Mistério nas Ilhas Flannan. Um enigma sem resposta desde 1900

Em dezembro de 1900, nas Ilhas Flannan, costa da Escócia, três faroleiros desapareceram sem deixar vestígios. Um século depois, o enigma permanece sem solução, com teorias e mistérios que perduram até hoje.

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Desde 1900 permanece em aberto a origem do desaparecimento de três faroleiros. Tal situação já deu origem a livros, filmes e até documentários que passaram nas televisões.

Em dezembro de 1900, nas frias e inóspitas Ilhas Flannan, a costa da Escócia testemunhou um dos mistérios mais perturbadores da história marítima. Três faroleiros (James Ducat, Thomas Marshall e William MacArthur) desapareceram sem quaisquer vestígios, deixando um enigma que permanece sem solução até aos dias de hoje.

Desaparecimento sem explicação intriga há mais de um século

O farol das Ilhas Flannan, erguido em 1899, era um posto solitário e austero, que vigiava as águas bravias do Atlântico Norte. Três faroleiros, homens experientes e acostumados à dureza da vida no mar, haviam embarcado numa escala de duas semanas para manter a luz acesa e garantir a segurança de outros navegantes.

No dia 26 de dezembro, o navio de resgate chegou às Ilhas Flannan para trocar a equipa. No entanto, ao invés de serem recebidos pelos faroleiros, os marinheiros depararam-se com um cenário desconcertante. Se por um lado a luz do farol ainda brilhava, por outro não havia sinal de vida.

Apesar de ter sido efetuada uma procura exaustiva nas ilhas, os faroleiros parecem ter desaparecido. Nenhum corpo, nenhum sinal de luta, apenas o silêncio da neblina e o rugido das ondas.

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As únicas pistas eram uma mesa posta para uma refeição jamais comida, um relógio parado na parede da cozinha e um par de botas impermeáveis deixadas para trás.

As autoridades, perplexas com o desaparecimento, iniciaram uma investigação que durou semanas. O superintendente do Northern Lighthouse Board, Robert Muirhead, analisou meticulosamente cada detalhe, desde as condições climático-meteorológicas até aos registos do farol. A conclusão oficial foi a de que os faroleiros, provavelmente, foram arrastados para o mar por uma tempestade violenta.

Teorias e mitos – o que realmente aconteceu com os faroleiros das Ilhas Flannan?

Esta explicação não aquietou a mente do público. Algumas teorias alternativas floresceram, alimentando o próprio mistério. Alguns acreditavam num ataque de piratas ou um encontro com uma criatura marinha monstruosa. Outros sussurravam sobre sequestros alienígenas ou maldições ancestrais.

Um elemento que adicionou novos contornos a esta história foi o surgimento, alguns anos após o desaparecimento, de um suposto diário de bordo escrito pelos faroleiros. As entradas, datadas dos dias 12 a 15 de dezembro, narravam uma tempestade de proporções épicas, um comportamento estranho de Ducat e o desespero de MacArthur. No entanto, a autenticidade do diário foi questionada, lançando dúvidas sobre sua veracidade.

Um século depois o enigma das Ilhas Flannan permanece sem solução. Os faroleiros, James Ducat, Thomas Marshall e William MacArthur, tornaram-se em fantasmas do mar e os seus destinos perdidos nas brumas da história. O que realmente aconteceu com eles naquele fatídico dia de dezembro permanece um mistério que aviva a lógica e alimenta a imaginação, constituindo-se como um lembrete dos segredos inacessíveis do oceano.

The Vanishing
Cena do filme The Vanishing (2018) que dramatiza a história dos três faroleiros. Fonte: Saban Films.

O caso das Ilhas Flannan tornou-se um clássico da ufologia, da criptozoologia e de fantasmagoria. Diversos livros (The Lighthouse, de 2014), filmes (como The Vanishing, de 2018) e programas de televisão (BuzzFeed Unsolved: True Crime, de 2016) já foram dedicados ao tema, perpetuando-se o fascínio e a procura por respostas.

Embora a verdade sobre o destino dos faroleiros possa nunca ser revelada, o mistério das Ilhas Flannan serve como um recordatório para os limites do nosso conhecimento. É uma história que nos convida a refletir sobre o inexplicável, a afrontar as explicações fáceis e a reconhecer a vastidão do universo que nos rodeia.