Maio de 2024 foi o maio mais quente do globo desde que se iniciaram os registos, há 175 anos
A NOAA divulgou a análise da temperatura global referente ao mês de maio de 2024 e concluiu que se registou mais um mês a bater recorde de temperatura. Foi o maio mais quente da Terra, desde 1850, ano em que se iniciaram os registos.
Os Centros Nacionais de Informação Ambiental (NCEI-National Centers for Environmental Information) da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) dos EUA calculam mensalmente a anomalia da temperatura média global tanto da superfície da terra como da superfície dos oceanos.
Doze meses consecutivos de temperaturas recorde na Terra
Segundo os cientistas dos Centros Nacionais de Informação Ambiental da NOAA, a temperatura média global da superfície terrestre e oceânica em maio foi 1,18°C acima da média do século XX, que é de 14,8 °C. Este valor é 0,18 °C mais elevado do que o anterior recorde de maio, estabelecido recentemente, em 2020.
Este maio marcou também o 48º mês de maio consecutivo, desde 1977, com temperaturas globais acima da média do século XX.
O Hemisfério Norte também foi classificado como o maio mais quente registado, com 1,44 °C acima da média, o mesmo acontecendo no Hemisfério Sul, com 0,92°C acima da média.
Temperaturas elevadas recorde cobriram muitas regiões do continente africano, o norte da China e da Mongólia, áreas vizinhas do Mar do Norte e muitas partes de uma região que se estende do sul do Brasil para norte, passando pela maior parte do México.
Uma vaga de calor prolongada provocou numerosos recordes históricos de temperaturas elevadas no México, que também está a sofrer uma seca generalizada, causando dezenas de vítimas mortais e numerosas mortes de animais selvagens.
As temperaturas foram mais elevadas a muito mais elevadas do que a média em grande parte do Ártico, no leste dos EUA e em grande parte do Canadá, na Europa mais a norte, na metade oriental da Rússia, no sudeste da Ásia e em muitas regiões da Austrália.
No norte e centro da Índia e no Paquistão, onde as temperaturas durante todo o mês foram mais quentes a muito mais quentes do que a média, registou-se uma onda de calor intensa e persistente durante a última metade do mês.
Em muitos locais da Índia registaram-se temperaturas superiores a 48 °C, o que provocou problemas no abastecimento de água e muitas mortes. Foram registadas temperaturas iguais ou superiores a 52°C no Paquistão.
Em contraste, as temperaturas, mais baixas do que a média, cobriram a região ocidental da Rússia e do Cazaquistão, grande parte do oeste dos EUA e do Alasca, e grandes partes da Gronelândia. As temperaturas de maio também foram mais baixas do que a média na Argentina e no Chile, onde uma sucessão de massas de ar polar trouxe a mais forte onda de frio em mais de 70 anos para partes do Chile.
Nos oceanos, as temperaturas à superfície do mar atingiram valores recorde mais elevadas em grande parte do Atlântico tropical e em grande parte do Oceano Índico e do Pacífico equatorial ocidental, bem como em partes do Sudoeste do Pacífico e do Oceano Antártico. Registaram-se também temperaturas elevadas recorde no Mar do Norte e nos mares vizinhos no Atlântico Norte. As anomalias positivas cobriram também grandes partes do Pacífico Norte.
Em maio, as temperaturas elevadas recorde nos oceanos cobriram cerca de 16,1% da superfície mundial.
Chuvas intensas em algumas regiões do globo
A precipitação acima da média em maio ocorreu em grande parte da Europa Ocidental e Central, Ásia Central, extremo nordeste da China, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Japão, a metade sul da Índia, a Austrália central e grande parte das Seychelles e das Maurícias.
Na Alemanha, a precipitação intensa provocou inundações em algumas zonas, com rutura de barragens, danos consideráveis em edifícios e na agricultura, bem como a perda de vidas humanas.
Fortes chuvas provocaram inundações repentinas no Afeganistão, com os impactos mais graves nas zonas do norte do país. Mais de 300 pessoas morreram e milhares de casas foram destruídas.
No Brasil continuaram as chuvas fortes que se iniciaram em fins de abril e que trouxeram cheias sem precedentes ao estado de Rio Grande do Sul, causando a deslocação de mais de 500.000 pessoas e mais de 160 mortes.
Gelo no Ártico, na Antártida e ciclones tropicais
No Ártico, o período janeiro-maio foi o 6º mais quente registado e a extensão de gelo no Ártico, em maio, foi a 12ª menor extensão. Por outro lado, na Antártida, a extensão de gelo foi a 5ª menor registada.
Em relação à atividade das tempestades tropicais em maio, é de referir dois ciclones que ocorreram no Oceano Índico e um no Oceano Pacífico.
O Tufão Ewiniar, no Pacífico, provocou cheias significativas nas Filipinas e no Japão, com deslocação de milhares de pessoas e causando, pelo menos, sete mortes.
O Ciclone Remal atingiu terra na fronteira entre o Bangladesh e a Índia, causou mais de 50 mortes, inundações e deslizamento de terras, com avultados prejuízos em infraestruturas e na agricultura.
O Ciclone Tropical Hidaya, que atingiu a Tanzânia já em fase de enfraquecimento, ainda causou duas mortes devido às inundações repentinas que provocou.