Julho é o 14º mês consecutivo de temperatura global recorde, mas em relação ao oceano global, quebrou-se um recorde

A NOAA divulgou a análise da temperatura global referente ao mês de julho de 2024 e concluiu que se registou mais um mês a bater recorde de temperatura. Foi o julho mais quente da Terra, em 175 anos de registos.

Calor
A nível do globo, julho bateu recorde de temperatura elevada para este mês.

Os Centros Nacionais de Informação Ambiental (NCEI-National Centers for Environmental Information) da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) dos EUA calculam mensalmente a anomalia da temperatura média global, tanto da superfície da terra como da superfície dos oceanos.

Catorze meses consecutivos de temperaturas recorde na Terra

Segundo os cientistas dos Centros Nacionais de Informação Ambiental da NOAA, a temperatura média global da superfície terrestre e oceânica em julho foi 1,21 °C acima da média do século XX (15,8 °C). Isto é 0,03 °C mais quente do que o anterior recorde de julho, estabelecido no ano passado.

Julho de 2024 é o 14º mês consecutivo de temperaturas globais recorde.

Isto quebra o recorde mais longo de temperatura global quente no registo moderno (desde 1980), anteriormente estabelecido de maio de 2015 a maio de 2016. Julho de 2024 marcou o 48º mês de julho consecutivo com temperaturas globais, acima da média do século XX.

Anomalias da temperatura
Anomalias da temperatura média da superfície do globo, no mês de julho, no período de 1850 a 2024. Fonte: NOAA Global Climate Report July 2024

Climatologicamente, julho é o mês mais quente do ano. Sendo o mês de julho mais quente de que há registo, julho de 2024 foi, muito provavelmente, o mês mais quente de que há registo no globo desde 1850.

A temperatura global de julho, apenas em terra, também foi a mais quente de que há registo, com 1,70 °C acima da média. A temperatura apenas no oceano foi a segunda mais quente, com 0,98 °C acima da média.

As temperaturas recordes de julho cobriram grande parte do norte e sul de África, sudeste da Europa e grande parte da Ásia, bem como áreas do oeste dos EUA e oeste do Canadá. Na América do Norte, as áreas de calor anómalo estenderam-se do noroeste do México a grande parte do oeste dos EUA, às planícies do Norte e aos estados da costa leste, bem como a grande parte do Canadá, onde se registaram anomalias superiores a 3,0 °C.

Em julho terminou uma série de 15 recordes mensais consecutivos da temperatura do oceano, que se estendiam de abril de 2023 a junho de 2024.

Na Antártida, particularmente nas áreas central e leste, as temperaturas estiveram também muito acima da média de julho, com ocorrências generalizadas de temperaturas diárias mais de 10 °C acima da média.

Em Espanha e noutros países do Mediterrâneo, as ondas de calor de julho provocaram temperaturas superiores a 38 °C durante vários dias. Esta situação provocou graves incêndios em algumas zonas e centenas de mortes relacionadas com o calor. As temperaturas foram ainda mais elevadas em Marrocos, onde as temperaturas máximas diárias ultrapassaram os 41 °C em muitos locais.

Os investigadores da World Weather Attribution concluíram que a gravidade da onda de calor nesta região se deve às alterações climáticas.

Anomalias da temperatura - globo
Anomalias da temperatura média da superfície do globo em julho de 2024, em relação ao valor médio no período 1991-2020. Fonte: NOAAGlobalTemp v6.0.0-20240806

Nos oceanos, as temperaturas recordes de julho cobriram grande parte do Atlântico equatorial e setentrional, embora a extensão das temperaturas recorde tenha sido menor do que nos últimos meses.

Apenas 0,05% do oceano global registou um recorde de frio em julho.

Durante o mês de julho de 2024, 13,8% da superfície mundial registou uma temperatura recorde, excedendo em 5,4% o anterior recorde de julho estabelecido em 2023. Quase um quinto (19,2%) da superfície terrestre global registou uma temperatura recorde em julho.

Precipitação a nível global em julho

As regiões com mais precipitação do que a média, incluíram grande parte do estado do Alasca, uma grande parte do centro dos EUA e partes do sudeste dos EUA, a Europa Ocidental e do Norte, uma grande parte da Ásia Central e do Sudeste Asiático, incluindo a Índia, o leste do Afeganistão e o norte do Paquistão, partes do centro e do centro-sul da Austrália e grande parte da savana sudanesa da África Ocidental.

Numa região remota e montanhosa do sudoeste da Etiópia, dias de chuva intensa provocaram deslizamentos de terras e relatos de mais de 200 mortes, bem como a destruição de muitas outras casas e culturas.

Nas Filipinas, os efeitos das fortes chuvas de monção foram agravados pelas chuvas do tufão Gaemi. Embora o tufão não tenha atingido as Filipinas, as chuvas fortes e contínuas provocaram graves inundações e deslizamentos de terras, com relatos de muitas mortes e a deslocação de mais de 600 000 pessoas.

As fortes chuvas de meados de julho provocaram inundações nas regiões oriental e central do Afeganistão. Esta situação provocou mais mortes e danos num país que já tinha sido afetado por inundações nas regiões norte e ocidental em maio e junho, provocando danos em grande escala nas infraestruturas, incluindo estradas, pontes, fontes de água e habitações.

Gelo no Ártico e na Antártida e ciclones tropicais

A extensão de gelo no Ártico, em julho, foi a 6ª menor extensão. Por outro lado, na Antártida, a extensão de gelo foi a 2ª menor registada.

Em relação aos ciclones tropicais, é de referir, no Atlântico, a ocorrência do furacão Beryl, que afetou o México algumas ilhas da América Central e o Sul dos EUA e é considerado o furacão de categoria 5 que ocorreu mais cedo, considerando a época dos furacões e no Pacífico o tufão Gaemi, de categoria 4, que afetou o Taiwan e China. Ambos provocaram graves danos e perda de vidas humanas.