Ingestão de álcool: novo estudo indica que não há dose segura!
Num país conhecido pelo vinho, especialistas alertam para o facto de que uma dieta com ingestão de álcool pode não ser tão benéfica quanto se pensava. Fique a saber mais sobre este assunto, connosco!
Nas últimas décadas, vários estudos científicos apontavam para a manutenção de hábitos alcoólicos, se bem que moderados. O consumo moderado de álcool, nomeadamente vinho, era aconselhado pela maioria dos clínicos de medicina geral e familiar, pelo menos como acompanhamento nas refeições (preferencialmente ao almoço).
Um novo estudo indica que esta prática está errada e que os benefícios da ingestão controlada de álcool são, afinal, muito menores do que se pensava. Sabe-se que quem bebe regularmente o faz por conforto, mas este comportamento pode pôr em causa a saúde e a longevidade de quem o pratica.
Dados concretos
Uma equipa de cientistas do Canadá analisou mais de 100 estudos sobre o consumo regrado de álcool e a relação com o tempo de vida. Uma das particularidades destes estudos é que os consumidores moderados eram comparados com abstémicos ou consumidores esporádicos, sem ter em conta que estes teriam diminuído ou abandonado o consumo de álcool devido a problemas de saúde.
Por outras palavras, entre os abstémicos ou os consumidores ocasionais de álcool há um número considerável de pessoas com outras doenças o que faz com que os consumidores regulados pareçam estar em melhor situação em termos de saúde. Os responsáveis do mais recente estudo sobre esta matéria consideram que durante anos, os alegados benefícios do consumo regrado de álcool não passaram de golpes de propaganda por parte da indústria do setor.
Uma das imagens de marca desta propaganda, é, segundo os cientistas canadianos, a “curva de J”, que mostra que as taxas de mortalidade são mais baixas entre a população que consome álcool regularmente, mas em quantidades controladas. Este tipo de dados validados até agora, impediram que se formulassem políticas eficazes de redução do consumo de álcool e os impactes consequentes na saúde pública.
O consumo de álcool em Portugal e na Europa
Esta desmistificação será uma espécie de bomba naquele que é o comportamento de milhões de portugueses. À boleia da dieta mediterrânea, o consumo de vinho foi sempre bem visto, até pela comunidade médica, pelas vantagens que potencialmente acrescentava ao sistema cardiovascular.
Contudo, o consumo de bebidas alcoólicas, tanto em Portugal como no resto da Europa tem vindo a crescer de ano para ano, principalmente nas franjas mais jovens da população. Para que se tenha uma ideia do problema, em 2023 constatou-se que a dependência de álcool aumentou quase 50% na última década, havendo também mais mulheres a beber em excesso, desenvolvendo com mais frequência doenças como cirrose hepática e neoplasias.
Um estudo mais antigo, de 2018, apontava para quase 3 milhões de mortes, a nível mundial, devido a doenças relacionadas com o álcool, sendo o consumo desta substância o principal fator de risco para a morte prematura e para a incapacidade em pessoas entre os 14 e os 49 anos. Os hábitos alcoólicos estão frequentemente associados a tabagismo, o que aumenta ainda mais o risco para a saúde.
As autoridades de saúde devem estar mais atentas e levar esta problemática a sério, otimizando as suas respostas em situações de consumos excessivo e/ou dependência, já que poderá impactar a saúde de muitas gerações no futuro.