Joaninhas voltam em força após o inverno: o que desencadeou este fenómeno em Portugal?

No último fim de semana foi possível o avistamento de várias joaninhas, principalmente no norte de Portugal. Saiba aqui o porquê da ocorrência deste fenómeno.

Joaninha
Agora já pode partilhar os avistamentos das joaninhas através de fotografias na aplicação European Ladybird.

Uma série de joaninhas de sete pintas, da espécie Coccinella septempunctata, foram vistas no fim de semana passado em várias partes do nosso país.

Segundo o jornal Público, estes enxameamentos são fenómenos bastantes comuns no início da primavera, com o aumento da temperatura, consistindo em migrações sazonais após o inverno.

De acordo com o cientista António Onofre Soares, professor do Departamento de Biologia da Universidade dos Açores, este processo denomina-se diapausa, passando o inverno em inatividade.

"Agora, no início da primavera, saem desses locais (de hibernação) e dispersam à procura dos seus habituais habitats para se alimentarem e começarem a época da reprodução."
António Onofre Soares, cientista e professor do Departamento de Biologia da Universidade dos Açores.

Esta espécie, na Europa Central, tem apenas uma geração anual - univoltina, começando agora à procura de habitat onde irá encontrar os pulgões das plantas para se alimentar.

Os seus habitats são principalmente arborícolas, podendo-se também deslocar para campos de cultura de centeio, cevada e trigo onde iniciarão o seu ciclo reprodutivo, levando a uma nova geração anual.

No final do verão, os novos adultos iniciarão uma nova época da diapausa, procurando locais para hibernação.

Joaninhas devoradoras de pulgões

A joaninha, ou dama de sete pintas, dizem que é sinal de felicidade. Porém, para lá das superstições, este inseto é considerada uma aliada dos jardineiros e agricultores.

As cores que exibe não foram deixadas ao acaso: vermelho é sinal de perigo, um aviso para os seus predadores. Pois quando este sinal não é respeitado, a joaninha liberta gotículas de um fluído amarelado e de cheiro desagradável, impedindo-a de ser atacada.

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Além de presa é também predadora e os seus alvos são insetos nocivos para as plantas, como é o casos dos pulgões, evitando assim a necessidade de utilizar produtos químicos no controlo de pragas.

As joaninhas são muito sensíveis aos produtos químicos, por isso estes devem ser evitados a todo o custo.

Não utilizar produtos fitossanitários nas plantas é muito importante para a preservação deste inseto.

Partilha de fotografias

O biólogo António Onofre Soares incentiva o uso da aplicação European Ladybird, onde os cidadãos podem contribuir com fotografias, onde muito facilmente ficam a conhecer a espécie e encontram informação sobre a sua biologia e morfologia.

Esta aplicação resulta de um projeto de ciência-cidadã liderado pelo Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido, em articulação com outros parceiros europeus, incluindo a Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade dos Açores.

Os registos inseridos na app são muito interessantes, pois acabam por dar aos cientistas uma panorâmica, de longo prazo, de qual a abundância desta espécie em Portugal.