Gripe aviária detetada em gaivotas em Aveiro e Leiria. Nível de biossegurança nos aviários “é muito elevado”
Há novos casos de infeção pelo vírus da gripe aviária em gaivotas, nas praias de Espinho, Vieira de Leiria e Pedrógão. A Associação das empresas avícolas garante que o cumprimento dos requisitos de biossegurança está a ser “reforçado e verificado com mais frequência”.
Gaivotas portadoras do vírus da Gripe Aviária de Alta Patogenicidade (GAAP) do subtipo H5N1 foram identificadas nas praias de Espinho (Aveiro) e entre as praias de Vieira de Leiria e a de Pedrógão, na Marinha Grande (distrito de Leiria). A informação foi revelada pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) nesta terça-feira, 13 de agosto.
Um dia antes, o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) também recebeu a confirmação de infeção por vírus da GAAP do subtipo H5N1 numa ave selvagem recolhida na Ilha Deserta, na freguesia de Sé e São Pedro.
A DGAV alerta os cidadãos e as empresas de produção avícola para a prevenção da transmissão da doença às aves domésticas, dizendo que, por esse motivo, “devem evitar-se contactos diretos ou indiretos entre estas e as aves selvagens”.
A par disso, diz a DGAV, “deverão também ser cumpridas outras regras de biossegurança, nomeadamente boa higiene dos locais onde são mantidas aves domésticas e dos equipamentos e materiais usados”.
Nível de biossegurança “muito elevado”
Paulo Mota, presidente da ANAPO - Associação Nacional dos Avicultores Produtores de Ovos, questionado sobre este alerta da DGAV, refere que “o nível de biossegurança já é muito elevado” nas empresas que se dedicam à produção avícola e de ovos.
O presidente da ANAPO não tem dúvidas quanto às medidas adotadas pelos industriais deste setor: “Certamente que os cuidados no cumprimento dos requisitos de biossegurança são reforçados e verificados com mais frequência”, diz.
Em abril, a DGAV, a que preside Susana Pombo, já tinha emitido um alerta sobre a existência de casos de infeção em bovinos com o vírus GAAP do subtipo H5N1, que é uma doença vírica, de elevada contagiosidade e que afeta aves domésticas e selvagens. É causada pelo vírus Influenza A de uma ampla variedade de subtipos.
De acordo com esta entidade, a infeção por vírus da GAAP, associada habitualmente a uma elevada mortalidade, “pode ter consequências devastadoras para a saúde das aves domésticas e selvagens, bem como para a produção avícola, o abastecimento das cadeias alimentares de carne de aves e ovos e para a biodiversidade”, avisa a DGAV.
Esta Direção-Geral também refere que, “ocasionalmente, estes vírus podem infetar mamíferos, tanto domésticos quanto selvagens, através da ingestão de aves infetadas ou devido à exposição a ambientes contaminados com excreções ou cadáveres daquelas aves”.
Focos de infeção em aves de capoeira diminuíram
Durante a época de 2022/2023 (entre 1 de outubro de 2022 e 30 de setembro de 2023), “continuou a registar-se uma vasta circulação global dos vírus da gripe aviária de alta patogenicidade (GAAP), maioritariamente do subtipo H5N1”. Contudo, diz a DGAV, o número de focos de infeção em aves de capoeira notificados ao sistema ADIS (Animal Disease Information System) diminuiu substancialmente.
Assim, enquanto na epidemia da época de 2021/2022, a maior registada até agora, se registaram 1592 focos de infeção, na época 2022/2023 foram notificados 856.
Pelo contrário, no que se refere às aves em cativeiro verificou-se um aumento do número de eventos reportados: 273 em 2022/2023 e 112 em 2021/2022. Também nas aves selvagens se observou um aumento, com 3851 eventos registados em 22/23 e 3395 registados em 21/22.
Os vírus do subtipo H5N1 que circulam amplamente, a nível global, desde o outono de 2021 foram já detetados em mais de 40 espécies de mamíferos selvagens e domésticos, explica a DGAV.
Os animais afetados apresentaram um quadro clínico caracterizado por letargia, diminuição da produção leiteira e alterações das características do leite (espessamento, semelhante ao colostro), diminuição da ingestão de alimento, febre e desidratação. Até à data, não se verificou a ocorrência de mortalidade, diz a DGAV.
Embora se considere que estas infeções terão tido origem em contactos diretos ou indiretos com aves selvagens infetadas, a DGAV adverte: “A possibilidade de transmissão de bovino para bovino não pode ser excluída”. Tanto mais porque foi confirmada a infeção num trabalhador de uma das explorações afetadas, que apresentou um quadro clínico ligeiro caracterizado por conjuntivite.