Grande erupção solar em direção à Terra: o dia e a hora exatos do pico de atividade com auroras a latitudes médias
Uma erupção solar a atingir a maior intensidade desde 2017 aconteceu ontem no Sol e indícios de ejeção de massa em direção à Terra.
Estamos a entrar de vez num dos picos de atividade solar que já tinha a previsão de acontecer entre final deste ano e início do próximo ano. Desde agosto, o Sol tem vindo a mostrar uma atividade mais intensa com o número de manchas a aumentar consideravelmente tanto em número total quanto em média. E outubro, o Sol já começou a dar um show com as erupções solares mais intensas deste ciclo.
No dia 1 de outubro, a NOAA anunciou a observação de um flare extremamente intenso a chegar à classificação máxima de X e uma intensidade de 7.1 a ser considerada forte. Este flare já tinha sido considerado o segundo mais forte deste ciclo e uma ejeção de massa coronal foi observada com uma componente em direção à Terra. A estimativa é que chegue entre hoje e sábado (05) e cause auroras nos hemisférios.
A mesma região deu origem a outro flare solar com a intensidade que se tornou a mais alta deste ciclo chamado de Ciclo Solar 25. A intensidade chegou a uma classificação de X9 e dados preliminares indicam que houve uma ejeção de massa coronal. Os próximos dados darão mais detalhes se uma componente está direcionada à Terra. Caso os indícios se mostrem corretos, iremos observar um fim de semana completo de auroras nos polos Norte e Sul.
Ciclo Solar
O ciclo solar ou ciclo de atividade solar tem um período de aproximadamente 11 anos e está relacionado com a atividade magnética do Sol. Geralmente, o ciclo está conectado com o número de manchas solares que aumentam no pico do ciclo e diminuem até desaparecerem no mínimo do ciclo solar. As manchas também estão relacionadas com ejeções de massa coronal e erupções solares que consequentemente aumentam no pico solar.
As manchas solares são regiões onde há um maior fluxo de campos magnéticos e impedem até mesmo o transporte de calor ali. É por causa dos campos magnéticos que as manchas geralmente são mais frias que o ambiente em que elas estão. Estas manchas, que estão relacionadas com fenómenos como as tempestades solares que chegam à Terra, são monitorizadas diariamente e com precisão alta.
Flares solares
As manchas solares são regiões com maior fluxo de campos magnéticos e pode acontecer que linhas de campos magnéticos se encontrem ou se reconectem. Estes processos libertam uma grande quantidade de energia que pode ser emitida em forma de radiação de raios-X e UV além de calor e ejeção de massa coronal. Estas explosões que acontecem na superfície solar são chamadas de flares solares ou erupções solares.
Quando uma erupção solar acontece, é possível que ocorra uma ejeção de massa coronal ou CME. Esta ejeção é um fluxo de partículas extremamente energéticas que são ejetadas no espaço formando ventos solares. Pode acontecer de parte dessas partículas virem em direção à Terra e quando atingem o campo magnético do nosso planeta, elas interagem podendo interferir em satélites e telecomunicações. Além disso, parte delas podem atingir a atmosfera terrestre através dos polos formando auroras.
O flare mais intenso de todos
Na quinta, dia 3 de outubro ás 13h10 no horário de Lisboa, ocorreu uma erupção solar extremamente intensa que atingiu os valores máximos na escala de intensidade. A erupção recebeu a classificação de X que é a classificação de flares muito fortes. Além disso, a classificação numérica que diz a respeito da intensidade dentro da classe X chegou a 9.05 sendo que a mais forte deste ciclo tinha sido 8.7 em maio deste ano.
Com esta classificação, a erupção observada hoje torna-se a mais intensa deste ciclo de atividade solar e a mais intensa desde 2017. Dados preliminares mostram que ocorreu uma ejeção de massa coronal e há estimativas que uma componente em direção à Terra pode ter acontecido. Na manhã de hoje, interferência em rádio aconteceu em regiões da Europa e da África que eram as regiões direcionadas para o Sol quando ocorreu a erupção.
Fenómeno do dia 1 de outubro
Esta erupção acontece logo depois da mesma região já ter emitido uma erupção semelhante no dia 1 de outubro. No entanto, a erupção do dia 1 chegou a uma classificação de X7.1 sendo a segunda mais intensa deste ciclo perdendo apenas para a de maio. Além disso, outras erupções estão a ser observadas no Sol como de classes menores C e M. Isto concorda com as previsões que o Sol está a entrar no seu pico de atividade solar entre o final deste ano e o início do próximo.
No último ciclo, erupções máximas de X11 e X13 foram observadas em 2017 e isto poderá ocorrer nos próximos meses. Em agosto deste ano, o número de manchas solares já tinha aumentado tanto em número total por mês quanto em média diária. Este comportamento que está a ser observado no Sol mostra que a atividade solar está a aumentar a cada dia que passa.
O que esperar nos próximos dias?
Com a ejeção coronal do dia 1 de outubro e a possível ejeção coronal em direção à Terra do dia 3 de outubro, tudo indica que haverá auroras nos polos do planeta. Estimativas mostram que a ejeção do dia 1 chegará ao planeta entre os dias 3 e 5 causando auroras que atingirão até à parte norte dos Estados Unidos e boa parte da Europa e Ásia.
Redes de telecomunicações importantes para aviões e navios já tomarão os devidos cuidados nos próximos dias. Isto porque as duas tempestades solares que acontecerão poderão interferir em comunicações de rádio e outras frequência. Empresas que cuidam de satélites e telescópios que orbitam a Terra também já tomarão as providências para que tenha o mínimo de efeito.