Mega fuga de metano durou meses no Cazaquistão
Os combustíveis fósseis são extremamente poluentes, desde a sua extração até ao seu consumo, já que os gases libertados na atmosfera podem ter consequências negativas na regulação climática. Fique a saber mais, aqui!
O Cazaquistão foi palco de uma das maiores fugas de metano, jamais registadas a nível mundial. Durante aproximadamente 6 meses do ano de 2023, estima-se que tenham sido libertados na atmosfera mais de 120 mil toneladas de metano, depois de uma explosão ter provocado um incêndio durante a perfuração de um poço. Provavelmente, esta fuga apenas foi superada pela fuga resultante da sabotagem do gasoduto Nord Stream 1 e 2, em 2022.
Sabe-se que o metano é um gás muito prejudicial à atmosfera já que ajuda a produzir um efeito de estufa muito mais potente em relação ao dióxido de carbono. Para que se tenha ideia da dimensão e do potencial impacte ambiental da fuga, o gás libertado equivale à circulação de mais de 700 mil carros a gasolina, durante um ano.
Apesar de a empresa responsável pela exploração petrolífera e de gás natural naquela área afirmar que a fuga não foi significativa, tanto em termos de quantidade como em termos de duração, dados recolhidos através de imagens de satélite mostram que a fuga se iniciou em junho de 2023, na região de Mangistau, no Sudoeste do Cazaquistão, perto do Mar Cáspio, sendo que o incêndio ficou ativo até dezembro do mesmo ano, quando as equipas iniciaram o processo de selagem com cimento.
Recolha de dados e resultados
A investigação académica deste caso ficou a cargo de diversas instituições europeias, de países como Espanha, França, o Reino Unido e os Países Baixos. Apesar de o metano ser um gás invisível para o olho humano, quando é atravessado pela radiação solar deixa uma espécie de pegada única que é observável pelos instrumentos de alguns satélites. Assim, foram registados 115 momentos, entre junho e dezembro, em que verificaram elevadas concentrações de metano sobre aquele poço em específico.
A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) afirma que o metano foi responsável por cerca de 30% do aumento das temperaturas globais, desde o início da Revolução Industrial. Desta forma, é essencial que todos os países façam um esforço para reduzir a emissão deste tipo de gases, que exacerbam o efeito de estufa.
Os países da Ásia Central têm uma responsabilidade acrescida já que é nestes países que se concentram as maiores reservas de metano (gás natural). Infelizmente, este não é o primeiro caso de fugas de grandes dimensões, no território do Cazaquistão e do vizinho Turquemenistão, apesar de nunca se ter chegado a um incidente destas dimensões.
É importante salientar que na COP28, que se realizou no ano passado, o Cazaquistão aderiu ao Compromisso Global de Metano, um acordo entre mais de 150 países que tem como objetivo principal a redução de emissões de metano em 30% até ao final desta década. Contudo, o previsível aumento de produção de gás natural faz com este país seja mais vulnerável à ocorrência de mais incidentes deste género.
Referência do artigo:
"Kazakhstan: Methane mega-leak went on for months", BBC Verify (2024).