Islândia em alerta perante possível erupção vulcânica
Vulcão mostra sinais de erupção 800 anos após a última atividade. Situado no extremo sudoeste da ilha, a 30 km da capital Reyjkjavik, a erupção poderá estar iminente, de acordo com os especialistas islandeses.
Os tremores que apontam para uma possível erupção na Islândia foram detetados na tarde da última quarta-feira, 3 de março de 2021, perto do monte Keilir, inativo ao longo dos últimos 800 anos. De acordo com o Instituto Meteorológico da Islândia, a partir das 14h20 (hora local), a atividade sísmica intensificou-se na península de Reykjanes e o nível no código de cores da aviação islandesa subiu de amarelo (agitação elevada) para laranja (agitação intensa).
Na semana anterior já vários sismos tinham abalado esta área, inclusive um terramoto de magnitude 5.7, não se tratando por isso de algo pontual. Assim, os cientistas contemplam um cenário de eventual erupção vulcânica. Existe movimento crescente do solo, o que leva os peritos a considerar que a atividade sísmica é provocada por correntes de magma sob o solo que poderão dirigir-se para o vulcão.
De acordo com Kristín Jónsdóttir, do Instituto Meteorológico da Islândia, “isto parece ser o tipo de atividade que esperamos no período que antecede uma erupção". Víðir Reynisson, elemento da Defesa Civil da ilha disse que se uma erupção - a primeira na área desde o século XII - estivesse prestes a começar, poderia acontecer nas horas seguintes. No entanto, para já "nenhuma catástrofe está em curso e todos podem continuar com a sua vida quotidiana". Recomendou também que as pessoas devem evitar viajar para a área na península de Reykjanes.
Será como em 2010 quando se deu a erupção do Eyjafjallajökull?
Segundo Freysteinn Sigmundsson, um geofísico, se a erupção realmente ocorrer, poderá atrasar-se por vários dias. “Se o magma chegar à superfície, é pouco provável que se apresente sob a forma de uma explosão de lava e cinzas a disparar para o céu, mas sim o que é conhecido como uma erupção de fissura, na qual a lava emerge mais lentamente de uma fenda na superfície da terra”, disse Freysteinn.
"Este evento é completamente diferente do Eyjafjallajökull", disse Freysteinn. "É muito improvável que perturbe o transporte aéreo (...) será provavelmente uma erupção de lava com pouca atividade explosiva".
Isto significa que é improvável que se repita o caos de 2010, quando a erupção explosiva de seis dias do vulcão Eyjafjallajökull, mais a sul, causou uma enorme perturbação nas viagens aéreas internacionais, afetando cerca de 10 milhões de viajantes.
Qualquer fluxo de lava perto do Monte Keilir é pouco provável que chegue a áreas povoadas, afirmam os especialistas, mas poderia interromper o tráfego aéreo de e para o aeroporto internacional de Keflavík.
A Islândia é região vulcânica mais ativa da Europa, com uma erupção a cada cinco anos, em média. A última erupção foi em Holuhraun, que teve início em agosto de 2014 e terminou em fevereiro de 2015, no sistema vulcânico de Bardarbunga, numa área desabitada do sudeste da ilha. Essa erupção não causou grandes problemas nas proximidades.