Incêndios devastadores provocaram emissões de carbono recordes
Os incêndios florestais que ocorreram no verão no hemisfério norte provocaram um recorde de emissões de CO2 em julho e agosto. Saiba mais aqui!
Neste verão ocorreram incêndios florestais históricos em diversas regiões do hemisfério norte, marcados pela sua persistência e intensidade.
Grandes incêndios florestais
As condições secas e o tempo quente com ondas de calor intensas na bacia mediterrânica contribuíram para um foco de incêndio com muitos incêndios intensos e em rápido desenvolvimento em toda a região. Incêndios de grandes proporções devastaram áreas na Turquia, Grécia, Itália, França, Espanha, Albânia, Macedónia do Norte, Argélia e Tunísia.
Mais a norte, na Rússia (Sibéria) e Finlândia também ocorreram grandes incêndios relacionados com o clima mais quente e seco desta estação, enquanto que a costa ocidental dos EUA e do Canadá teve uma das temporadas de incêndios florestais mais devastadores da história.
Imagens desoladoras dos incêndios no Mediterrâneo
As regiões mais afetadas pelo fogo neste verão foram a Sibéria e a parte oeste da América do Norte, onde o incêndio denominado Dixie, no estado da Califórnia, foi um dos mais graves e um dos maiores já registados na história do país. Os incêndios florestais na República de Sakha no nordeste da Sibéria têm vindo a arder desde junho e só começaram a diminuir em finais de agosto, embora alguns tenham continuado no início de Setembro.
Os incêndios deste verão, além de terem devastado extensas regiões e forçado a evacuação de milhares de pessoas, a sua atividade persistente e intensa também afetou gravemente a qualidade do ar no planeta.
As plumas causadas pelos grandes incêndios da Sibéria e da América do Norte cruzaram o Atlântico e chegaram até a costa oeste das Ilhas Britânicas.
Recordes de emissão de CO2
De acordo com a agência europeia Copernicus, Serviço de Monitorização da Atmosfera, os incêndios florestais deste verão emitiram para a atmosfera mais de 2,7 biliões de toneladas de carbono, com julho e agosto a quebrarem recordes mensais de emissões.
No mês de julho houve um primeiro recorde de 1,3 biliões de toneladas de CO2 emitidos para a atmosfera pelos incêndios no planeta. Metade desta emissão foi causada pelos incêndios florestais da América do Norte e Sibéria. Em agosto, o recorde foi novamente quebrado, com 1,4 biliões de toneladas de CO2 libertados, o maior número registado desde o começo das medições, em 2003.
No caso da Sibéria, o aumento das temperaturas e a aridez do solo contribuíram para o recorde de emissões de CO2 entre junho e agosto, o dobro de 2020, com um pico registado em 3 de agosto. As emissões estimadas de CO2 causadas por incêndios em toda a Rússia, de junho a agosto, chegam a 970 megatoneladas, sendo a República de Sakha e Chukotka, na Sibéria, responsáveis por 806 megatoneladas.
Alterações climáticas contribuem para incêndios intensos e de rápido desenvolvimento
Os incêndios florestais no Ártico, região que aqueceu duas vezes mais rápido do que o resto do planeta desde 2000, emitiram 66 megatoneladas de CO2 entre junho e agosto. Os cientistas da agência europeia Copernicus acompanham quase em tempo real, através dos dados de satélites, os grandes incêndios ativos e a evolução da qualidade da atmosfera, podendo estimar as emissões de CO2 provocadas pelos incêndios florestais.
Mark Parrington, cientista sénior e especialista em incêndios florestais da Copernicus referiu: “É preocupante que as condições regionais mais secas e quentes, provocadas pelo aquecimento global, aumentem a inflamabilidade e o risco de incêndio da vegetação. Isto levou à ocorrência de incêndios muito intensos e de rápido desenvolvimento. Embora as condições meteorológicas locais desempenhem um papel no comportamento real do fogo, as alterações climáticas estão a ajudar a proporcionar os ambientes ideais para os incêndios florestais. Também se preveem mais incêndios em todo o mundo nas próximas semanas, uma vez que a época de incêndios na Amazónia e América do Sul continua a desenvolver-se".