Os impactos das alterações climáticas afetam a saúde humana
Os impactos das alterações climáticas sobre a saúde podem ser complexos, pois em geral ocorrem de forma dispersa, direta ou indiretamente.
Quando se fala nos impactos das alterações climáticas, tais como tempestades intensas, ondas de calor, secas, inundações e incêndios, não se pensa nos efeitos destes fenómenos extremos na saúde humana mas sim nos efeitos imediatos na população.
No entanto, há cada vez mais estudos a alertarem para o facto das alterações climáticas poderem pôr em perigo a saúde, tanto física como mental, agora e no futuro, não só das pessoas que foram atingidas diretamente por um fenómeno extremo mas também das restantes pessoas.
Saúde em risco crescente
Os incêndios florestais, um dos graves impactos devido ao aquecimento global, têm um efeito nefasto sobre a saúde das populações, nomeadamente crianças, idosos, doentes cardiovasculares, todos aqueles que sofrem de doenças respiratórias e os que, no terreno os combatem.
Os efeitos dos incêndios florestais sobre a saúde respiratória das populações são muito penalizadores, podendo levar mesmo à morte, sendo causa de processos inflamatórios de todo o aparelho respiratório, de infeções brônquicas e pulmonares e descompensação de doenças respiratórias pré-existentes. Especialmente vulneráveis são os doentes com insuficiência respiratória crónica.
A poluição atmosférica, resultante da maior concentração de gases à superfície, tem um efeito direto na saúde da população, designadamente na população mais vulnerável, tais como asmáticos, idosos e crianças. Além disso, os riscos de doenças cardíacas e derrame aumentam. Um estudo recente na "JAMA Neurology", revista médica publicada pela “American Medical Association”, mostrou que de uma população com mais de 18.000 americanos com deficiência cognitiva foi encontrada uma forte ligação entre altos níveis de poluição do ar e um risco aumentado de desenvolver demência.
"Embora a saúde de qualquer pessoa possa ser prejudicada pelas mudanças climáticas, algumas pessoas estão em grande risco, incluindo crianças pequenas, mulheres grávidas, idosos, pessoas com doenças crónicas e deficiências, trabalhadores ao ar livre e pessoas com menos recursos", escreveram os Drs. Hathaway e Maibach no "Current Environmental Health Reports".
As ondas de calor, por exemplo, não só podem matar pessoas, principalmente idosos, crianças e pessoas com problemas de saúde, como também diminuem a capacidade de trabalho, o desempenho académico nas crianças e a qualidade do sono.
Com temperaturas mais elevadas as pessoas de todas as idades desenvolverão alergias respiratórias, e aqueles que já têm alergias podem esperar que elas piorem, tendo em conta que as plantas e as árvores respondem a um clima mais quente e libertam os seus alergénicos em mais lugares e por períodos mais longos.
De referir que num clima mais quente as doenças infeciosas transportadas por mosquitos e outros vetores também aumentam. Doenças como o dengue e a malária, de regiões tropicais, podem começar a estenderem-se a outras do globo.
As mudanças climáticas também colocam em risco a segurança dos alimentos e do abastecimento de água, devido à criação de organismos que causam intoxicação alimentar e contaminação microbiana da água potável. Inundações extremas e furacões podem gerar epidemias entre a população atingida. Apenas o facto de andar nas zonas inundadas pode aumentar o risco de infeção sanguínea bacteriana.
Estes são apenas alguns dos riscos para a saúde ligados às alterações climáticas - ao aquecimento global. Eles são extensos e exigem esforços sociais e individuais cada vez maiores para os minimizar.