IPCC reúne para aprovar relatório crucial sobre a crise climática
A reunião do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para aprovar a síntese do Sexto Relatório de Avaliação começou em Interlaken, na Suíça, segunda 13 de março e decorreu até sexta, 17 de março.
Durante a semana que passou esteve em discussão, em Interlaken na Suíça, a aprovação do Relatório Síntese da Sexta Avaliação sobre alterações climáticas do IPCC. Durante a abertura da reunião, no passado dia 13 de março, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou para a urgência da crise climática e destacou a importância do relatório a ser aprovado pelo IPCC.
Num vídeo apresentado na abertura, Guterres enfatizou que o mundo está numa encruzilhada e que o planeta está em perigo iminente. Mencionou também a proximidade do ponto sem retorno e da superação do limite internacional acordado de 1,5 °C de aquecimento global.
Para Guterres, os factos sobre a alteração climática não estão em questão, mas sim as ações de uma humanidade que está "no limite de um ponto crítico". No entanto, ele destacou que ainda há tempo para agir. Guterres enfatiza que perante escolhas difíceis, mas essenciais, podemos acelerar a eliminação gradual dos combustíveis fósseis e encerrar a lacuna de emissões.
O que é, então, o IPCC e quais são os principais avanços?
Vale lembrar que o IPCC é a principal autoridade internacional sobre alterações climáticas e os seus relatórios são amplamente utilizados por policy-makers e governos para orientar ações em relação ao clima. Até à presente data, o IPCC já produziu seis Relatórios Síntese desde meados da década de 1990, aquando do 1º Relatório de Avaliação do IPCC.
São três os Grupos de Trabalhos que realizam as avaliações de artigos científicos publicados sobre alterações climáticas a nível internacional, sendo que os principais temas estratégicos são ciência, impactes, vulnerabilidade e mitigação das alterações climáticas.
No caso em concreto do Relatório Síntese agora apresentado integra e resume as conclusões dos seis relatórios divulgados pelo IPCC durante o atual ciclo que começou em 2015, incluindo três Relatórios Especiais e as três contribuições do Grupo de Trabalho do IPCC para o Sexto Relatório de Avaliação.
Um desses relatórios especiais, publicado em 2018, foi muito referenciado, pois concentrou-se nos impactes do aquecimento global estimado em 1,5 ºC. Agora, com a aprovação do Relatório Síntese, o IPCC fornecerá uma síntese crucial das evidências científicas mais recentes sobre as alterações climáticas e os seus impactes na sociedade.
Durante a reunião, o IPCC apresentará o resumo do Relatório de Síntese linha por linha e adotará o relatório mais longo, secção a secção. O presidente do IPCC, Hoesung Lee, afirmou que o Relatório Síntese tornar-se-á um documento político fundamental para moldar a ação climática na década atual e que a inação não é uma opção.
Reunião plenária assume uma posição de destaque na resolução da crise climática
Mais de 650 delegados estiveram presentes na reunião plenária do IPCC, e o Conselheiro Federal Suíço Albert Rösti deu as boas-vindas em nome do país anfitrião.
Além disso, às mensagens em vídeo do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, juntaram-se os testemunhos do Secretário-Geral da Organização Meteorológica Mundial, Petteri Taalas, da Diretora Executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Inger Andersen, e da Secretária Executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), Simon Stiell.
Convém ressalvar que o local estratégico para a realização desta reunião revela os problemas a que o nosso planeta está sujeito. Interlaken, localidade onde se realiza a reunião do Painel fica a poucos quilómetros do glaciar Aletsch, o maior da Europa Ocidental, mas que está a diminuir rapidamente graças ao aquecimento global.
É, de facto, tempo para que todos os países se comprometam a adotar medidas urgentes para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e proteger o planeta para as gerações futuras. A COP 28 no Dubai, Emirados Árabes Unidos, será uma oportunidade crucial para que os países se unam em torno de um objetivo comum: garantir um futuro sustentável para o nosso planeta.