Google financia sistema pioneiro de deteção de incêndios

É agora mais consensual que os incêndios florestais são eventos cada vez mais frequentes e violentos, com um potencial mais destrutivo. Felizmente, há um número progressivamente maior de cientistas a trabalhar em formas de prevenir e mitigar estes eventos. Fique a saber mais connosco!

Incêndios em Portugal.
Esta imagem, referente a Portugal, demonstra bem a violência dos incêndios florestais e o seu potencial destruidor. A investigação desenvolvida noutros países pode ajudar o nosso país a responder melhor a este tipo de eventos.

Uma parceria entre a School of Earth and Environmental Sciences da Universidade de Queensland (UQ), na Austrália e a Google.org, organização pertencente à gigante tecnológica que disponibiliza ferramentas para “resolver alguns dos maiores desafios da humanidade”, está a criar um avançado sistema de alerta e deteção de risco de incêndio florestal.

As alterações climáticas (...) são um fator (...) responsável pela ocorrência de eventos climáticos mais extremos, para os quais é preciso encontrar respostas mais rápidas e otimizadas.

Este tipo de monitorização é desenvolvida em tempo real e utiliza inteligência artificial (IA) de forma a obter resultados mais precisos. O Professor e investigador responsável por este projeto, Hamish McGowan, pretende, assim, utilizar a IA para rastrear o movimento das fagulhas e brasas que levam à progressão do incêndio, bem como fornecer previsões concisas sobre as áreas mais expostas ao perigo dos incêndios florestais.

O principal objetivo deste projeto passa por salvar propriedades, vidas humanas e, em última instância, o meio ambiente, através da criação de previsões mais precisas acerca do movimento dos incêndios florestais, fornecendo ainda alertas mais rápidos a todos os agentes de proteção civil. Tanto as comunidades potencialmente afetadas como os meios de emergência e socorro terão muito a ganhar com este tipo de abordagem.

Qual o papel do mecenas?

O papel da Google nesta investigação é tremendo: ajuda economicamente as entidades e os investigadores envolvidos neste trabalho, para além de disponibilizar mão de obra e horas de trabalho dos seus colaboradores de forma a que se envolvam também neste trabalho de investigação.

A doação de mais de 1 milhão de euros, até agora, permite que, por exemplo, os investigadores académicos consigam criar alertas para locais até cerca de 30 km da frente de fogo (e a favor do vento) e que seriam aparentemente seguras, mas que poderão estar fortemente ameaçadas pela ação das brasas que se deslocam pela ação do vento.

A Google fornece suporte à UQ, o que em última análise beneficiará todo o território australiano, numa primeira fase, e provavelmente outras áreas do planeta que sofrem cada vez mais com o flagelo dos incêndios, sejam florestais ou rurais. As novas soluções que utilizam a IA permitem otimizar a deteção, o combate e o rescaldo de um incêndio florestal, protegendo de forma mais ativa a fauna, a flora e as comunidades.

Outro enquadramento

Este tipo de investigação, com esta magnitude, surge dois anos após os mortíferos incêndios florestais de 2019/2020, um verão no Hemisfério Sul que ficou conhecido na Austrália como o “Verão Negro. Nesta época de incêndios, arderam mais de 186.000 km2 de terra, morreram 33 pessoas, arderam mais de 6000 edifícios, para além de ter forçado a deslocação (ou mesmo a morte) de mais de 3 biliões de animais selvagens.

É importante salientar neste ponto que o estado de Queensland foi um dos mais afetados durante este período, um dos que registou maior área ardida, mais evacuações e mais vítimas.

A comunidade científica apontou como principais responsáveis por esta situação dramática, as alterações climáticas. Este fator é responsável pela ocorrência de eventos climáticos mais extremos, para os quais é preciso encontrar respostas mais rápidas e otimizadas.

Para além das consequências diretas dos incêndios de 2019/2020, as consequências indiretas, que se prolongaram por um maior período de tempo, são indescritíveis: registaram-se pelo menos 429 mortes prematuras relacionadas com as espessas nuvens de fumo que cobriram vastas áreas da Austrália; foram ainda registados 3230 internamentos hospitalares por doenças respiratórias e cardiovasculares, para além de 1523 casos de atendimento nas urgências devido a asma.