La Niña está a desenvolver-se: que impactos para o globo?
De acordo com o que se previa há uns meses, o fenómeno La Niña desenvolveu-se e deverá durar até ao próximo ano.
Segundo os boletins sobre El Niño/La Niña da Organização Meteorológica Mundial (OMM), este ano La Niña desenvolveu-se entre os meses de setembro e outubro.
La Niña e El Niño
O fenómeno La Niña é um fenómeno natural que envolve flutuações das temperaturas da superfície oceânica no Pacífico equatorial, juntamente com alterações na circulação atmosférica. Consiste na descida da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico Tropical Central e Oriental, afetando as temperaturas, precipitação e padrões de tempestade em muitas regiões do globo.
La Niña tem influência na descida das temperaturas médias globais, enquanto que El Niño tem o efeito oposto, um aumento da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico Tropical Central e Oriental, com consequente aquecimento das temperaturas médias globais. El Niño e La Niña não são os únicos, mas são os principais motores naturais do sistema climático da Terra.
A declaração global de um evento La Niña ou de El Niño é utilizada pelos governos para mobilizar o planeamento em sectores sensíveis ao clima, como a agricultura, saúde, recursos hídricos e gestão de catástrofes. De acordo com as últimas previsões dos modelos, espera-se que a La Niña deste ano seja moderada a forte. A última vez que houve um evento forte foi em 2010-2011, seguida por um evento moderado em 2011-2012.
Existe uma elevada probabilidade (90%) de as temperaturas da superfície do mar tropical do Pacífico permanecerem aos níveis de La Niña até ao final de 2020, e talvez até ao primeiro trimestre de 2021 (55%). Isto segue-se a mais de um ano de condições neutras de El Niño e de La Niña.
Impactos de La Niña 2020
O evento La Niña deste ano coincide com uma importante estação de chuvas e plantação em grande parte da África Oriental, onde se prevêem condições mais secas do que o habitual. Isto, somado aos impactos existentes da invasão de gafanhotos do deserto, é mais um desenvolvimento preocupante que pode contribuir de um modo negativo para a segurança alimentar na região.
La Niña pode levar a um aumento da precipitação na África Austral e pode também afetar a estação dos Ciclones Tropicais do Sudoeste do Oceano Índico, reduzindo a intensidade. Na Ásia Central, a última previsão sazonal destaca uma maior probabilidade de ocorrer precipitação abaixo do normal mais cedo do que o habitual em algumas regiões.
La Niña está frequentemente associada a condições climáticas húmidas em grande parte do Sudeste Asiático e Austrália e a última previsão sazonal é consistente com as condições históricas de La Niña. Em eventos La Niña anteriores, no Sul da Ásia ocorreram condições climáticas mais secas do que o habitual no extremo sul e no extremo norte/noroeste e mais húmidas em grande parte das regiões centrais.
Na América do Norte, La Niña traz precipitação acima da média ao longo da região norte do continente e precipitações abaixo da média no Sul. Os últimos resultados do modelo de previsão são consistentes com esta análise de impacto histórico. Nas Caraíbas, os eventos de La Niña podem contribuir para um aumento da intensidade da época dos furacões. A época de 2020 tem sido uma das mais ativas de que há registo até agora.
Na América do Sul, La Niña pode trazer precipitação acima do normal na maior parte da região norte do continente, enquanto que mais a sul a precipitação poderá ser abaixo do normal.