Já pode conhecer o Barracuda: o mais antigo submarino da NATO está de escotilhas abertas em Almada

Depois de várias meses de obras e reparações, o navio-museu abriu portas para dar a perceber como era a vida a bordo de submarino de guerra.

Barricuda
Já pode conhecê-lo. Foto: Marinha Portuguesa

Já pensou como seria viver dentro de um submarino de guerra, perceber como era operado e o que podia levar a bordo? Agora, pode deixar de imaginar e viver essa realidade. Bem, vivê-la por algumas horas.

Depois de vários meses parado em Cacilhas, Almada, para reparações, o Barracuda vai finalmente abrir a sua escotilha para visitas ao público. E o que terá este submarino de especial? Trata-se do mais antigo de todas as marinhas de guerra da NATO.

Com mais de 40 anos ao serviço da Marinha Portuguesa e depois de 800 mil milhas percorridas — o equivalente a 36 voltas ao mundo — e 300 missões completadas, a embarcação volta agora ao ativo como navio-museu.

As portas abriram-se aos visitantes no sábado passado, 11 de maio, junto ao terminal fluvial de Cacilhas. Desde então, é possível visitá-lo de terça a domingo, entre as 10:00 e as 18:00 h. Os bilhetes podem ser adquiridos no local e têm um custo de 4€ por visitante, mas prepare-se porque é provável encontrar filas de espera.

Uma inauguração especial

A cerimónia de inauguração do museu que classificou oficialmente o Barracuda como Museu Naval decorreu durante a tarde da quinta-feira passada, 9 de maio. Este dia contou com a presença do Chefe do Estado-Maior da Armada, o Almirante Henrique Gouveia e Melo, e da Presidente da Câmara Municipal de Almada, Inês de Medeiros.

“Vamos mostrar aos visitantes o que era a vivência dentro do submarino, como era operado e o que leva a bordo”, afirmou Daniel Letras, diretor do núcleo museológico e comandante do Barracuda.

O comandante disse ainda que através do periscópio do submarino será possível ver, no outro lado da margem, o Terreiro do Paço e o Castelo de São Jorge.

Ainda assim, é no interior que encontrará as maiores surpresas. Isto porque ao longo da visita será acompanhado por um sistema de som imersivo que promete levá-lo numa viagem pelo oceano e por realidades passadas.

Ali conseguirá ouvir “golfinhos e baleias, o ruído provocado pelas hélices de um navio mercante, assim como o som de transmissões sonar de navios de guerra que andam em busca de submarinos”, informa a Marinha Portuguesa.

Um processo transformador "complexo"

O submarino já tinha estado antes aberto para visitas pontuais, mas era impensável, por razões de segurança, ter permanentemente público visitante a bordo do navio-escola.

Barricuda
O submarino sofreu alterações. Foto: Marinha Portuguesa

Para melhorar, então, a experiência imersiva e de forma a albergar um elevado número de visitantes, a embarcação sofreu algumas alterações. “Abrimos duas portas acessíveis por pranchas que ligam o submarino ao cais e a escotilha de entrada oficial no submarino não está aberta”, refere Daniel Letras.

“Foi quase como fazer um segundo submarino porque as questões de segurança obrigaram a um novo projeto e nova infraestrutura, com sistema de deteção de incêndios, iluminação de emergência e videovigilância. Foi uma missão difícil e complexa, mas que ficou bem concluída e estamos muito satisfeitos”, acrescenta.

O submarino integra, agora, o polo museológico da Marinha Portuguesa na doca seca de Cacilhas, juntando-se à Fragata D. Fernando II e Glória.

Uma relíquia da Marinha Portuguesa

O NRP Submarino Barracuda entrou ao serviço da Marinha no dia 4 de maio de 1968 e durante 42 anos, desempenhou diversas missões nacionais e internacionais, como nas Ilhas Britânicas, Ilhas Canárias e no Mediterrâneo Ocidental”, lê-se no site da Marinha.

O Barracuda podia descer até 300 metros de profundidade e passar 31 dias submerso. “Para a tripulação de 54 homens havia 35 camas, o famoso sistema de cama quente, com a tripulação a dormir por turnos. Os 12 mil litros de água que transportava eram para consumo, banhos nem vê-los. Só para o comandante e militares de serviço à chegada a algum porto”, lê-se na revista Time Out.

Em 2010 desempenhou a última missão, assentando arraiais na margem Sul do rio Tejo, em Cacilhas, para as obras que o fariam estar devidamente preparado para receber visitas dos mais curiosos. Agora volta ao "ativo" como navio-museu, com o objetivo de contribuir para a cultura naval sobre Marinha Portuguesa.