Grandes petrolíferas abandonam metas ambientais para os próximos anos
As metas ambientas estabelecidas pelas principais empresas do setor foram revistas, algo que pode pôr em causa o esforço mundial de luta contra as alterações climáticas. Fique a saber mais sobre este assunto, connosco!
Uma das principais empresas mundiais de extração e comercialização de combustíveis fósseis atualizou recentemente a sua meta de reduzir a intensidade de carbono. A meta ambiciosa que estava estabelecida, de reduzir a intensidade de carbono nos produtos vendidos aos clientes em pelo menos 20%, foi agora alargada para um patamar menos ambicioso, entre os 15% e os 20%.
Esta mudança de estratégia surge associada ao anúncio de novos investimentos na exploração de gás natural e petróleo devido, segundo as fontes consultadas, à procura sustentada que se verifica de combustíveis fósseis. Esta mudança vai totalmente de encontro àquilo que é aceite por algumas organizações internacionais, como a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), que tinha recentemente concluído que a nível mundial não seriam necessários novos investimentos nas energias fósseis, de forma a controlar a subida da temperatura média do planeta.
Outra justificação apresentada para a mudança de paradigma está relacionada com os diferentes ritmos a que se está a processar a transição energética, a nível mundial. Desta forma, parece pouco provável que a maioria das empresas do setor consiga atingir as emissões zero de carbono até 2050, uma meta estabelecida há alguns anos que poderia fazer a diferença de forma positiva na vida de milhões de seres humanos.
Tendências para o futuro do setor energético
Com as metas de emissões de carbono a curto e a médio prazo a serem alteradas ou apagadas, parece cada vez mais improvável que o mundo consiga limitar o valor do aquecimento do planeta a apenas 1,5 ºC. Contudo, há a noção de que é importante reduzir as emissões provenientes da utilização de combustíveis como gasóleo e gasolina, de forma que o processo de transição energética tenha sucesso.
Assim, verifica-se uma aposta renovada do gás natural liquefeito (GNL) como alternativa aos combustíveis fósseis tradicionais. As empresas esperam que a procura deste tipo de gás cresça, a nível mundial, nos próximos seis anos, opinião que não é partilhada por alguns académicos, que acreditam que o GNL ainda não é, nem será uma ferramenta da transição energética.
Como contrapeso da menor ambição em reduzir as emissões de carbono, principalmente as que estão relacionadas com a produção e consumo de combustíveis fósseis, as grandes empresas alegam que sempre cumpriram as metas climáticas e que as suas instalações (plataformas petrolíferas e escritórios, por exemplo) operam de forma muito mais sustentável.
Contudo, o relaxamento do cumprimento das metas poderá ter impactos, tanto no setor da energia, como na vida de milhões de seres humanos, que diariamente estão a ser afetados pelas consequências das alterações climáticas, por exemplo nas disponibilidades hídricas e na produtividade da atividade agrícola.