação, aconselhamento e visibilidade às mulheres que trabalham a terra. A vencedora recebe 5000 euros para a implementação do seu projeto.

Mulheres na agricultura
Do total da população residente em Portugal continental, mais de metade são mulheres (52,4%) e, destas, 39% residem em freguesias rurais. Contudo, os dados do Ministério da Agricultura e Pescas revelados na última semana, a propósito do Dia Internacional das Mulheres Rurais (15 de outubro), mostram que apenas 33% das mulheres lideram projetos agrícolas e pecuários.

A atividade agrícola é uma das mais difundidas no mundo e desempenha um papel crucial na produção de alimentos, na proteção do ambiente, na preservação da paisagem, no emprego rural e na segurança alimentar. Contudo, Portugal tem vindo a perder capital humano na atividade agrícola.

Nos últimos 30 anos, entre 1989 e 2019, a população agrícola familiar caiu 66%.
Em pior situação estão, ainda assim, as mulheres. Do total da população residente em Portugal continental, mais de metade são mulheres (52,4%) e, destas, 39% residem em freguesias rurais.

Os dados do Ministério da Agricultura e Pescas revelados na última semana, a propósito do Dia Internacional das Mulheres Rurais (15 de outubro), mostram que apenas 33% das mulheres lideram projetos agrícolas e pecuários. E, como agravante, ainda são vítimas de uma assimetria salarial de -7,8% face aos homens que se dedicam à mesma atividade.

O estudo “Mulheres na agricultura: 1989 a 2019”, da autoria de Isabel Escada Mendes e publicado na revista “Cultivar” (nº 28, de 28/06/2023), propriedade do GPP – Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral do Ministério da Agricultura, traça uma visão desta situação.

“Em tempos recentes, tem vindo a ser notório o crescente reconhecimento do papel das mulheres nos mais variados setores de atividade”, refere o estudo, afirmando que, “nos territórios rurais, elas têm desempenhado desde sempre um papel fundamental, embora nem sempre evidenciado”.

Mulheres na agricultura
Isabel Escada Mendes revela que, “entre 1989 e 2019, houve um acréscimo significativo de mulheres com formação superior, passando de cerca de 1% para 13%”. Isto, embora, “destas, apenas 1% possuía instrução superior na área agrícola”. Em todo o caso, “em 1989, 45% da população com formação superior eram mulheres e, em 2019, esse rácio passou a ser 55%”, diz a responsável do GPP.

“As mulheres do mundo rural foram, ao longo dos anos, deixando de ser apenas filhas ou esposas dos proprietários de terra para passarem a ter um papel mais independente, tornando-se elas próprias produtoras, técnicas especialistas em agronomia e dirigentes agropecuárias”, lê-se nesta investigação publicada a meados de 2023.

Mulheres procuram qualificação na vertente agronómica

Isabel Escada Mendes, que é chefe de divisão de Metodologia e Análise de Informação do GPP, refere que é “igualmente notório que cada vez mais as mulheres procuram aperfeiçoamento e qualificação na vertente agronómica, procurando adquirir maior conhecimento, por forma a promover e garantir mais modernidade e rentabilidade às propriedades agrícolas”.

E os números comprovam-no. Isabel Escada Mendes revela que, “entre 1989 e 2019, houve um acréscimo significativo de mulheres com formação superior, passando de cerca de 1% para 13%”. Isto, embora, “destas, apenas 1% possuía instrução superior na área agrícola”. Em todo o caso, “em 1989, 45% da população com formação superior eram mulheres e, em 2019, esse rácio passou a ser 55%”, diz a responsável do GPP.

E foi, justamente, para premiar o mérito feminino no empreendedorismo agrícola e ajudar à sua formação, aconselhamento e visibilidade pública que nasceu, em 2020, o programa TalentA.

O TalentA é uma iniciativa da Corteva Agriscience - empresa agrícola em tecnologia de sementes, proteção das culturas e agricultura digital -, e da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) - que agrupa cerca de 250 organizações de todo o país - para encontrar novos projetos e “conseguir uma maior incorporação das mulheres no setor agrícola”. O projeto vencedor receberá um prémio de 5000 euros, para implementar ou robustecer o seu projeto.

Uma rampa de lançamento para as mulheres

“A participação no TalentA é uma rampa de lançamento para as mulheres" que, como Ana Teresa Matos, vencedora da edição de 2023, "apostam no empreendedorismo nas zonas rurais”, refere a organização, em comunicado, destacando o exemplo do projeto desta agricultora.

A Reserva do Vale Velho, que venceu a edição de 2023 do TalentA, tinha na sua génese a “reflorestação de espécies nativas, pela prática de agricultura sustentável, pela preservação da cultural local, e por ter conseguido harmonizar o convívio entre pessoas e natureza” na sua exploração.

“Graças ao Programa TalentA consegui comprar o primeiro trator da minha exploração. Será um fator essencial à rentabilização e melhoria do estado produtivo das terras agrícolas, assim como para defesa contra incêndios, pelo que estou muito grata”, afirma Ana Teresa, citada pela organização do TalentA. Em Portugal, o programa já premiou 12 mulheres empreendedoras rurais.

Os principais critérios de avaliação dos projetos são: a luta contra o despovoamento, o impacto ambiental, económico e social na zona onde se desenvolve ou a inovação e a transformação digital. O programa, que foi replicado noutros países onde a Corteva está presente, “já capacitou mais de 1200 mulheres de nove nacionalidades”.

Para participar nesta quinta edição, os interessados podem apresentar as suas candidaturas através da página www.programatalenta.pt ou esclarecer as suas dúvidas através do email [email protected], entre 15 de outubro de 2024 e 31 de janeiro de 2025.

O anúncio dos projetos premiados será feito a 8 de março de 2025, Dia Internacional da Mulher.