Meteorologia e confinamento: como aproveitar o tempo em casa?
Aproveitando o facto de existir atualmente o confinamento dos cidadãos às suas casas, criaram-se alguns projetos. Além de poderem contribuir para diminuir o triste isolamento de muita gente, podem, por outro lado, beneficiar algumas atividades como a Meteorologia.
Foi apresentado na Grã-Bretanha um projeto importante para a Meteorologia dirigido pelo professor Ed Hawkins da Universidade de Reading.
O projeto
O projeto “Rainfall Rescue” tem como objetivo preencher a lacuna nos registos digitais de dados da precipitação entre as décadas de 1820 e 1950. Com as pessoas na Grã-Bretanha a terem mais tempo nas suas casas, a Universidade de Reading está a pedir voluntários, para, de suas casas, ajudarem a transcrever registos históricos de dados da precipitação. Assim, o público em geral, é convidado a transcrever observações meteorológicas feitas antes da era dos computadores.
As informações históricas, se estiverem digitalizadas, irão facilitar e melhorar os estudos feitos pelos cientistas sobre o clima do Reino Unido, os padrões históricos existentes, bem como analisar melhor as tendências a longo prazo do clima, melhorando os cenários climáticos.
De acordo com o professor Hawkins, esta pode ser uma altura para resgatar milhões de dados de precipitação do Reino Unido que atualmente são desperdiçados, mas que permanecem em registos manuais. Estes registos ajudarão os cientistas a entender melhor a variabilidade da precipitação em todo o Reino Unido.
In just 2.5 days, 10,532 volunteers have transformed 1,335,428 hand-written rainfall measurements, taken all across the UK in the 1940s and 1950s, into data that climate scientists can now analyse. Amazing!#rainfallrescue #citizenscience
— Ed Hawkins (@ed_hawkins) March 28, 2020
Onto the 1930s: https://t.co/RYOh6z4Oqw pic.twitter.com/c3nhBCGKAs
Este projeto dará a possibilidade de uma pessoa participar num projeto científico credível, proporcionando ao mesmo tempo uma ocupação dos tempos livres, e pode tornar-se uma distração bem-vinda, quebrando os longos períodos de isolamento devido às medidas de restrições contra o COVID-19.
A pessoa que pretender participar não precisa de vasculhar antigos volumes encadernados; o Serviço Meteorológico Inglês (Met Office) já tem digitalizados os mapas escritos manualmente, cerca de 65.000 folhas. Só será preciso entrar neste site, ler as quantidades de precipitação escritas à mão e inserir esses números em determinados locais do site criados para esse efeito.
Dados históricos de precipitação
No Arquivo Meteorológico Nacional do Reino Unido existem milhões de dados de precipitação ainda em papel referentes ao período de 1820 a 1950.No ano de 1950 existiam já milhares de pluviómetros por todo o Reino Unido, mas os dados ainda não estão digitalizados.
De particular interesse são anos em que ocorreram situações extremas, como a seca de 1921 e o verão muito chuvoso de 1912 que se registaram no Reino Unido. Após digitalização, os dados serão disponibilizados de forma livre e aberta, permitindo que os cientistas analisem os dados usando modelos de computador e elaborem os estudos que pretendam.
No passado dia 31 de março já se tinham inscrito 12.000 voluntários. A digitalização de dados meteorológicos históricos é ainda um problema que se mantém em praticamente todos os Serviços Meteorológicos Nacionais.