Maior icebergue do mundo (A23a) está a sofrer intensa erosão nas águas antárticas
No último domingo, a equipa da Eyos capturou imagens impressionantes das enormes cavernas e arcos, destacando a magnitude do maior icebergue do mundo (A23a).
A erosão causada pelo ar quente e águas superficiais está a dar forma ao monstro de gelo, que, após 30 anos estático no Mar de Weddell, enfrenta agora uma deslocação ao longo da Corrente Circumpolar Antártica, rumo às Ilhas Órcades do Sul.
Epicentro glacial: A23a, o Colosso Antártico, revela-se em espetáculo de erosão e beleza
Numa expedição liderada pela empresa Eyos Expeditions, ficaram visíveis as características associadas ao gigantesco icebergue A23a, considerado o maior do mundo. Este monstro de gelo está a ser fortemente esculpido pela erosão causada pelo ar mais quente e pelas águas superficiais ao afastar-se gradualmente do continente branco.
O líder da expedição, Ian Strachan, descreveu o espetáculo das ondas a impactar o icebergue, formando cascatas de gelo num constante estado de erosão. O A23a, que se separou da costa antártica em 1986, permaneceu estático no Mar de Weddell por um período de 30 anos antes de se iniciar uma grandiosa migração. Agora, está à deriva na Corrente Circumpolar Antártica, empurrado na direção das Ilhas Órcades do Sul.
Este colossal icebergue, que mede 4.000 km2, está a seguir o "beco do icebergue", a principal rota para a saída de gelo do continente antártico. Esta situação é determinada pela interação de ventos e frentes oceânicas. O destino provável do A23a é fragmentar-se e desaparecer, embora o seu legado seja vital para a vida oceânica, atendendo à sua responsabilidade na fertilização das águas com nutrientes minerais.
As imagens inéditas do Icebergue A23a geram preocupações globais
No passado domingo, a 14 de janeiro de 2024, a equipa da Eyos aproximou-se para capturar imagens das enormes cavernas e arcos que se formaram nas paredes congeladas do icebergue. Além disso, um drone foi lançado para documentar os penhascos de 30 metros de altura cobertos por uma densa névoa, destacando a magnitude do icebergue, que está além da compreensão visual direta. Estas imagens estão agora a circular pela internet e a deixar a sociedade civil perplexa.
As observações de satélite indicam que o A23a tem uma espessura de mais de 300 metros e uma massa próxima a três mil milhões de toneladas, embora esta quantidade esteja a diminuir diariamente.
Resultante deste problema, a preocupação basilar prende-se em saber quanto tempo o A23a pode resistir ao afastar-se das temperaturas mais frias da Antártida. O aumento das temperaturas do ar resulta na formação de “lagoas” de degelo superficial, que drenam através do icebergue, causando fraturas e o colapso das suas formações. No entanto, um bloco de gelo similar, o icebergue D28, manteve a sua forma compacta, mesmo após perder cerca de um terço da sua área desde 2019.
O D28, atualmente a mover-se para o Atlântico Sul, serve como um exemplo para entender a longevidade potencial do A23a. Ambos, com dimensões semelhantes, colocam algumas dúvidas quanto à durabilidade destas impressionantes estruturas de gelo.
Referência da notícia:
BBC news (2024). A23a: Spectacular arches, caves as monster iceberg decays. Consultado em https://www.bbc.com/news/science-environment-67986443 (Disponível em 17 de janeiro de 2024).