Maioria das espécies marinhas que chegam à costa portuguesa encontram-se mortas
São cada vez mais as espécies que arrojam nas praias portuguesas feridas ou até mesmo mortas, maioritariamente devido às ações do Homem. Mas como é que isto acontece? Fique a saber mais aqui!
De acordo com os mais recentes dados do ICNF (Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas), nos últimos seis anos encalharam nas praias portuguesas mais de dois mil cetáceos, como golfinhos, baleias e cachalotes. Só no último ano, em 2022, deram à costa mais de 500 animais, sendo que a sua maioria, chega morta ao areal.
Os arrojamentos vivos, que representam menos de 5% dos animais, encontram-se quase sempre feridos necessitando de assistência devido à “captura acidental em artes de pesca”.
De acordo com Humberto Jorge, presidente da Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco, numa entrevista ao Jornal de Notícias, admite que as redes de emalhar (método de pesca) provocam danos irreversíveis nos animais, nomeadamente nas espécies de golfinho-comum e boto.
Porém, o número acrescido de acidentes está associado a uma maior comunidade de golfinhos no mar português. A abundância de espécies como a cavala e a sardinha perto da costa, atraem os golfinhos fazendo com que estes interajam com as redes de pesca.
De acordo com Catarina Eira, diretora da unidade do Centro de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos, apesar do trabalho de maior consciência por parte dos pescadores, continuam a existir outros problemas relacionados com o meio ambiente, como o lixo marinho e o aquecimento dos oceanos.
Cuidar para devolver ao mar
Em Portugal existem quatro equipas regionais da Rede Nacional de Arrojamentos, que estão localizadas no Norte, Centro, Alentejo e no Algarve, assim como existem ainda dois centros oficiais de reabilitação, para cetáceos, aves e tartarugas marinhas, o Porto de Abrigo do Zoomarine e o Centro de Reabilitação de Animais Marinhos (CRAM) do ECOMARE, na Universidade de Aveiro.
No CRAM, na Universidade de Aveiro, não só está localizado o centro de reabilitação animal, mas também o laboratório de investigação, que permite compreender a razão pela qual as espécies dão à costa, assim como todos os problemas associados.
Neste centro, os animais que arrojam vivos, são reabilitados, sempre de forma a não criarem dependência com um ambiente que não é natural ao seu e são devolvidos à sua verdadeira casa.
No entanto, aquando a chegada de animais mortos ao areal, o que acontece em 90% dos casos, é realizada uma recolha de informação científica para um estudo profundo sobre um futuro da biodiversidade.
Arrojamentos na costa portuguesa
No ano de 2022 foram vários os casos de animais que chegaram ao areal da costa portuguesa com necessidade de reabilitação. No início desse ano, no mês de janeiro, na praia do Brejo do Largo de Odemira, um popular alertou às autoridades da existência de um golfinho preso numa zona rochosa. O animal, que não tinha quaisquer ferimentos foi resgatado e devolvido ao mar.
No mês de julho do ano passado, uma tartaruga deu à costa numa praia de Aveiro, arrastada por uma rede de pesca. Sem necessidade de intervenção, foi devolvida ao mar por vários pescadores.
Sem a mesma felicidade, uma baleia morta arrojou numa praia em Albufeira, arrastada pela força da maré, porém as autoridades conseguiram recolher o seu cadáver para apurar a causa da morte.
No mês de agosto, uma baleia com alguns ferimentos, deu à costa na praia do Aterro em Leça da Palmeira, tendo sido transferida para o Centro de Recuperação de Animais Marinhos na Gafanha da Nazaré.
De acordo com uma das responsáveis do CRAM, apesar de grande parte dos arrojamentos serem da responsabilidade do Ser Humano e dos registos dos mesmos serem cada vez mais frequentes graças aos alertas da população, nem todos os animais conseguem ser salvos.