Inundações, secas, ondas de calor, tempestades e incêndios podem causar 14,5 milhões de mortes até 2050

As alterações climáticas, que geram a ocorrência de fenómenos meteorológicos extremos, prometem exercer uma enorme pressão sobre os sistemas de saúde à escala global, mas, também sobre o equilíbrio ecológico do planeta, alerta um estudo da Oliver Wyman, em colaboração com o Fórum Económico Mundial.

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O estudo “Avaliação do impacto das alterações climáticas na saúde humana”, em colaboração com o Fórum Económico Mundial, olha para as secas como um dos fenómenos com efeito mais devastador para as comunidades e para os sistemas de saúde.


O relatórioAvaliação do impacto das alterações climáticas na saúde humana”, elaborado pela consultora Oliver Wyman em colaboração com o Fórum Económico Mundial, lança um aviso sério. As alterações climáticas podem causar até 14,5 milhões de mortes até 2050.

As inundações representam o maior risco de mortalidade, de acordo com o estudo, que estima que possam ocorrer 8,5 milhões de mortes até 2050 causadas por esses fenómenos. Seguem-se as secas, que poderão provocar 3,2 milhões de mortes, e as ondas de calor, que são suscetíveis de fazer perecer 1,6 milhões de pessoas.

António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, lançou, na mesma semana, um aviso global acerca dos eventos de calor extremo, que estão a aumentar em escala, intensidade, frequência e duração. E avisou que a Terra está a ficar mais quente e mais perigosa para todos, em todo o lado, muito por culpa dos países mais ricos do mundo, que “estão a comprometer o futuro, com uma onda de expansão da atividade das energias fósseis”.

Estarmos todos a sentir cada vez mais o calor

"As temperaturas extremas já não são um fenómeno de um dia, de uma semana ou de um mês. Se há uma coisa que une o nosso mundo dividido, é o facto de estarmos todos a sentir cada vez mais o calor", disse António Guterres.

O estudo “Avaliação do impacto das alterações climáticas na saúde humana”, em colaboração com o Fórum Económico Mundial, olha para todos estes fenómenos e calcula: os custos totais dos sistemas de saúde para tratar as doenças causadas pelas mudanças climáticas podem “ultrapassar os mil milhões de euros em 2050”.

Daí a importância da “implementação de políticas proativas”, que possam, “não só, impactar positivamente a economia global, como também melhorar a qualidade de vida e a saúde pública”. E a colaboração entre o setor público e privado foi identificada como “uma estratégia crucial para mitigar os efeitos das alterações climáticas na saúde humana”.

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Um estudo divulgado pela consultora Oliver Wyman analisa seis categorias que podem ter efeitos negativos na saúde e na sociedade: inundações, secas, ondas de calor, tempestades tropicais, incêndios florestais e aumento do nível do mar.

Olhando para as consequências, que podem ser “devastadoras”, do aumento gradual da temperatura média da Terra na saúde pública, o documento divulgado analisa seis categorias que podem ter efeitos negativos na saúde e na sociedade: inundações, secas, ondas de calor, tempestades tropicais, incêndios florestais e aumento do nível do mar.

Níveis de CO2 aumentaram 50% em cerca de 200 anos

A gravidade dos fenómenos climáticos começou a sentir-se na década de 1970, com o aumento das emissões de gases com efeito de estufa. Dados mais recentes mostram que os níveis de CO2 aumentaram 50% em cerca de 200 anos, desde a era pré-industrial, lê-se no mesmo estudo.

O aumento incessante das emissões provém das atividades económicas humanas, seja pela queima de combustíveis fósseis, padrões de consumo e produção ou uso do solo.

O estudo da consultora Oliver Wyman apresenta estratégias de redução de emissões para evitar perdas económicas de até 11,5 biliões de euros até 2050. Essas perdas representariam “um custo excessivo para a saúde mundial”, advertem os seus autores.

As medidas propostas referem-se, sobretudo, à redução necessária da frequência e intensidade dos fenómenos meteorológicos – como as ondas de calor, inundações e tempestades –, que têm “um efeito devastador para as comunidades e para os sistemas de saúde”.

O estudo prevê-se que, “até 2050, aproximadamente 70% das mortes se concentrem em regiões identificadas de alto risco, em particular no Sudeste Asiático”, onde as ondas de calor prolongadas causarão um aumento de doenças.

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A Ásia, devido à alta concentração de pessoas que vivem em áreas costeiras baixas, pode sofrer “perdas económicas de cerca de 3,2 mil milhões de euros”. E esta é uma região que tem já sido testemunha de um grande número de desastres e de vítimas a nível mundial.

Por sua vez, África, devido à falta de recursos, infraestruturas inadequadas e a carência de equipamento médico essencial, encontra-se numa “posição de maior vulnerabilidade face aos impactos das mudanças climáticas na saúde do que outras regiões”. Isso faz com que a sua capacidade de abordar e de se adaptar à alterações ambientais seja “um desafio ainda maior”.

Depois da Ásia, a Europa é a região que se prevê que enfrente maiores perdas económicas decorrentes das alterações climáticas (2,3 mil milhões de euros), seguida da América do Sul (1,9 mil milhões de euros) e África em terceiro lugar (1,8 mil milhões de euros).

Por sua vez, o tratamento das doenças causadas pelas mudanças climáticas pode vir a ter impactos nos sistemas de saúde na ordem dos 990 milhões de euros (até 2050).

Quase metade deste valor é atribuído à América do Norte e Central (onde os custos de hospitalização e tratamento são mais elevados) e à Ásia, devido ao grande número de pessoas afetadas por catástrofes climáticas.

A consultora Oliver Wyman possui escritórios em mais de 70 cidades de 30 países e integra equipas especializadas em estratégia, operações, gestão de risco e transformação da organização. Detém mais de 6.000 profissionais em todo o mundo que trabalham com clientes para otimizar os seus negócios, melhorar as suas operações e perfil de risco e acelerar o seu desempenho organizacional.