Marco extraordinário: sonda Parker "toca" o Sol pela primeira vez

A nave espacial entrou na atmosfera superior em abril, num marco sem precedentes. Continuará a fazer órbitas cada vez mais próximas até 2025, em busca de uma melhor compreensão da nossa estrela.

Sonda Parker Sol NASA
Imagem fornecida pela NASA que mostra uma representação artística da sonda solar Parker a aproximar-se do Sol. Fotografia: Steve Gribben / AP

Uma nave espacial da NASA "tocou" oficialmente o Sol pela primeira vez, entrando na sua atmosfera superior ou coroa solar, para recolher amostras de partículas e campos magnéticos da nossa estrela.

A notícia foi confirmada na passada terça-feira, dia 14, durante uma reunião da União de Geofísica dos Estados Unidos, e a investigação sobre este enorme marco foi publicada na Physical Review Letters.

A Sonda Solar Parker voou, na verdade, através da coroa solar em abril durante a oitava aproximação da nave espacial ao Sol. Os cientistas disseram que demorou alguns meses para recuperar os dados e depois vários meses para confirmá-los.

As aproximações ao Sol continuam

Lançada em 2018, Parker estava a 13 milhões de quilómetros do centro do Sol quando atravessou pela primeira vez a fronteira irregular e recortada entre a atmosfera solar e o vento solar de saída. A nave espacial entrou e saiu da coroa pelo menos três vezes, cada uma com uma transição suave, segundo observações dos cientistas.

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Os dados preliminares sugerem que Parker também mergulhou na coroa durante a sua nona aproximação em agosto, mas os cientistas disseram que são necessárias mais análises. A décima aproximação ao Sol foi durante novembro.

Parker vai continuar a aproximar-se cada vez mais e a mergulhar de forma cada vez mais profunda na coroa solar até à sua grande órbita final em 2025. No total, terá realizado na sua missão 21 aproximações em 7 anos.

Feito extraordinário

"O facto de a sonda ter tocado o Sol é um momento culminante para a ciência solar e um feito extraordinário", disse em comunicado Thomas Zurbuchen, administrador associado do conselho da missão científica da NASA, numa declaração. Para o cientista, este feito permitirá aos investigadores conhecer melhor a evolução do astro rei e os seus impactos no Sistema Solar, além de poder extrapolar todos os novos conhecimentos obtidos para as estrelas do resto do Universo.

"Ao voar tão perto do Sol, a Sonda Solar Parker deteta agora condições na camada dominada magneticamente na atmosfera solar, a coroa, que nunca tínhamos conseguido antes", disse Nour Raouafi, cientista do projeto Parker no Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins em Laurel, Maryland, em comunicado.

"Vemos evidências de estar na coroa em dados do campo magnético, dados do vento solar e visualmente em imagens. De facto, podemos ver a nave espacial a voar através de estruturas coronais que podem ser observadas durante um eclipse solar total", acrescentou.