Missão Europa Clipper da NASA arrancou finalmente: porque é que os cientistas querem estudar este satélite de Júpiter?

Finalmente, após anos de espera, a missão da NASA para explorar Europa, o satélite de Júpiter, teve início há uns dias. A missão é muito importante e fornecer-nos-á dados fundamentais para o nosso conhecimento deste satélite particularmente interessante.

Falcon Heavy
Em breve, o Falcon Heavy lançará a sonda Europa Clipper no espaço para estudar o satélite jupiteriano, Europa.

O dia tão esperado chegou finalmente. Na tarde de segunda-feira, 14 de outubro, às 17:06, hora portuguesa, descolou a missão Europa Clipper, uma missão interplanetária da NASA com o objetivo de estudar o satélite de Júpiter, Europa.

De facto, segunda-feira dia 14 foi já a segunda “tentativa”; na verdade, a sonda deveria ter partido na quinta-feira, 10 de outubro, mas o lançamento foi adiado devido à passagem do furacão Milton. Se os problemas persistirem hoje, o lançamento será adiado e a janela temporal em que o lançamento pode ter lugar até 6 de novembro. Isto significa que, a partir de hoje e até 6 de novembro, todos os dias haverá uma oportunidade para lançar a sonda.

O lançamento ocorreu esta segunda-feira, 14 de outubro

O lançamento ocorreu a partir do Centro Espacial John F. Kennedy, no Cabo Canaveral, em Merritt Island, na Flórida, EUA, e a NASA utilizou um Falcon Heavy da SpaceX para o efetuar.

A sonda, que pesa umas impressionantes 6 toneladas, 3,5 toneladas das quais são apenas carga científica, chegará a Júpiter e entrará em órbita em abril de 2030, daqui a mais de cinco anos. Depois de ter chegado e de se ter colocado em órbita com sucesso, aproveitando a ajuda gravitacional de Ganimedes, o maior satélite de Júpiter, a sonda demorará cerca de um ano a ajustar a sua órbita, de modo a poder sobrevoar Europa de perto sempre que der uma volta em torno de Júpiter.

Europa
O satélite Europa é muito especial pelo facto de se acreditar que existe um enorme oceano de água líquida sob a sua superfície gelada.

A missão principal tem uma duração planeada de 4 anos, durante os quais se espera que a sonda faça cerca de 50 sobrevoos próximos de Europa, cada um num ângulo diferente, a fim de mapear quase toda a superfície do corpo celeste com uma resolução muito elevada.

Mas porquê a escolha de estudar Europa?

É evidente que o objetivo da missão não foi escolhido ao acaso. Europa é um satélite particularmente interessante porque, graças aos estudos efetuados pela sonda Galileu que observou de perto Júpiter e os seus satélites durante oito anos, de dezembro de 1995 a setembro de 2003, descobriu-se a existência de um oceano sob a crosta gelada da lua.

A presença de um oceano num corpo celeste desperta o interesse dos investigadores porque a água é um dos elementos necessários ao desenvolvimento da vida (pelo menos tal como a conhecemos).

Os cientistas querem, por isso, perceber se os ingredientes para a existência de formas de vida estão presentes em Europa, o que não se limita, obviamente, à presença ou ausência de um oceano subterrâneo, mas também à presença de elementos químicos essenciais para a vida, ou mesmo à evidência de fontes de energia.

Graças a missões anteriores, presume-se que existe um oceano sob a superfície gelada de Europa que contém duas vezes mais água líquida do que todos os oceanos da Terra juntos.