Mistério resolvido? O avião de Amelia Earhart pode ter sido encontrado

As descobertas de uma nova expedição marinha poderão pôr fim a um dos maiores mistérios do século XX.

Amelia Earhart
Amelia Earhart nasceu a 24 de julho de 1897, em Atchison, no Kansas.

O desaparecimento de Amelia Earhart é um dos maiores mistérios da história da aviação. Símbolo da bravura feminina, Earhart desapareceu a 2 de julho de 1937, quando estava prestes a realizar a maior façanha da sua vida: uma volta ao mundo sobre o equador.

Aos comandos de um avião Lockheed Electra, Earhart e o seu copiloto, Fred Noonan, descolaram da Papua Nova Guiné em direção à remota ilha de Howland, no meio do Pacífico. Aí planeavam reabastecer para a última etapa do voo.

Mas nunca chegaram a Howland. Desde o seu último contacto via rádio, em 2 de julho, foram lançadas várias operações para os localizar, mas sem sucesso.

Amelia Earhart
Earhart foi a primeira mulher aviadora a atravessar o Oceano Atlântico a solo.

Ao longo das décadas, outras expedições retomaram as buscas, enquanto se multiplicavam as especulações sobre o destino da dupla de pilotos.

Uns colocaram a hipótese de se terem despenhado no mar; outros, de terem conseguido aterrar numa ilha deserta e de terem perecido como náufragos. Houve até quem especulasse que teriam aterrado nas Ilhas Marshall, onde foram capturados e mantidos reféns até morrerem.

A verdade é que nunca houve provas suficientes para apoiar qualquer uma destas hipóteses.

Fim do mistério?

Esta semana, porém, chegou uma notícia que pode resolver o enigma. A expedição Deep Sea Vision, dedicada à exploração dos oceanos, fez um anúncio prometedor.

Depois de uma extensa busca em águas profundas, um talentoso grupo de arqueólogos subaquáticos e especialistas em robótica marinha desenvolveram uma imagem de sonar que pode responder ao maior mistério moderno: o desaparecimento de Amelia Earhart, anunciou a expedição na sua conta X.

Utilizando tecnologia de sonar, a expedição encontrou uma silhueta semelhante à fuselagem do avião. O objeto encontra-se no fundo do mar, a mais de 5.000 metros de profundidade e a 160 quilómetros da ilha Howland.

Foi utilizado um veículo subaquático autónomo (AUV) chamado Hugin 6000, equipado com tecnologia sonar. Esta tecnologia é utilizada, entre outras coisas, para mapear o fundo do oceano através de ondas sonoras que medem a distância entre o fundo do mar e a superfície.

"Há três coisas que nos agradam na imagem. Primeiro, os estabilizadores verticais duplos na parte de trás são muito claros e eram característicos do avião de Earhart", disse Tony Romeo, antigo piloto da Força Aérea dos EUA e diretor executivo da Deep Sea Vision, à CNN.

"A segunda coisa é que o objeto está sobre uma superfície arenosa muito plana. Ver algo a sobressair assim no fundo do mar é muito invulgar. E, em terceiro lugar, o tamanho do objeto parece-se muito com o que se esperaria de um avião".

Sonar
A imagem de sonar que poderá ser o avião perdido.

A expedição Deep Sea Vision, no valor de 13 milhões de dólares, começou em setembro de 2023 com o propósito de explorar uma área de mais de 13.400 quilómetros quadrados na zona onde se crê que a lendária aviadora desapareceu.

Céticos e otimistas

Alguns especialistas são menos otimistas. "Embora seja possível que se trate de um avião, e talvez até do avião de Amelia, é demasiado prematuro afirmar definitivamente", disse Andrew Pietruszka, arqueólogo subaquático do Instituto de Oceanografia da Universidade da Califórnia, em San Diego, à CNN.

Amelia Earhart
Amelia Earhart no Lockheed Electra 10E no qual desapareceu.

impossível identificar qualquer coisa apenas com uma imagem de sonar, pois o som pode ser enganador e a embarcação pode estar danificada de maneiras imprevisíveis que alteram a sua forma", disse David Jourdan, presidente da Nauticos, outra empresa de exploração oceânica que já procurou o avião, ao canal norte-americano.

Entretanto, a Deep Sea Vision disse que vai continuar a investigar o objeto para determinar se é ou não o avião de Amelia. A empresa voltará ao local este ano com um veículo operado por controlo e câmaras especiais para observar o objeto mais de perto.

"Temos a oportunidade de pôr fim a uma das maiores histórias americanas de todos os tempos", disse Romeo. "Algumas pessoas chamam-lhe um dos maiores mistérios de todos os tempos, eu acho que é, de facto, o maior mistério de todos os tempos", acrescentou.