Mistério resolvido? O avião de Amelia Earhart pode ter sido encontrado
As descobertas de uma nova expedição marinha poderão pôr fim a um dos maiores mistérios do século XX.
O desaparecimento de Amelia Earhart é um dos maiores mistérios da história da aviação. Símbolo da bravura feminina, Earhart desapareceu a 2 de julho de 1937, quando estava prestes a realizar a maior façanha da sua vida: uma volta ao mundo sobre o equador.
Aos comandos de um avião Lockheed Electra, Earhart e o seu copiloto, Fred Noonan, descolaram da Papua Nova Guiné em direção à remota ilha de Howland, no meio do Pacífico. Aí planeavam reabastecer para a última etapa do voo.
Mas nunca chegaram a Howland. Desde o seu último contacto via rádio, em 2 de julho, foram lançadas várias operações para os localizar, mas sem sucesso.
Ao longo das décadas, outras expedições retomaram as buscas, enquanto se multiplicavam as especulações sobre o destino da dupla de pilotos.
Uns colocaram a hipótese de se terem despenhado no mar; outros, de terem conseguido aterrar numa ilha deserta e de terem perecido como náufragos. Houve até quem especulasse que teriam aterrado nas Ilhas Marshall, onde foram capturados e mantidos reféns até morrerem.
A verdade é que nunca houve provas suficientes para apoiar qualquer uma destas hipóteses.
Fim do mistério?
Esta semana, porém, chegou uma notícia que pode resolver o enigma. A expedição Deep Sea Vision, dedicada à exploração dos oceanos, fez um anúncio prometedor.
Utilizando tecnologia de sonar, a expedição encontrou uma silhueta semelhante à fuselagem do avião. O objeto encontra-se no fundo do mar, a mais de 5.000 metros de profundidade e a 160 quilómetros da ilha Howland.
Foi utilizado um veículo subaquático autónomo (AUV) chamado Hugin 6000, equipado com tecnologia sonar. Esta tecnologia é utilizada, entre outras coisas, para mapear o fundo do oceano através de ondas sonoras que medem a distância entre o fundo do mar e a superfície.
"Há três coisas que nos agradam na imagem. Primeiro, os estabilizadores verticais duplos na parte de trás são muito claros e eram característicos do avião de Earhart", disse Tony Romeo, antigo piloto da Força Aérea dos EUA e diretor executivo da Deep Sea Vision, à CNN.
"A segunda coisa é que o objeto está sobre uma superfície arenosa muito plana. Ver algo a sobressair assim no fundo do mar é muito invulgar. E, em terceiro lugar, o tamanho do objeto parece-se muito com o que se esperaria de um avião".
A expedição Deep Sea Vision, no valor de 13 milhões de dólares, começou em setembro de 2023 com o propósito de explorar uma área de mais de 13.400 quilómetros quadrados na zona onde se crê que a lendária aviadora desapareceu.
Céticos e otimistas
Alguns especialistas são menos otimistas. "Embora seja possível que se trate de um avião, e talvez até do avião de Amelia, é demasiado prematuro afirmar definitivamente", disse Andrew Pietruszka, arqueólogo subaquático do Instituto de Oceanografia da Universidade da Califórnia, em San Diego, à CNN.
"É impossível identificar qualquer coisa apenas com uma imagem de sonar, pois o som pode ser enganador e a embarcação pode estar danificada de maneiras imprevisíveis que alteram a sua forma", disse David Jourdan, presidente da Nauticos, outra empresa de exploração oceânica que já procurou o avião, ao canal norte-americano.
Entretanto, a Deep Sea Vision disse que vai continuar a investigar o objeto para determinar se é ou não o avião de Amelia. A empresa voltará ao local este ano com um veículo operado por controlo e câmaras especiais para observar o objeto mais de perto.
"Temos a oportunidade de pôr fim a uma das maiores histórias americanas de todos os tempos", disse Romeo. "Algumas pessoas chamam-lhe um dos maiores mistérios de todos os tempos, eu acho que é, de facto, o maior mistério de todos os tempos", acrescentou.