Há um novo videoclube minúsculo na Suécia — mas é exclusivo para ratos
Chama-se View Mauster e é uma das criações dos suecos AnonyMouse, que criam estas miniaturas desde 2016.
“Ao longo dos últimos anos, uma rede altamente secreta que opera a partir da Suécia tem aberto os nossos olhos para um mundo sobre o qual não havíamos pensado muito antes.”
Uma frase basta para deixar o mistério no ar. Que rede será esta? Porque é que nos abre os olhos? Que mundo é este sobre o qual nunca pensámos antes? Quem começa por ler o artigo do "ABC News", rapidamente imagina uma série de possibilidades — mas, apostamos que nenhuma se aproxima da realidade.
Não, Guy Davies, o autor do artigo, não se refere a um coletivo de espiões altamente capacitados, nem a um bando de hackers. Em vez disso, utiliza esta frase para começar a falar sobre o "AnonyMouse".
E quem são eles? Um coletivo anónimo de artistas responsável pela instalação de pequenos edifícios, lojas e cafés, principalmente nas ruas de Malmo e Estocolmo, na Suécia, mas também em Bayonne, no sul da França, e na Ilha de Man, na costa do Reino Unido.
Com esta descrição, o grupo até parece normal, sabemos. O insólito de toda a história é saber a quem se destinam estas construções.
Sim, porque estas obras de arte são projetadas, não para serem habitadas por pessoas, mas por ratos. É isso mesmo.
Imagine uma loja de discos em miniatura, onde se encontram variações de alguns dos álbuns mais clássicos de todos os tempos, ou um pequeno restaurante, um clube de jazz e até uma agência de viagens. Tudo trabalhado com rigor e de forma detalhada — com dimensões minúsculas (cerca de 25 por 12, para sermos mais precisos), proporcionais aos seus ocupantes.
Uma das últimas criações é ainda mais inusitada do que as restantes (se for possível sê-lo)
Em Malmo, na Suécia, abriu, no final do ano passado, um pequeno videoclube com o selo dos artistas suecos que desde 2016 têm animado várias ruas na Europa e nos Estados Unidos. E, claro que este estabelecimento em miniatura só pode ser frequentado por ratos.
“Bom dia, Malmo! Caso não tenhas notado, está escuro e frio novamente. Mais vale alugar um filme e ficar por casa. No entanto, está a ficar cada vez mais difícil encontrar um bom videoclube e, por isso, talvez tenhas de procurar este”.
Foi através de uma publicação na conta de Instagram (com uma fotografia do videoclube e esta descrição) que o grupo deu a conhecer este que é um dos mais recentes trabalhos. Lá dentro, os roedores podem encontrar títulos como “GoudaFellas”, “Fromage Gump” e “Apocalypse Meow”.
Um grupo que se quer manter mesmo AnonyMouse (ou anónimo)
Apesar de os AnonyMouse já terem espalhado mais de 30 miniaturas pela Europa e EUA, ninguém, até agora, descobriu as verdadeiras identidades dos autores.
“Enquanto permanecermos anónimos, cada espetador poderá projetar quem quiser que sejamos”, disse o artista. “E também, o trocadilho [AnonyMouse] é muito bom, então, se nos revelássemos teríamos que mudar o nosso nome.”
“Tudo começou com alguns de nós a querer construir algo num ambiente público. Durante a discussão, surgiu em conversa o nosso amor pelos filmes da Disney e do Don Bluth, e das autoras infantis suecas Astrid Lindgren e Beatrix Potter”, revelou um dos membros à “ABC News”.
Inspirados em todas essas histórias de infância, decidiram levar “um pouco de magia do dia a dia para crianças e pedestres”. Como? Ao criar o primeiro trabalho em 2016: o restaurante Il Topolino, que surgiu numa rua em Malmo, também na Suécia.
“Acreditamos que a maioria das crianças gosta de imaginar que existe um mundo paralelo ao nosso, no qual pequenos animais vivem como nós”, acrescenta o mesmo artista ao longo da entrevista.
E, acredite, não são só as crianças a ficar entusiasmadas com essa ideia. Até os cães e gatos ficam perplexos ao passar pelas criações em miniatura. Prova disso, são as várias fotos publicadas nas redes sociais.
Tal rol de fãs não nos surpreende. Afinal, independentemente do tipo de instalação — seja um parque de diversão, uma loja de antiguidades ou uma retrosaria — o grupo de artistas procura incluir o máximo de objetos.
É caso para dizer que nada fica por pensar. Aliás, antes de construir uma estrutura, o grupo começa por explorar um local, pesquisar a história da área e só depois é que esboça o projeto.
Cada uma destas magníficas miniaturas demora cerca de dois meses a ser construída e costuma ser instalada na rua durante a noite.