Impactos do ciclone Idai em Moçambique
O ciclone tropical Idai já passou mas os efeitos da sua passagem permanecem. Moçambique, na linha da trajetória da maior parte dos ciclones que ocorrem naquela região do globo, sofreu mais uma vez.
Moçambique tem sido atingido por ciclones de diferentes intensidades mas o ciclone Idai, de categoria 4, que atingiu recentemente este país na região da Beira foi o mais devastador.
Idai teve origem numa depressão tropical que se formou na costa leste de Moçambique a 4 de março e que atingiu o país no final do dia, afectando especialmente a região centro. No dia 9 de março, a depressão deslocou-se de novo para o Canal de Moçambique, intensificou-se, os ventos aumentaram de intensidade passando a Tempestade Tropical Moderada Idai e posteriormente a Ciclone Tropical Idai categoria 4, o que significa ventos acima dos 200 km/h.
Temporada de ciclones no SW do Índico
A temporada de ciclones na parte sudoeste do Oceano Índico começa a 15 de Novembro e termina a 30 de Abril de cada ano. A vigilância dos sistemas tropicais formados nesta região são da responsabilidade do Centro Meteorológico Regional Especializado da Reunião, que é controlado pela Météo-France, Serviço Meteorológico Francês. Na temporada de 2018-2019 o ciclone Idai foi o sétimo ciclone tropical da temporada de ciclones no Índico Sudoeste.
Na noite de 14 para 15 de março o Ciclone atinge a costa de Moçambique na região da Beira com trajetória para o interior trazendo desgraça e dor a milhares de pessoas, que em algumas regiões já estavam a sofrer devido às fortes chuvadas que já tinham ocorrido. Idai trouxe fortes ventos e causou graves inundações não só em Moçambique mas também em em Madagáscar, Malawi e Zimbabué.
Impactos do Idai em Moçambique
Depois da passagem do Idai, nos primeiros dias as ações prioritárias desenvolvidas tinham por objetivo salvar vidas, resgatando um maior número de pessoas que ainda estavam em perigo. No entanto, passados mais de 15 dias da tragédia, os números continuam a aumentar. O INGC, Instituto Nacional de Gestão das Calamidades de Moçambique, é a instituição do Governo responsável pela salvaguarda de vidas e bens além da coordenação das acções de Redução do Risco de Desastres em Moçambique.
O mecanismo de coordenação das acções humanitárias no âmbito da Gestão do Risco de Desastres em Moçambique é o Centro Nacional Operativo de Emergência de Moçambique, o CENOE, constituído por diversas entidades. De acordo com a última informação do INGC/CENOE de Moçambique apresenta-se o ponto da situação em relação aos impactos do Idai.
Os últimos números indicam que mais de um milhão e trezentas e sessenta mil pessoas foram afetadas, o que corresponde a 274.585 famílias. Até ao dia 3 de abril foram contabilizados 598 óbitos e 1.641 feridos. O número de casas totalmente destruídas foram 85.265 e as parcialmente destruídas 97.276. De referir que 15.784 casas ficaram inundadas. Houve 3.344 salas de aulas danificadas correspondendo a 150.854 alunos afetados. As unidades sanitárias atingidas foram 54 e a extensão das culturas inundadas foi de 715.378 ha.
É de realçar a assistência humanitária que foi desenvolvida após o desastre, tanto a nível nacional como a nível internacional. Até agora foram distribuídos a 32.290 famílias, abrigo e bens não alimentares, salvaram-se 140.784 pessoas, montaram-se 155 centros de acolhimento, com um total de 139.607 pessoas além da distribuição de bens alimentares.
De referir ainda como impactos do Ciclone a danificação do sistema de abastecimento de água e da energia eléctrica, a danificação das vias de acesso à região da Beira, com as dramáticas consequências que estas situações provocam, designadamente no abastecimento de bens à região.