Maio com pouca chuva

Do ponto de vista climatológico em relação à precipitação tivemos um mês de maio muito seco, no entanto com períodos de forte precipitação, e um mês normal em relação à temperatura média do ar, mas com ocorrência de variações significativas na temperatura do ar diária.

Mês de maio foi seco.

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o mês de maio foi essencialmente caracterizado por situações depressionárias. Depressões em altitude na região da Península Ibérica; zona de baixas pressões na Europa Ocidental e passagem de ondulações frontais de atividade fraca a moderada condicionaram o estado do tempo durante esse mês.

Precipitação

De acordo com a análise do IPMA, o valor médio da quantidade de precipitação em maio, 38.5mm, corresponde a cerca de 54% do valor normal mensal. Valores da quantidade de precipitação inferiores aos agora registados ocorreram em cerca de 30% dos anos.

Em termos espaciais os valores da percentagem de precipitação, em relação ao valor médio no período 1971-2000, foram em grande parte do território inferiores ao valor médio, no entanto nalguns locais do interior foram muito superiores como é o caso das zonas de Pinhão e Moimenta da Beira devido à ocorrência de aguaceiros fortes e também nalguns locais do Alentejo, como Évora e Beja, foram superiores ao normal (ver mapa). Os valores da percentagem de precipitação em relação ao valor médio variaram entre 14% em Setúbal e 203% em Pinhão.

Distribuição espacial da precipitação total no mês de maio e respetiva percentagem em relação à média em maio no período 1971-2000 (Fonte: IPMA)

Apesar deste mês de maio ter sido um mês seco, não é preocupante a situação de seca visto que o valor médio da quantidade de precipitação no presente ano hidrológico 2017/2018, desde 1 de outubro de 2017 a 31 de maio de 2018, 752.9 mm, corresponde a 96 % do valor normal.

Neste mês é de assinalar as situações meteorológicas severas que ocorreram no período de 27 a 29 de maio nas regiões do interior Norte e Centro onde ocorreram aguaceiros localizados muito intensos, como foi o caso de Moimenta da Beira e Pinhão. A precipitação registada foi muito elevada e ocorreu num período curto: 14,0 mm e 51,2 mm respectivamente em 10 minutos e 1 hora em Moimenta da Beira e 23.8 mm e 34.2 mm em 10 e 15 minutos e 53,6 mm e 63,8 mm em 1 hora nas duas estações de Pinhão.

Estas situações de forte instabilidade atmosférica que provocaram aguaceiros, localmente fortes e que em alguns locais foram de granizo, acompanhados de trovoada, foram devidas à existência de uma região depressionária a todos os níveis da atmosfera, com um dos núcleos depressionários centrado na Península Ibérica.

Temperatura do ar

Ainda segundo o IPMA, o valor médio da temperatura média do ar, 16.07 ºC, foi próximo do valor normal (+0.34 ºC), classificando-se o mês de maio como um mês normal em relação à temperatura do ar.

O valor médio da temperatura máxima do ar neste mês, 21.89 ºC, foi superior ao normal, +0.93 ºC e o valor médio da temperatura mínima, 10.25 ºC, foi inferior ao normal em -0.25 ºC (Figura 3). De referir que valores da temperatura mínima inferiores aos agora registados ocorreram em cerca de 30% dos anos. Tivemos assim noites frias para o mês de maio.

Figura 3 - Variabilidade da temperatura máxima e mínima do ar no mês de abril, em Portugal continental -Linhas a tracejado indicam a média no período 1971-2000- (Fonte: IPMA)

Monitorização da Seca - Índice PDSI

De acordo com o índice meteorológico de seca PDSI (índice meteorológico de seca calculado pelo IPMA para monitorização da situação de seca), continua a não existir seca meteorológica em Portugal Continental, verificando-se apenas uma diminuição significativa da área em chuva severa. Assim no final do mês 0.3 % do território estava na classe de chuva severa, 84.6 % na classe de chuva moderada e 15.1 % na classe de chuva fraca.