Início de fevereiro: em que estado estão as nossas barragens?

O início do mês de fevereiro continua a ser pautado por alguma baixa quantidade de água armazenada. 11% das albufeiras monitorizadas em território nacional registam menos de 40% de armazenamento de água e na última semana registou-se um decréscimo de 0,93% do total armazenado a nível nacional.

Barragem hidroelétrica no vale do Douro. O Douro encabeça a lista de bacias hidrográficas com o maior volume de água armazenada no início de fevereiro, mas a situação permanece preocupante em várias áreas do país.

Depois de um início de ano prometedor para o equilíbrio das nossas barragens, o início do mês de fevereiro continua a dar conta de algumas albufeiras abaixo de 40% do volume total. E o impasse nas condições meteorológicas para o último mês do inverno climatológico deixa-nos sérias dúvidas sobre a capacidade de armazenamento de água nas albufeiras do Sul do país.

O que os modelos Ensemble ECMWF nos vão dizendo é que, embora a precipitação possa ocorrer em alguns períodos até ao final do mês, não será muito intensa, com possibilidade de maior expressão na segunda metade do mês e no Carnaval. Certo é que os dados do modelo Copernicus – C3S não anteveem qualquer sinal positivo significativo de uma eventual anomalia de precipitação sobre Portugal Continental neste mês.

De qualquer forma, os últimos dias têm sido pautados por tempo seco e marcado por ação anticiclónica, sobretudo a norte do país.

Mês de fevereiro com armazenamentos inferiores à média

A primeira semana do mês de fevereiro revelou que uma boa parte das barragens apresentavam valores de armazenamento de água inferiores à média para o mês, do período compreendido entre 1990-91 e 2021-22.

O Barlavento Algarvio continua a registar a mais baixa quantidade de água armazenada no início do mês de fevereiro, bem abaixo do valor médio de 77% que costuma registar nesta altura, segundo dados do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH).

SNIRH; APA; albufeiras; Portugal
Barlavento Algarvio continua a apresentar uma situação de défice de armazenamento de água preocupante. Fonte: Adaptado do Relatório do SNIRH, de 6 de fevereiro 2023.

Nesta primeira semana do mês de fevereiro, com menor disponibilidade de água continuam a posicionar-se também as bacias do Arade (41,8%), de Mira (36,1%) e do Sado (56,1%).

No que concerne às bacias que detêm os níveis mais elevados encontram-se as bacias do Cávado (80,1%), do Douro (90,3%), do Lima (80,5%), do Guadiana (87,4%), do Tejo (88,1%), do Vouga (83,8%) e do Oeste (80,3%). Todas estas bacias hidrográficas registam valores de armazenamento superiores a 80%.

Uma das bacias que mais decresceu o armazenamento em 7 dias foi a do Ave, com uma quebra de 18%, posicionando-a na posição cimeira de entre as 7 bacias mais críticas. O enchimento a 6 de fevereiro é, aliás, já inferior à média de enchimento para o mês de fevereiro registada nos últimos 30 anos (em -2%).

Qual é o balanço neste momento? E o que podemos esperar?

No boletim semanal do SNIRH de 6 de fevereiro, 46 das 79 albufeiras monitorizadas apresentavam disponibilidade hídricas iguais ou superiores a 80% do volume total. De qualquer forma, uma rápida comparação relativamente ao boletim da passada semana denota uma diminuição do volume armazenado em 11 bacias hidrográficas, quando comparado com o aumento em apenas 4.

Nesta época do ano, é expectável que as albufeiras pudessem subir, sendo que o máximo costuma ser atingido a meio ou no final da primavera. Convém ressalvar, porém, que nesta ocasião os modelos de precipitação parecem apontar para quantidades de precipitação pouco abundantes nas próximas semanas.


Pese embora o facto de apenas alguns locais da região interior Sul se encontrarem em seca fraca no final do ano de 2022 (6% dos territórios), a verdade é que algumas das barragens, sobretudo no Barlavento Algarvio, continuam a apontar para uma situação preocupante na gestão hídrica do nosso país.