IPMA revela que dezembro foi quente e extremamente seco: meteorologista Teresa Abrantes analisa os principais destaques

No mês de dezembro, o estado do tempo em Portugal continental foi condicionado predominantemente por situações anticiclónicas e com predomínio de fluxo do quadrante leste. No período de 17 a 19, ocorreu precipitação devido à influência de um sistema frontal e à passagem da superfície frontal fria de atividade moderada a forte.

Temperatura acima dos valores normais para o mês de dezembro

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, IPMA, em Portugal continental, no mês de dezembro, o valor médio da temperatura média do ar, 10.26 °C, foi superior ao valor da normal 1981-2010, com uma anomalia de 0.45 °C.

Nos últimos 10 anos apenas em 2017 e 2020 o mês de dezembro registou uma temperatura média inferior ao normal.

O valor médio da temperatura máxima do ar, 15.16 °C, foi 1.42 °C superior ao valor médio no período 1981-2010, sendo o 7º valor mais alto desde 1931. O valor mais alto ocorreu em 2015.

O valor médio da temperatura mínima do ar, 5.35 °C, foi inferior ao valor médio, com uma anomalia de -0.53 °C.

O maior valor da temperatura máxima do ar foi 25.1 °C, que se registou em Aljezur, no dia 01, o menor valor da temperatura mínima, -4.5 °C, ocorreu em Figueira de Castelo Rodrigo, no dia 15, enquanto que o valor mais alto da temperatura mínima do ar, 18.1 °C, foi registado na estação meteorológica de Sagres no dia 2.

Durante o mês de dezembro verificou-se uma alternância nos valores da temperatura do ar em relação ao valor médio mensal, destacando-se o período quente no início do mês (1 a 7) seguido de um período frio (8 a 16) em que se registaram anomalias mais significativas e ainda um segundo período quente mais curto (17 a 19).

Relativamente aos valores da temperatura mínima do ar, destacam-se os dias 11 e 21 com, respetivamente, 40% e 35% das estações a registarem temperaturas negativas.

No mês de dezembro registaram-se em algumas estações novos extremos nos maiores valores da temperatura máxima e mínima do ar. Na temperatura máxima do ar, 3 dos 4 extremos registados nas estações meteorológicas da rede do IPMA ocorreram no dia 1 de dezembro, com destaque para a estação meteorológica de Moimenta da Beira, que, ao atingir 20.0 °C, registou uma diferença de 1.5 °C em relação ao maior valor anterior, ocorrido em dezembro de 2018.

A precipitação esteve muito abaixo dos valores médios para dezembro

Ainda de acordo com o IPMA, o mês de dezembro de 2024 registou um total de precipitação mensal de 15.9 mm, que corresponde a apenas 12% do valor médio 1981-2010, com uma anomalia de -118.2 mm.

De salientar que, desde 2000, os valores de precipitação registados no mês de dezembro, têm sido quase sempre inferiores à média, apenas em 6 anos foram superiores.

Durante o mês não se registou precipitação significativa, exceto no dia 18, na região Norte. Alguns locais do interior Centro e do Alentejo, registaram totais mensais inferiores a 5 mm.

O maior valor da quantidade de precipitação em 24h foi 49.6 mm, que se registou em Montalegre, no dia 18, enquanto que o maior valor mensal da quantidade de precipitação em dezembro foi registado na estação meteorológica de Braga, 65.5 mm, e o menor valor na estação meteorológica de Portimão, 1.7 mm.

O valor mais elevado de percentagem de precipitação, em dezembro, em relação ao valor médio, 24.9% verificou-se em Monção e o menor, 1.6%, em Castelo Branco.

Monitorização da Seca – Índice PDSI

O valor da quantidade de precipitação acumulada no final de dezembro referente ao ano hidrológico 2024/2025, 231.7 mm, corresponde a 64% do valor normal 1981-2010.

Em termos espaciais, os valores da quantidade de precipitação acumulada no ano hidrológico 2024/2025 são inferiores ao normal em praticamente todo o território e, em especial, numa faixa entre a península de Setúbal e o Barlavento Algarvio com valores, em relação ao valor normal, inferiores a 50%.

De acordo com o Índice Meteorológico de Seca, PDSI, índice meteorológico de seca calculado pelo IPMA para monitorização da situação de seca, no final de dezembro verificou-se um aumento da área em seca meteorológica, que se estendeu a toda a região Sul e a alguns distritos da região Centro (Lisboa, Santarém e Setúbal).

Em termos de distribuição percentual por classes do índice PDSI no território continental, no final de dezembro verificava-se: 1% na classe de chuva fraca, 44.1% na classe normal, 45.7% na classe de seca fraca, 8.9% na classe de seca moderada e 0.2% na classe de seca severa.