Humanidade pode tornar-se prisioneira do lixo espacial
Com o avanço da tecnologia e tantas novas descobertas científicas, os detritos espaciais deixados em órbita têm vindo a aumentar nos últimos anos. Tanto lixo à volta da Terra pode transformar a Humanidade em prisioneira.
Os detritos espaciais deixados em órbita podem transformar-se numa terrível armadilha, que com o seu aumento desenfreado, podem enclausurar a Humanidade na Terra, tornando-nos prisioneiros do nosso próprio lixo. Afinal, não existe um "lá fora" para descartar tudo que o que se torna obsoleto e inútil aos olhos do Homem.
Alice Gorman, arqueóloga espacial e professora da Universidade Flinders na Austrália, afirma que hoje o principal problema a enfrentar é a quantidade e a continuidade de objetos colocados em órbita, que muitas vezes quebram, param de funcionar ou colidem entre si, criando outros fragmentos que depois colidem com outros objetos.
Os detritos em redor do planeta serão tantos que não será mais seguro realizar missões espaciais, ou seja, na ânsia de explorar o Universo, a Humanidade pode ficar enclausurada na Terra.
Nuvem de lixo
Sete residentes da Estação Espacial Internacional (ISS) tiveram um grande susto recentemente, quando a 15 de novembro, foram acordados depois da Agência Espacial Norte-Americana (NASA) ter iniciado um protocolo de segurança.
O alerta fez com que os astronautas fossem movidos para a nave em que chegaram ao Espaço, isto porque uma nuvem de lixo recém-detetada iria passar perto da Estação em que se encontravam, o que colocaria a vida dos tripulantes em risco.
O Pentágono confirmou que os destroços que geraram a nuvem de lixo tinham sido causados por um teste antissatélite que foi conduzido pela Rússia no mesmo dia, o que foi considerado pelo Departamento de Estado Norte-Americano como uma atitude irresponsável. Foram estimados cerca de 1500 fragmentos rastreáveis.
Após o comunicado, o Ministério da Defesa da Rússia garantiu que não havia possibilidade de colisão entre os destroços do teste e outros objetos em órbita, inclusive a estação com os astronautas.
A Humanidade numa prisão espacial
Em 1978 uma teoria foi criada por um cientista da NASA chamado Donald J. Kessler, a qual indicava o pior cenário que poderia acontecer no Espaço, que seria um número de colisões de destroços tão grande que levaria à chamada Síndrome de Kessler.
Segundo o cientista, o lixo espacial presente na órbita terrestre baixa seria tanto, que as colisões entre os destroços provocariam um efeito cascata. Quando isso acontecesse, camadas inteiras da órbita terrestre baixa tornar-se-iam inutilizáveis. O problema é que os satélites usados para comunicação, GPS, monitorização da Terra, entre outras funções, estão exatamente ali.
Riscos reais
Apesar de tantos alertas e pontos negativos levantados, a probabilidade de algo do género acontecer ainda é remota. Naelton Mendes de Araújo, astrónomo da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro, realça que imagens de simulações que mostram o lixo espacial dão a entender que o planeta está praticamente cercado de detritos, mas, que na verdade, a grande maioria são partes muito pequenas, bem distantes umas das outras.
Apesar disso, o cientista deixa claro que acidentes são possíveis e cita que em fevereiro de 2009, o satélite norte-americano Iridium 33 e o russo Kosmos-2251 colidiram a uma velocidade de 42.120 quilómetros por hora, o que resultou na destruição de ambos e na criação de pelo menos mil fragmentos com mais de 10 centímetros. Em 2011, a ISS precisou de fazer uma manobra para evitar colidir com esses destroços.
Os cientistas não se preocupam tanto com os pedaços maiores, mas sim com os pequenos, bem mais difíceis de detetar e de ser evitados numa colisão com os equipamentos em órbita.
Atualmente, a NASA estima que existam cerca de 100 milhões de fragmentos de lixo espacial com mais de um milímetro de diâmetro em diferentes alturas da órbita da Terra. Os astrofísicos temem que este número cresça descontroladamente, uma vez que milhares de satélites de empresas privadas serão lançados nos próximos anos.