Lisbon Talks: sustentabilidade e geopolítica dos Oceanos!
Foi organizado pelo recém criado mas bem frequentado, Clube de Lisboa, que juntou Paul Rose e Tiago Pitta e Cunha, no Oceanário de Lisboa, para falar de Sustentabilidade e Geopolítica, ou seja idealismo e pragmatismo, juntos.
A conversa moderada por Raquel Vaz Pinto, teve o pontapé de saída com o depoimento de Paul Rose, líder das expedições do National Geographic " Pristina Seas", que soma já 22 incursões pelo mar dentro, muitas delas que alcançaram o estatuto de áreas protegidas, graças ao conhecimento que a equipa de Paul Rose trouxe para terra.
A ideia do Presidente da Fundação Oceano, Tiago Pitta E Cunha é clara:promover a estratégia do Oceano em Portugal. Ver o mar de forma estruturada e presente no nosso dia a dia. Regressar ao mar, em termos de sustentabilidade relações internacionais e de geopolítica. E de fato esta ligação entre mar e geopolítica sempre existiu e determinou as voltas pelo mar dentro.
O Reino Unido e a Holanda e claro Portugal estão em posições geográficas estratégicas e muito específicas, tendo Portugal a vantagem e a especificidade, salientou Pitta e Cunha, de sermos o único país com apenas um vizinho e isso moldou a história do nosso país e fez a nossa história. Por isso é bom colocar o mar no seu lugar: é um assunto político da maior importância e de considerações estratégicas relevantes, sendo que ao mesmo tempo, a conservação marítima está a ganhar mais importância a cada dia que passa.
Apenas na década de 70 começaram a surguir as primeiras preocupações com o futuro do ambiente marinho, em meados dos anos 80 houve uma aproximação do tema junto das Nações Unidas sobre as florestas -tornaram-se populares as causas de Bono e Sting junto aos líderes indígenas em defesa da floresta-e as alterações climáticas, temas que eram do foro exclusivo dos cientistas, e que passaram a ser um tema de ambiente e mais tarde um problema político. Agora, não há dúvida que é o assunto do sec. XXI.
Em 2017 ocorreu uma destruição massiva de recifes por causa do furacão El Nino e o impacto dessa destruição vai ter grande repercussão no oceano, sendo que os recifes apenas existem em 1 por cento do oceano, mas são eles que asseguram mais de 80 por cento da diversidade marinha.
Os Furações - que ocorrem agora sem limites- devido, pensa-se às alterações climáticas - destroem a economia azul, com enormes impactos. A desregulação da pesca, os plásticos (assunto sexy para os oceanos) que entram na cadeia alimentar e voltam ao nosso prato.
Portugal é visto como um país na liderança pela conservação marinha, tem uma agenda para o desenvolvimento sustentável do oceano e pode ganhar essa corrida em definitivo, solidificando essa liderança com a realização da 2ªConferência das Nações Unidas dos Oceanos, que vai realizar-se em Lisboa em 2020.O futuro deste século será o desenvolvimento sustentável e essa consciência já existe nas gerações mais novas, ao contrário da geração que a precedeu.
“Estamos a comer o planeta”, diz Tiago Pitta e Cunha
O tema entrou na discussão depois de uma questão colocada pela Presidente da Sociedade Portuguesa de Ecologia, Maria Amélia Martins Leitão que questionou os oradores com a pergunta “como podemos defender o oceano, quando temos de nos alimentar?
Resposta dada por Tiago Pitta e Cunha que afirmou: nesta altura já entramos no ponto de não retorno, estamos a consumir mais do que poderíamos, por isso é necessário alterar o atual modelo de desenvolvimento económico e lembrou que já existe a tecnologia que nos permite fazer essa inversão.
O presidente da Fundação Oceano, vaticina que no futuro, não iremos consumir tanta carne, haverá mais produção de comida nos oceanos e em laboratório. A atual tendência do vegetarianismo tem a ver com isso mesmo, uma espécie de instinto de sobrevivência, para proteção do planeta, porque se acabarmos com ele, ele acaba connosco, defendeu.
Desta conversa, ficou ainda um sopro sobre a poeira da burocracia que fez movimentar a sala composta por muitos jovens estudantes estrangeiros, é preciso encontrar uma nova forma de trabalhar os assuntos públicos, não faz sentido que tudo continue a funcionar tal e qual como no tempo de Napoleão. Palavra final aos jovens, que podem agir desde logo, sob 3 novas formas : "to vote, to buy, to post”, disse Tiago Pitta e Cunha, três armas novas , votar, consumir e postar. Nem é preciso mais.