Já não podemos escapar à poluição: novo estudo afirma que não estamos livres, nem nas nossas casas
Uma análise comparativa entre o interior e o exterior das casas permitiu aos investigadores compreender que os níveis de poluição dentro das casas são muito mais perigosos do que se pensava. Fique a saber tudo, connosco!
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Uma equipa de cientistas, denominada “McCall MacBain Clean Air Fellowship”, patrocinados pela Universidade de Birmingham, desenvolveu um conjunto de sensores que permitiu perceber que os níveis de poluição do ar no interior das casas, principalmente na análise feita no Reino Unido, são extremamente elevados, quando comparados com o ar exterior.
Assim, os habitantes estarão expostos a níveis elevadíssimos de poluentes atmosféricos, mesmo quando a qualidade do ar exterior é considerada boa. Se até agora se consideravam as habitações como seguras, este estudo pode revolucionar a perceção que temos da segurança e da qualidade do ar.
Metodologia utilizada
Uma equipa de investigadores utilizou, num período de duas semanas, um conjunto de sensores de baixo custo e algumas técnicas inovadoras que permitiram, em três casas distintas, a identificação de micropartículas (material particulado, ou MP), um conjunto de partículas sólidas e líquidas que ficam em suspensão no ar e que são responsáveis por milhares de vítimas mortais anualmente.
Uma das casas analisadas apresentava uma concentração de PM2,5 superior ao limite estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Alguns fatores, como a localização das casas, a qualidade da ventilação e os padrões de ocupação influenciam a concentração destas micropartículas.
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As casas estudadas localizam-se perto da cidade de Birmingham, a cerca de 4 km do centro da mesma, sendo que são habitadas pelo mesmo número (4 a 5 habitantes) e contam com aquecimento central, fogão e forno, tudo alimentado a gás natural.
A técnica inovadora utilizada consiste na ferramenta de análise de dados “Non-negative Matrix Factorization” que permitiu descobrir padrões latentes num conjunto de dados, recolhidos por sensores, neste caso, de baixo custo.
Abordagem ao futuro
As técnicas e as tecnologias utilizadas estarão, segundo os especialistas, ao alcance económico de qualquer família. Assim, os especialistas ressalvam a importância da monitorização da qualidade do ar das casas, para ajudar à implementação de políticas de saúde pública mais bem informadas.
A ideia deste grupo de trabalho é alargar este tipo de estudos a mais casas e num período mais longo de análise. Com o apoio contínuo da instituição de ensino superior acima identificada, poderão ajudar os cidadãos comuns a minimizarem os problemas de saúde associados à má qualidade do ar.
De resto, a Universidade de Birmingham está na vanguarda da investigação desta temática, com mais de 100 investigadores, distribuídos por 5 faculdades a desenvolverem uma análise das causas e dos efeitos da poluição atmosférica na saúde da população mundial. Para além do capital humano, este estabelecimento está dotado com instalações e infraestruturas de última geração, onde já foram desenvolvidos vários estudos sobre a poluição do ar.
Referência da notícia:
Rathbone, C.J., Bousiotis, D., Rose, O.G. et al. Using low-cost sensors to assess common air pollution sources across multiple residences. Sci Rep 15, 1803 (2025).