Janeiro 2025 foi o 2º mais chuvoso e o 4º mais quente desde 2000: Teresa Abrantes analisa estes dados impressionantes
O mês de janeiro de 2025, em Portugal continental, classificou-se, do ponto de vista climatológico, como um mês muito quente em relação à temperatura do ar e muito chuvoso em relação à precipitação.
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Em janeiro, além de termos tido regiões anticiclónicas, em alguns dias, a condicionar o estado do tempo, este foi predominantemente condicionado por regiões depressionárias e pela aproximação e passagem de ondulações frontais ou superfícies frontais frias, que deram origem à ocorrência de precipitação.
Temperatura muito acima dos valores normais para o mês de janeiro
De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, IPMA, em Portugal continental, no mês de janeiro, o valor médio da temperatura média do ar, 10.71 °C, foi 1.66 °C superior ao valor da normal 1991-2020. Janeiro de 2025 foi o 4º mais quente desde 2000 e foi o 6º janeiro mais quente desde 1931, sendo o mais quente o de 1955, com uma média de 11.28 °C.
O valor médio da temperatura máxima do ar, 14.91 °C, foi 1.55 °C acima do valor médio no período 1981-2010 e foi 3º valor mais alto desde 1931. O valor mais alto registou-se em 2015. O valor médio da temperatura mínima do ar, 6.51 °C, foi superior ao valor médio, com uma anomalia de 1.78 °C, tendo sido o 4ª mais alta desde 2000.
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O maior valor da temperatura máxima do ar foi 22.1 °C, que se registou em Alcácer do Sal, no dia 12, o menor valor da temperatura mínima, -8.1 °C, ocorreu em Miranda do Douro, no dia 15, enquanto que o valor mais alto da temperatura mínima do ar, 16.9 °C, foi registado na estação meteorológica de Sagres no dia 5.
Em dois períodos, de 3 a 13 e de 20 a 31 do mês de janeiro, destacam-se valores diários da temperatura do ar muito acima do valor médio mensal e no período de 14 a 19 de janeiro, registaram-se valores da temperatura do ar muito abaixo da média mensal.
No período de 14 a 16 de janeiro 45% das estações meteorológicas da rede do IPMA registaram temperaturas negativas, destacando-se o dia 15 com 10% das estações a registarem temperaturas inferiores a -5.0 °C.
No dia 11 foi alcançado um novo extremo de maior valor da temperatura mínima para o mês de janeiro na estação de Monção com 14.8 °C. O anterior recorde era 14.5 °C, registado no dia 13 de janeiro de 1993.
A precipitação esteve muito acima dos valores médios para janeiro
Ainda de acordo com o IPMA, o mês de janeiro de 2025 registou um total de precipitação mensal de 190.3 mm, que corresponde a 181% do valor médio 1991-2020, com uma anomalia de 85.3 mm.
Valores de precipitação superiores aos registados neste mês de janeiro ocorreram em 20% dos anos desde 1931.
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Durante o mês de janeiro registaram-se valores elevados de precipitação em especial no período de 5 a 8 na região Norte e Centro e nos períodos 19 a 22 e 24 a 29 em todo o território.
O maior valor da quantidade de precipitação em 24h foi 116.2 mm, que se registou em Montalegre, no dia 26, enquanto que o maior valor mensal da quantidade de precipitação foi registado na estação meteorológica de Cabril, 549.5 mm e o menor valor na estação meteorológica de Olhão, 61.9 mm.
O valor mais elevado de percentagem de precipitação em janeiro, em relação ao valor médio, 295%, verificou-se na Guarda e o menor, 85%, no Cabo Carvoeiro.
Monitorização da Seca – Índice PDSI
O valor da quantidade de precipitação acumulada no final de janeiro referente ao ano hidrológico 2024/2025 (1 de outubro de 2024 a 30 setembro de 2025) foi de 422 mm, o que corresponde a 95% do valor normal 1991-2020.
Em termos espaciais, os valores da quantidade de precipitação acumulada no ano hidrológico 2024/2025 são inferiores ao normal no litoral oeste da região Norte e Centro e em alguns locais de altitude da zona Centro, e também na metade litoral da região Sul, abrangendo ainda quase toda a região do Algarve. No restante território os valores de precipitação acumulados desde outubro estão próximos do valor médio 1991-2020.
De acordo com o Índice Meteorológico de Seca, PDSI, índice meteorológico de seca calculado pelo IPMA para monitorização da situação de seca, no final de janeiro verificava-se uma diminuição significativa da área e intensidade da seca meteorológica.
Em termos de distribuição percentual por classes do índice PDSI no território continental, no final de janeiro verificava-se: 53.4% na classe de chuva fraca, 40.3% na classe normal, 6.2% na classe de seca fraca e 0.1% na classe de seca moderada.