Mapa revela os países com maior risco de subsidência: deve preocupar-se?

Entre o peso da construção humana e a extração de águas subterrâneas, várias cidades correm o risco de ver os seus solos ruir nos próximos anos. Pela primeira vez, um mapa elaborado por investigadores avalia os riscos por país.

Subsidência
75% das subsidências de solos no mundo ocorrem em terrenos urbanos ou cultivados, o que põe diretamente em perigo o nosso modo de vida.

São já muitas as cidades que veem o seu solo descer vários centímetros todos os anos. Entre elas estão Xangai, Auckland, Manila, Bombaim e até Houston. Para reunir todas estas informações, mas também para compreender melhor este fenómeno, os investigadores criaram, pela primeira vez, um mapa global do risco de subsidência. É afetado?

Peso das construções e das captações de água subterrânea

Muitas metrópoles costeiras são afetadas pelo flagelo conhecido como subsidência. Trata-se de um fenómeno que se explica essencialmente por duas causas.

Em Nova Iorque, por exemplo, esta subsidência do solo deve-se principalmente ao peso da construção, entre arranha-céus e bairros comerciais com imensos edifícios: 764 mil milhões de quilos em 800 km² no total.

Mas noutras cidades com falta de construção pesada, como Teerão, no Irão, é necessária outra causa. Em cidades de 72 países, certos bairros baixam 25 centímetros por ano! Este afundamento não pode ser explicado apenas pelo peso da torre de televisão Milad (435 metros de altura) ou por outros edifícios imensos.

Chegamos, assim, ao segundo fator explicativo: os aquíferos, ou seja, as reservas subterrâneas de água de que cada vez mais nos servimos. Foi por isso que investigadores do Nevada decidiram mapear pela primeira vez o esgotamento dos recursos hídricos subterrâneos no mundo, para deduzir o risco de colapso do solo.

E os países mais afetados são...

Este mapa, publicado na revista Nature Communications em outubro, mostra que em três países, que são portanto os mais preocupados com este risco de subsidência dos solos, a subsidência ultrapassa por vezes os 5 cm por ano: os Estados Unidos, a China e o Irão. Mais surpreendentemente, os investigadores cartografaram também regiões até agora pouco estudadas em termos de hidrologia.

Assim, descobrimos que certas regiões agrícolas de regadio ou certas áreas urbanas do Afeganistão, do Uzbequistão, do Azerbaijão e da Síria estão em risco, tal como os países de clima húmido como o Vietname, a Índia e o Bangladesh (apesar da chuva, os aquíferos continuam a ser um elemento essencial para a estabilidade dos nossos solos).

Além disso, na Europa, o risco global é baixo (menos de 1 cm por ano) e ameaça principalmente as regiões costeiras. No total, por amostragem, 17 quilómetros cúbicos desaparecem anualmente dos aquíferos em todo o mundo, o equivalente ao volume de 7000 pirâmides egípcias!

O problema é que, uma vez que os solos diminuem, a chuva infiltra-se menos nos aquíferos. Um ciclo infernal que terá de ser travado, porque 75% desta subsidência ocorre em terras cultivadas e áreas urbanas, pondo diretamente em perigo o nosso modo de vida...