Impactos das ondas de calor
Ondas de calor são mortais e os seus impactos estão em ascensão globalmente devido à mudança climática. Em menos de um mês grande parte da Europa foi atingida por duas ondas de calor. Saiba mais aqui.
Recentemente, em menos de um mês grande parte da Europa foi atingida por duas ondas de calor, com temperaturas máximas e mínimas a registarem valores nunca antes observados. De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), estes fenómenos carregam “a assinatura da mudança climática provocada pelo homem”. Além disso, estudos revelam evidências de eventos de calor mais frequentes e intensos, enquanto que concentrações de gases causadores do efeito de estufa levam a um aumento das temperaturas globais.
Deste modo o homem deve estar cada vez mais preparado para tomar medidas de prevenção para mitigar o efeito das ondas de calor. As ondas de calor afetam diferentes aspectos da vida do homem, além de ameaçar a vida e a saúde das populações vulneráveis, principalmente crianças e idosos, tendo impacto na natureza, em infra-estruturas críticas, em serviços essenciais, como os de disponibilização de água e energia e na produção agrícola. As ondas de calor têm impactos em cascata, tais como na produção económica, sistemas de saúde e falta de água e energia elétrica.
Impactos diretos
Os impactos diretos mais importantes estão relacionados com a vida e a saúde humana. A exposição ao calor extremo pode levar à desidratação, exaustão pelo calor, insolação, perda de consciência e outras emergências médicas. As ondas de calor podem agravar condições pré-existentes, como doenças cardiovasculares e doenças respiratórias e ter consequências mortais.
O calor extremo também pode afetar diretamente infra-estruturas, por exemplo, fazendo com que as superfícies das estradas derretam, tornando-as inacessíveis ou inseguras. Na Índia durante uma onda de calor em 2016, o calor amoleceu o asfalto nas estradas, dificultando a passagem das viaturas e das pessoas.
Impactos indiretos
As ondas de calor provocam um aumento de afluência de pessoas aos serviços de saúde aumentando o número de internamentos hospitalares de emergência, podendo levar à rutura dos próprios serviços de saúde. Afetam a economia de uma região bem como a prestação de serviços. Por exemplo, nas cidades pode ocorrer uma diminuição da produtividade em escritórios sem refrigeração adequada ou mesmo devido à redução do horário de trabalho ao ar livre.
Além disso, infra-estruturas, tais como sistemas de energia, armazenamento de água, entrega, tratamento e transporte são afetados pelo calor extremo tanto direta como indiretamente. Por exemplo, o consumo de água e de eletricidade, devido aos aparelhos de ar condicionado, tendem a aumentar durante uma onda de calor, sobrecarregando os sistemas e podendo levar à escassez. A produção agrícola pode ser afetada devido a ondas de calor prolongadas.
Impacto económico, alguns exemplos
As ondas de calor também podem ter sérias repercussões económicas. De acordo com estudos realizados, em 2017 foram perdidas globalmente 153 biliões de horas de trabalho devido ao calor intenso registado nesses ano. Durante uma onda de calor extremo de 14 dias em Nanjing, China, em 2013, os investigadores estimam que ocorreu uma perda de 27,49 biliões de yuans (4 biliões de dólares) devido à redução da produtividade. Este valor representou 3,43% do valor bruto de produção da cidade naquele ano.
Um estudo estimou que os custos de saúde associados à onda de calor na Califórnia em 2006 foram de US $ 179 milhões, com base em hospitalizações, atendimentos de emergência e consultas ambulatórias. Ao considerar o valor das vidas perdidas durante essa onda, o custo é significativamente maior em 5,4 biliões de dólares.