Histórico: Alice, o primeiro avião totalmente elétrico, já descolou!
O primeiro avião de passageiros totalmente eléctrico e isento de CO2 já fez o seu voo inaugural! Como é esta maravilha aérea que não faz barulho e funciona como um telemóvel? Saiba mais aqui!
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É uma nova página na história da aeronáutica. Na semana passada, Alice, o primeiro avião totalmente elétrico da história, descolou do Aeroporto Internacional de Grant County, em Washington.
Assim, foi consumado o maior avanço na corrida às viagens áereas limpas: zero emissões de dióxido de carbono. "Não víamos mudanças na tecnologia de propulsão de aviões desde que passámos do motor de pistão para o motor de turbina. Foi na década de 1950 quando se viu pela última vez uma tecnologia completamente nova como esta", disse Gregory Davis, presidente da Eviation Aircraft, a empresa responsável pelo projeto. "Isto é histórico", acrescentou.
Na sua primeira descolagem, Alice voou durante oito minutos; atingiu uma altitude de mais de 1.000 metros e uma velocidade de 273 km/h. "Foi um voo maravilhoso", disse Steve Crane, o piloto responsável pelo voo inaugural. Ao contrário dos aviões a turbina, Crane descreveu o som do Alice como "apenas um zumbido", apontando para a redução da poluição sonora produzida por esta nova tecnologia de voo.
Today, our all-electric Alice aircraft electrified the skies and embarked on an unforgettable worlds first flight. See Alice make history in the video clip below. Were honored to celebrate this groundbreaking leap towards a more #sustainable future.#electricaviation pic.twitter.com/Q9dFoTPyiB
— Eviation Aircraft (@EviationAero) September 27, 2022
O avião tem 9 lugares e é alimentado por dois motores elétricos de 640 quilowatts. O seu funcionamento é semelhante ao de um carro elétrico ou telemóvel, e requer 30 minutos de carga. Pode percorrer cerca de 800 km a uma velocidade máxima de cruzeiro de 460 km/h. Tem um sistema de controlo de voo totalmente eletrónico, fly-by-wire, complementado por ecrãs tácteis.
Para além da versão de 9 passageiros que estreou na semana passada, há duas outras versões de Alice em fase de protótipo. Uma versão executiva de 6 passageiros, mais espaçosa, e uma de carga, de 12,7 metros cúbicos, "Trata-se de mudar a forma como voamos. Trata-se de ligar as comunidades de uma forma sustentável, e obviamente estamos radiantes de orgulho", afirmou Davis.
O voo da semana passada foi o primeiro de vários voos de teste que terão lugar antes da certificação. Todos esperam que o Alice esteja operacional no mercado até 2027.
Aliados na descolagem de voos limpos
Estima-se que o setor da aviação seja responsável por cerca de 2,8% das emissões anuais de carbono, e este valor tem vindo a aumentar 2% por ano desde a viragem do século. Além disso, se a tendência não for invertida, estas emissões poderão atingir um quinto do total de emissões até 2050.
Face a isto, a lista de empresas que procuram tornar a aviação mais eficiente, limpa, silenciosa e económica está a crescer. De facto, a Siemmes, a Airbus e a Rolls-Royce estão também a fabricar aviões elétricos.
Alice has taken flight, marking a beautiful, new dawn in aviation - the #electric era is here and we are proud to lead the way! This historic achievement wouldnt have been possible without our incredible team - thank you! #electricaviation #zeroemissions pic.twitter.com/slHbb68SkB
— Eviation Aircraft (@EviationAero) September 27, 2022
Várias companhias aéreas já manifestaram interesse em acrescentar Alice à sua frota. A empresa Cape Air - que opera mais de 400 voos por dia dentro dos EUA - encomendou 75 unidades de Alice, que diz que cobrirão 80% dos seus voos. Entretanto, a Crossing Airlines encomendou 50 aviões Alice, e a DHL Express encomendou 12 unidades Alice para o seu serviço de courier.
Embora há cerca de 3 anos a empresa Eviation tenha afirmado que o preço da Alice seria de 4 milhões de dólares, agora que o primeiro voo de teste teve lugar, não foram dados mais pormenores sobre o valor do dispositivo. De facto, quanto ao aumento no custo das baterias, Davis disse que "não confiaria em nada do que foi mencionado há alguns anos atrás".
Possivelmente, até 2027, a DHL, Cape Air e Crossing poderão ter de pagar consideravelmente mais do que 4 milhões de dólares por unidade. Terá então de se ver qual será o preço de um bilhete num voo deste tipo. Como costuma acontecer, passará algum tempo até que estas tecnologias estejam acessíveis para todo o mercado da aviação. Mas por algum lado se começa. Ou, neste caso, se descola.