Janeiro de 2025 bate recorde de temperatura global e surpreende especialistas

O mês de janeiro de 2025 tornou-se o mês mais quente já registado, ultrapassando em larga escala o recorde anterior, apesar da ausência de um evento El Niño. Saiba mais aqui!

Janeiro mais quente de sempre
O mês de janeiro de 2025 destronou o recorde anterior estabelecido no período análogo de 2024, com as temperaturas globais mais elevadas já documentadas para o mês.

O ano de 2025 começou com um recorde inesperado. O mês de janeiro registou as temperaturas globais mais elevadas já documentadas, superando em larga margem o recorde anterior, estabelecido em janeiro de 2024.

O mais surpreendente para os climatologistas é que este aumento térmico ocorreu sem a influência de um evento El Niño, que historicamente contribui para o aquecimento global temporário. Atualmente, a Terra encontra-se sob condições moderadas de La Niña, que, em teoria, deveriam resultar numa ligeira redução das temperaturas globais.

Uma anomalia climática preocupante

Nos últimos dois anos, 2023 e 2024, as temperaturas globais oscilaram perto e acima do limite de 1,5 °C em relação aos níveis pré-industriais, conforme os dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM). O ano de 2024 foi particularmente quente devido à presença de um evento El Niño moderado, que atingiu o seu pico em novembro de 2023. Por essa razão, muitos especialistas previam que 2025 seria mais fresco, ficando abaixo dos recordes registados nos dois anos anteriores. No entanto, os primeiros dados do ano parecem contrariar essas expectativas.

De acordo com o conjunto de dados ERA5 do serviço Copernicus/ECMWF, as temperaturas globais estiveram em níveis recorde durante as três primeiras semanas de janeiro. Apenas nos últimos dias do mês os valores começaram a descer, saindo do terreno recordista. Mesmo assim, a média mensal de janeiro de 2025 superou todas as anteriores, incluindo 2007, 2016, 2020 e 2024 – anos em que o aquecimento foi impulsionado por eventos El Niño.

Os especialistas ainda estão a analisar os fatores que levaram a esta anomalia térmica. Um dos elementos em consideração é a possível influência do aquecimento dos oceanos, que tem sido contínuo nos últimos anos. Os oceanos absorvem grande parte do calor atmosférico, e as temperaturas oceânicas elevadas podem contribuir para a manutenção de um clima global mais quente. Além disso, a redução da cobertura de gelo no Ártico e na Antártida pode estar a acelerar o processo de aquecimento, uma vez que áreas mais escuras absorvem mais radiação solar.

A evolução das temperaturas globais após o pico do evento El Niño de 2023 também demonstra um comportamento atípico. As comparações com eventos semelhantes do passado indicam que as temperaturas atuais estão na extremidade superior da variação histórica, mesmo considerando um ajuste estatístico para remover as tendências de aceleração dos últimos 20 anos. Este fenómeno sugere que os mecanismos climáticos subjacentes podem estar a sofrer mudanças estruturais, tornando as previsões mais incertas.

Previsões para os próximos meses

Os modelos meteorológicos indicam que a Terra poderá registar um decréscimo das temperaturas em fevereiro, à medida que o hemisfério norte entra numa fase de arrefecimento sazonal mais intenso. No entanto, a ocorrência de um recorde tão expressivo no início do ano levanta preocupações sobre a possibilidade de 2025 acabar por ser um dos três anos mais quentes já registados, contrariando as previsões iniciais.

Os especialistas do UK Met Office, NASA, Berkeley Earth e Carbon Brief têm vindo a projetar as temperaturas globais para 2025, utilizando diversos modelos climáticos e comparando-as com as médias históricas. Embora nenhuma destas projeções antecipasse um recorde em janeiro, os novos dados estão a ser incorporados em modelos atualizados que poderão facultar uma visão mais clara do que esperar nos próximos meses.

Recorde de temperatura em janeiro não previsto nos modelos
Nenhuma das projeções de modelos especializados de entidades como UK Met Office, NASA, Berkeley Earth e Carbon Brief esperavam o recorde da temperatura no mês de janeiro.

A incerteza em torno das temperaturas futuras reforça a urgência da ação climática. O aumento contínuo da temperatura média global aumenta o risco de eventos climáticos extremos, incluindo as ondas de calor, os incêndios florestais, as secas e as tempestades mais intensas.

A inesperada marca térmica de janeiro de 2025 pode indicar uma tendência preocupante para o resto do ano. Se o padrão de aquecimento persistir, 2025 poderá surpreender novamente e disputar o título de ano mais quente já registado. Este cenário reforça a necessidade de continuar a monitorizar e compreender os mecanismos do aquecimento global, ajustando políticas e estratégias de mitigação climática.