Incêndios florestais: uma resposta cada vez mais otimizada?
Com a aproximação do verão é cada vez mais comum a ocorrência de incêndios florestais, em Portugal e um pouco por todo o Hemisfério Norte. Estaremos cada vez mais preparados? As entidades investigadoras podem ter a resposta. Fique a saber tudo connosco!
Os efeitos adversos das alterações climáticas são inegáveis e condicionam problemas em diversas áreas, como é o caso dos incêndios florestais. Estes estão a comportar-se de formas cada vez mais incomuns, tendo um potencial cada vez mais destruidor. Tanto a população como as entidades responsáveis pela segurança e proteção civil estão pouco preparadas para esta nova realidade.
Por exemplo, na reta final de 2018, um grande incêndio devastou o estado norte americano da Califórnia, com especial destruição na cidade de Paradise. As autoridades locais, cientes do perigo que a população corria, tinham um plano de evacuação que exigia 3 horas até que fosse totalmente concluído. Inesperadamente, a frente do incêndio precipitou-se para a cidade em metade desse tempo (90 minutos), provocando pelo menos 76 vítimas mortais, 1200 desaparecidos e perda de cerca de 12 000 edificações.
Com o objetivo de evitar que esta situação se repita, um conjunto de investigadores da Universidade do Utah propõe a criação de um simulador de cenários catastróficos, ou seja, formar as autoridades e os planeadores locais a lidar com o worst case scenario. O primeiro grande resultado, segundo os investigadores, é a afirmação de que para minimizar as perdas em cenários de catástrofe devemos ter em conta componentes que não estão representados nas atuais formas de simulação, como a improvisação e o altruísmo.
No que concerne aos incêndios florestais, o mundo está a lidar com situações cada vez mais imprevisíveis, o que torna essencial conseguir planear para as situações sem precedentes, evitando a todo o custo as rotinas das evacuações baseadas em suposições de que tudo vai ser como habitualmente.
De que forma este tipo de simulações pode afetar a população?
É, sem dúvida, importante simular cenários de incêndios florestais catastróficos, de forma a melhorar o planeamento e consequentemente minimizar o risco de vítimas mortais e de danos materiais. Assim, dentro do trabalho acima apresentado, verificou-se a necessidade de criar abrigos resistentes a incêndios em áreas mais vulneráveis.
A improvisação pode ter um papel importante na salvação de vidas humanas, através da aplicação no território de ideias criativas. O altruísmo, principalmente dentro das pequenas comunidades rurais, também adquire um papel fundamental. Os vizinhos são muitas vezes os primeiros agentes de proteção civil, já que podem ajudar a população com menos recursos, menos preparada para enfrentar as consequências de um evento desta natureza.
É muito comum os habitantes de uma ou mais aldeias unirem-se no decorrer de eventos como os incêndios, improvisando soluções conforme necessário. Apesar de a improvisação e do altruísmo serem dois parâmetros difíceis de introduzir na análise de simulações, é importante salientar que a compreensão do comportamento humano durante eventos catastróficos pode ajudar as entidades responsáveis pelo planeamento a desenvolver melhores ações de proteção e de mitigação dos incêndios florestais.
No caso português, e tendo em conta que nos últimos anos vivemos situações catastróficas em áreas cada vez mais fustigadas pelos incêndios florestais (por exemplo, Pedrogão Grande, Pampilhosa da Serra, Oleiros e Sertã), é importante que as autoridades nacionais consigam aplicar este tipo de modelos de análise e simulação. É este tipo de trabalho que pode evitar que se repita o cenário da perda de dezenas de vidas humanas no nosso país, durante os próximos anos em que seremos cada vez mais fustigados por incêndios mais intensos.