Hoje é o Dia Nacional das Conservas de Peixe. Dieta rica em ómega 3 favorece a nossa saúde mental
O Dia Nacional das Conservas de Peixe foi instituído em 2022, por resolução da Assembleia da República. O objetivo é reconhecer a importância da indústria de conservas de peixe como parte integrante de uma alimentação saudável.
O Dia Nacional das Conservas de Peixe passou a ser assinalado a 15 de novembro de cada ano para reconhecer a importância da indústria de conservas de peixe portuguesas enquanto “parte integrante de uma alimentação saudável e equilibrada” e, ao mesmo tempo, para sublinhar “o contributo desta atividade para a economia e o desenvolvimento nacionais”.
Na resolução nº 88/2022, publicada em Diário da República a 22 de dezembro, o Parlamento também quis deixar claro que a indústria conserveira é um “exemplo distintivo de tradição e excelência da indústria e da qualidade ímpar do peixe da nossa costa”.
A escolha do dia 15 de novembro para celebrar o setor conserveiro tem uma história. Deve-se à atribuição, entregue nesse dia a um industrial de Setúbal, aquando do encerramento da Exposição Universal de Paris de 1855, da primeira distinção a uma conserva portuguesa de sardinhas - “sardines à l`huile de bonne qualité” -, que então recebeu uma menção honrosa.
Peixe: antioxidante e fonte de vitaminas
Os benefícios do consumo de pescado estão identificados há muito. Narcisa Bandarra, investigadora do investigadora do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da Universidade do Porto e Chefe da Divisão de Aquacultura e Valorização do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), explica, por exemplo, os contributos do consumo do pescado para o fortalecimento do sistema imunitário humano.
“As proteínas [do peixe] são de elevado valor biológico e têm todos os aminoácidos essenciais, sendo de realçar os níveis de lisina, isoleucina e treonina com importante ação no fortalecimento do sistema imunitário”, realça a mesma investigadora.
E refere ainda que estamos perante um alimento “rico em vitamina A (essencial à visão, saúde da pele e tecidos), vitamina D (fundamental na absorção do cálcio e do fósforo) e vitamina E (efeito antioxidante)”. Não falando que é ainda “uma importante fonte de vitaminas do complexo B, tal como a B6 e a B12”.
Narcisa Bandarra diz que “a gordura do pescado é muito saudável devido à presença de ácidos gordos polinsaturados do tipo ómega 3 de cadeia longa”, dos quais se destaca o ácido eicosapentaenóico (EPA) e o docosahexaenóico (DHA). Estes, “além da sua importância nutricional, são bem reconhecidos os benefícios na prevenção da doença, tal como a cardiovascular, neurodegenerativa e artrite reumatóide”.
Peixe previne a obesidade
“Muitos dos mecanismos de proteção encontram-se associados ao papel anti-inflamatório destes ácidos gordos”, diz a investigadora do CIIMAR, frisando que eles “contribuem para um sistema imunitário mais saudável”.
Por sua vez, “o EPA e DHA são os precursores de moléculas necessárias para o correto funcionamento do sistema imunitário, tais como prostaglandinas, leucotrienos, protetinas e resolvinas, também necessárias para apoiar a função respiratória, equilibrar a temperatura, tensão arterial, frequência cardíaca e minimizar a inflamação”, sublinha Narcisa Bandarra.
Fabrico e exportação de conservas em alta
Por todas estas razões, esta especialista não tem dúvidas: “três refeições semanais à base de peixe é uma excelente contribuição, nomeadamente na prevenção da obesidade, regulação dos processos inflamatórios e do stress oxidativo”. E ainda contribui para o bem-estar e homeostase do nosso organismo.
Em paralelo, a Associação divulgou informação acerca das propriedades nutricionais do pescado, realçando que “uma dieta rica em peixes com alto teor de ómega 3, como o salmão, sardinha e o atum, está associada a diversos benefícios para a saúde mental”.
Também o DHA, encontrado em grandes quantidades nas membranas das células cerebrais e da retina, é “um componente essencial para a comunicação e plasticidade neuronal”, refere a Associação dos Industriais de Conservas, citando estudos recentes nessa área.
“Durante a gravidez, o consumo adequado de DHA é vital para a formação do cérebro do feto e para o desenvolvimento cognitivo inicial da criança. Várias pesquisas indicam que a suplementação de ómega 3 durante a gravidez pode reduzir o risco de parto prematuro e apoiar o desenvolvimento cerebral saudável, com recomendações para um consumo diário de pelo menos 200 mg de DHA para gestantes e lactantes”, explica a Associação.
Os mesmos estudos também sugerem que “o DHA pode ser um aliado na prevenção de problemas neurodesenvolvimentais, como o autismo, e na melhora de sintomas associados a transtornos comportamentais, como o TDAH”.
Embora os resultados ainda sejam “preliminares”, a Associação dos Industriais de Conservas revela que “as pesquisas apontam que o consumo de ômega 3 poderia melhorar o desempenho cognitivo e reduzir a impulsividade em crianças e adolescentes com TDAH”.
Indústria conserveira arrancou em 1850
A Indústria Conserveira começou em Portugal na década de 1850, onde foram pela primeira vez produzidas conservas de peixe pelo método de Nicolas Appert.
Hoje, há apenas 18 empresas conserveiras no país e a indústria de conservas de peixe é das atividades mais antigas.
Entre as múltiplas indústrias associadas à atividade conserveira estão a pesca, exploração salineira, a produção de azeite, as latoarias, entre outras e que, atualmente, ainda prevalecem com a pesca, a investigação, a litografia, a robotização e o turismo gastronómico.