Incêndios não dão tréguas na América do Norte

Alguns estados norte americanos, bem como algumas províncias canadianas do Oeste do continente, estão a ser fustigados por uma vaga de incêndios florestais, resultado direto da intensa vaga de calor das últimas semanas. Fique a saber tudo, connosco!

Incêndio florestal.
Imagem de um meio aéreo que tenta combater uma frente de fogo ativa numa mancha florestal autóctone, na província da Colúmbia Britânica.

Associados às altas temperatura que têm afetado nas últimas semanas a costa Oeste dos Estados Unidos da América (EUA) e do Canadá, os incêndios florestais não têm dado tréguas a milhões de habitantes, e principalmente às centenas de homens e mulheres que combatem ferozmente as chamas. São já centenas de incêndios registados nos últimos dias, com consequências devastadoras a vários níveis.

As sucessivas ondas de calor, para além do efeito negativo nas disponibilidades hídricas, têm sido as principais responsáveis pela ocorrência de incêndios florestais, que por sua vez levaram à evacuação de centenas de aglomerados, criaram constrangimentos na rede de distribuição de energia elétrica e levaram, ainda, ao encerramento de estradas e de vias ferroviárias.

(...) junho foi considerado pelos Serviços Meteorológicos da União Europeia, o mês mais quente de que há registo na América do Norte (...)

O calor registado, no oeste norte americano é considerado “excessivo” e “perigoso” pelo Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA. As autoridades dos dois países, nos últimos dias, emitiram inúmeros avisos meteorológicos devido à previsão de temperaturas muito elevadas nos estados do Nevada, da Califórnia, do Arizona, do Utah, do Oregon e de Idaho, bem como nas províncias canadianas da Colúmbia Britânica, de Alberta e de Saskatchewan.

A título de exemplo, no Vale da Morte, situado no sobejamente conhecido Deserto do Mojave, as temperaturas atingiram os 53°C no passado sábado, sendo que na sexta-feira anterior tinham atingido os 54°C. Estes valores estão assustadoramente próximos da temperatura mais elevada alguma vez registada na Terra: 57ºC no deserto de Furnace Creek, também no Estado norte americano da Califórnia.

A cidade de Lytton, a cerca de 250 km a Nordeste de Vancouver, também registou a histórica temperatura de 49,6°C, há cerca de duas semanas, sendo que cerca de 90% da área da cidade foi completamente dizimada pelos incêndios que deflagraram nas áreas florestais adjacentes.

Os incêndios, o calor e o transporte ferroviário

Para além da influência comprovada das temperaturas elevadas na ocorrência (e na intensidade) dos incêndios florestais, há ainda outro fator a ter em conta, segundo o Governo do Canadá. O transporte ferroviário, nomeadamente as faíscas produzidas pela fricção metálica podem estar a potenciar a ocorrência de alguns incêndios.

De forma a prevenir este efeito negativo do transporte ferroviário, o Governo canadiano implementou uma série de normas que estabelecem que uma locomotiva não pode exceder determinada velocidade quando a temperatura numa determinada área for superior a 30°C, bem com a obrigatoriedade de inspeção do material circulante nos 15 dias anteriores a uma circulação numa área cujo o nível de perigo de incêndio for considerado extremo.

Estas medidas surgem depois de alguns investigadores governamentais acreditarem, mediante peritagens no terreno, que uma composição de mercadorias (longa e geralmente muito pesada) pode ter estado na origem de um dos incêndios que obliteraram a cidade de Lytton.

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Os incêndios nos Estados Unidos

A intensidade dos incêndios também tem ocupado as corporações de bombeiros norte americanas. O exemplo mais saliente da luta destes homens está no incêndio de 222 km2 que lavra no Estado do Nevada, sendo que nada puderam fazer contra a duplicação da sua área no passado fim de semana.

Registam-se ainda incêndios ativos nos Estados de Washington, Oregon e Arizona. Tanto as autoridades locais como as nacionais têm alertado a população para os efeitos na saúde das sucessivas ondas de calor. Não menos importante, a sensibilização da população para o uso regrado de energia elétrica de forma a minimizar a ocorrência de falhas no seu abastecimento.

De salientar que junho foi considerado pelos serviços de monitorização meteorológica da União Europeia, o mês mais quente de que há registo na América do Norte, tendo como consequência direta a morte de pelo menos 200 pessoas nos Estados do Oregon e de Washington, bem como cerca de 500 vítimas mortais nas províncias canadianas limítrofes.